Combate de Torres Causana de 1904

O combate de Torres Causana o Solano foi um confronto armado travado em 28 de julho de 1904 entre tropas do Peru e do Equador na intersecção do rio Napo com o rio Aguarico.

Combate de Torres Causana de 1904
Conflito fronteiriço entre Peru e Equador

Cerimônia de hasteamento da bandeira nacional do Peru na Guarnição Peruana de Torres Causana após o confronto.
Data 28 de julho de 1904
Local Cabo Pantoja, margem entre o Rio Aguarico e o Rio Napo
Desfecho Vitoria do Peru
Beligerantes
Exército Peruano Equador Exército Equatoriano
Comandantes
May. Juan Chávez Valdivia
Tte. Óscar Mavila Ruiz
Equador Cnel. Vicente M. Bravo

Equador Tte. Cnel. Lauro Guerrero Becerra 

Equador Chefe departamental Carlos A. Rivadeneyra Rendição (militar)
Unidades
42 entre oficiais e soldados[1]
1 lancha chamada "Iquitos"
64 entre oficiais e soldados[2]
1 canhão Wilford
Baixas
2 soldados mortos[3]
28 soldados mortos[4]
2 prisioneiros
19 rifles Cropacher capturados, 1528 tiros, más de 800 tiros Winchester, 2 carabinas e toda a bagagem militar capturada[5]

Após o ataque de Angoteros ocorrido no ano anterior, o governo equatoriano reforçou sua guarnição militar no rio Aguarico e, posteriormente, o chefe do destacamento equatoriano notificou o então major Chávez Valdivia para desocupar Puerto Bolognesi ou Torres Causana "por se tratar de território equatoriano". Como consequência ocorre o ataque equatoriano; que foi rechaçado após duas horas de combate.[6]

Antecedentes

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No início do século XX, iniciou-se a exploração dos rios amazônicos e a delimitação das fronteiras por diversos oficiais da Marinha de Guerra do Peru. Desde meados de 1903, iniciaram-se litígios territoriais entre peruanos e equatorianos na região do rio Napo.[7]

Combate

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Após a batalha de Angoteros, as forças peruanas sob o comando de Juan Chávez Valdivia (promovido a Major), estabeleceram sua guarnição no setor denominado “Torres Causana”.

Em 28 de julho de 1904, a base foi atacada por tropas equatorianas bem armadas, que contavam até com duas peças de artilharia comandadas pelo coronel equatoriano Vicente M. Bravo. Após o sucesso inicial das forças equatorianas, os homens de Chávez Valdivia se recuperaram e contra-atacaram com êxito, até alcançarem a vitória, causando 28 baixas ao inimigo, fazendo prisioneiro o comissário militar Rivadeneira e adquirindo inúmeras armas, incluindo uma das peças de artilharia inimiga.[8]

O chefe militar das forças equatorianas, que morreu junto com 28 de seus homens, era o tenente-coronel Lauro Guerrero Becerra, já o Exército Peruano nesta operação que foi apoiada pelo fogo do barco Iquitos “lamentava as baixas do cabo Víctor Pantoja e do soldado Federico Tarazona”.[9]

Outro dos oficiais equatorianos foi Carlos A. Rivadeneyra, que foi enviado prisioneiro para Iquitos e declarou ao periódico La Voz de Loreto que a vitória peruana foi auxiliada pelo melhor conhecimento que suas tropas tinham do terreno e a superioridade do armamento, já que os fuzis equatorianos entregaram seus portadores por causa da fumaça e tinham balas de chumbo que se estilhaçavam contra as trincheiras adversárias. Além de Rivadeneyra, um soldado foi feito prisioneiro.[10]

Consequências

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A notícia do confronto de Torres Causana se espalhou de Iquitos a Manaus. Teria ocorrido uma viagem de barco durante nove dias, já que naquela época não havia serviço telegráfico entre as duas cidades. De Manaus pôde ser comunicado por telégrafo a Lima, onde foi recebido com vinte e três dias de atraso. Não havia linha de comunicação entre Iquitos e Lima; só foi inaugurada em 1908. Iquitos e Aguarico também não tinham ligação.

O ministro peruano em Quito, Mariano H. Cornejo, informou ao chanceler Valverde o ocorrido em nota datada de 20 de agosto. Valverde respondeu que não tinha nenhuma outra informação além da que a legação peruana forneceu. Tal como aconteceu com Porras, após o confronto de Angoteros surgiu uma vigorosa controvérsia histórico-jurídica entre os representantes dos dois países. Pelo ato assinado em Quito, ambos os países submeteram suas reivindicações mútuas ao comissário espanhol Regio.[11]

Referências

  1. «Historia de la república del Perú [1822-1933] - Tomo 12 ,Pág. 191» 
  2. «Siglo XX Evolución de una tragedia para vivir en Paz, Centro de esudios históricos del Ejército de Ecuador» 
  3. «Efemérides: 26 de junio de 1903 Combate de Angoteros - Frontera Perú Ecuador» 
  4. «La Justicia Militar en la Historia del Perú III, Fuero Militar Policial, pág. 381-382» 
  5. «Historia de la república del Perú [1822-1933] - Tomo 12 ,Pág. 191» 
  6. García Valdivieso, José. Dirección de Información de la Marina, ed. Perú y Ecuador, una difícil vecindad (em espanhol). Biblioteca Nacional: [s.n.] 
  7. «Combate Naval de Torres Causana» (em espanhol). p. Marina de Guerra del Perú 
  8. Alejandro Roosevelt Bravo Maxdeo (Fevereiro de 2019). «La Justicia Militar en la Historia del Perú, 3era parte» (em espanhol). Impresión Bio Partners S.A.C. 
  9. «Efemérides: 26 de Junio de 1903 Combate de Torres Causana - Frontera con Ecuador». 26 de junho de 2021. p. Centro de Estudios Histórico Militares del Perú 
  10. Basadre Grohmann, Jorge. «Tomo 12». Historia de la República del Perú (1822-1933). [S.l.]: Producciones Cantabria. pp. 190–191. ISBN 978-612-306-365-8 
  11. «Historia de la república del Perú [1822-1933]». Producciones Cantabria S.A.C. 2005. p. Tomo 12, Pág. 191