Clivagem (mineralogia)
Clivagem, em mineralogia, é a tendência de minerais se romperem ao longo de planos paralelos. Estas superfícies são chamadas de "planos de clivagem" ou "superfícies de clivagem". A clivagem ocorre porque o mineral possui ligações entre os átomos mais fracas em direções específicas, fazendo com que o mineral quebre preferencialmente nestas direções.[1] A clivagem é uma importante propriedade diagnóstica de espécies minerais. O processo de clivagem, o qual é constante para cada mineral, pode dar-se de maneira natural ou por intervenção humana (como no caso da lapidação de gemas).
Apesar da clivagem em um mineral formar superfícies planas, nem todo superfície plana em um mineral é uma clivagem. Faces cristalinas podem ser planas, mas estas são formadas conforme o mineral cresce e não quando ele se rompe. O quartzo possui uma forma cristalina hexagonal e costuma crescer como prismas hexagonais com faces planas, porém quando quebrado o quartzo se rompe irregularmente e forma fraturas e não clivagens.
Descrição de clivagem
editarA clivagem de um mineral pode ser descrita de acordo com número de direções, hábito (forma) e qualidade.
Número de direções
editarClivagens podem ocorrer em diferentes quantidades de acordo com a espécie mineral e sua estrutura cristalina. Cada plano de clivagem em um cristal possui uma "direção". Esta direção significa os dois lados opostos da figura tridimensional que representa o cristal, ou seja, planos paralelos possuem a mesma direção de clivagem.
- sem clivagens, somente fraturas. Exemplos: Quartzo e olivina;
- uma direção. Exemplos: micas;
- duas direções. Exemplos: piroxênios e anfibólios;
- três direções. Exemplos: calcita e feldspatos;
- quatro ou mais direções. Exemplos: fluorita; esfalerita.
Hábito (forma)
editarA descrição dos tipos de clivagem se dá em termos cristalográficos relacionados à simetria. Assim, a clivagem é sempre consistente com a simetria da forma cristalina e pode ser descrita com base na forma em que diferentes planos de clivagem interagem entre si, de acordo com o número de direções de clivagem que o mineral possui:
- Clivagem basal: clivagem em um plano horizontal que forma a base do mineral, geralmente segmentando o mineral em lâminas ou folhas que podem ser destacadas, como é o caso de micas como a biotita.
- Clivagem pinacoidal: clivagem que ocorre no plano pinacoidal (plano perpendicular à dois eixos cristalográficos, ou seja, a base/topo de cristais prismáticos e tabulares), portanto costumam acompanhar outros tipos de clivagem; a barita possui uma das direções de clivagem como clivagem pinacoidal.
- Clivagem prismática: são clivagens em duas direções que são paralelas a um eixo e formam um prisma. As clivagens podem se encontrar tanto em 90º, como é característico de piroxênios, ou em ângulos distintos de 90º, como é o caso dos anfibólios, em que os planos de clivagem se encontram em ângulos de 60º e 120º.
- Clivagem cúbica: é definida por três direções de clivagem perpendiculares entre si formando um cubo. Exemplos: pirita, galena e halita.
- Clivagem romboédrica: é definida por três direções de clivagem que não são perpendiculares entre si, formando um romboedro. Exemplo: calcita.
- Clivagem octaédrica: é definida por quatro direções de clivagem, formando um octaedro. Exemplos: fluorita e diamante.
- Clivagem dodecaédrica: é definida por seis direções de clivagem, formando um dodecaedro. Exemplo: esfalerita.
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Biotita exibindo clivagem basal. É possível destacar "folhas" de biotita por conta da clivagem.
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Cristal de egirina (piroxênio) exibindo clivagem prismática.
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Cristal de halita com clivagem cúbica.
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Cristais de calcita com três direções de clivagem em ângulos diferentes de 90°, indicando clivagem romboédrica.
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Cristais de fluorita.
Qualidade
editarA qualidade de clivagens possui cinco categorias. A categorização da qualidade de uma clivagem é qualitativa e não quantitativa, portanto serve como referência para identificação mineral. Desta forma, as categorias podem ter variações de quantidade ou nome dependendo do guia e material.
- Perfeita: São planos de clivagem perfeitamente lisos sem qualquer aspereza e refletem bem a luz. Exemplos: micas e calcita.
- Boa: São planos de clivagem também lisos, porém com algumas irregularidades na superfície. Exemplos: feldspatos, piroxênios e anfibólios.
- Ruim: A superfície é predominantemente irregular, porém suficientemente contínua para ser reconhecida como plano de clivagem. Exemplos: estaurolita, scheelita e aragonita.
- Indistinta ou imperfeita: O plano de clivagem existe, porém é tão ruim e áspero que aparenta não possuir clivagem. Exemplo: berilo.
- Ausente, sem clivagem: Alguns minerais não possuem clivagem e costumam fraturar de forma desordenada. Exemplos: quartzo e granadas.
Notar que um mineral pode possuir diferentes qualidades de clivagem para cada direção.
Referências
- ↑ Klein, Cornelis (2007). The 23rd edition of the manual of mineral science : (after James D. Dana). Barbara Dutrow, James Dwight Dana, Cornelis Klein 23rd ed ed. Hoboken, N.J.: J. Wiley. OCLC 76798190