Complexo de espécies crípticas

Levando em conta o conceito biológico de espécie, temos que um complexo de espécies é obtido através de um grupo de organismos que possuem características morfológicas em comum e dividem os mesmos hábitos. Muitas das vezes, esse complexo de espécie pode ser formado por duas ou mais espécies se estudados a fundo. Essas espécies englobadas em apenas um complexo são chamadas também de espécies crípticas.

Espécies crípticas são duas ou mais espécies que morfologicamente falando são, frequentemente, indistinguíveis. Porém, geneticamente possuem uma grande diferença, sendo assim consideradas espécies diferentes. Podem ser diferenciadas também, ecologicamente, através de alguns comportamentos distintos.  

Em termos de taxonomia, espécies crípticas tiveram sua origem de um ancestral comum e passaram por um processo de especiação relativamente recente, possuindo hábitos semelhantes e muitas das vezes compartilhando nichos, além da semelhança morfológica, porém são isoladas reprodutivamente.

Alguns autores estimam que temos que 10 a 20% das espécies tradicionais definidas morfologicamente, que podem se tornar duas ou mais se analisadas com outros critérios, elevando a diversidade genética das espécies, um importante mecanismo evolutivo.[1]

Exemplos:

  • Três espécies de Lepidoptera (Papilionidae): P. protesilaus nigricornis (Staudinger, 1884), P. stenodesmus (Rothschild y Jordan, 1906) e P. helios (Rothschild y Jordan, 1906);
  • Cinco espécies de Diptera (Ceratitis): Ceratitis (Pterandrus) quilicii, Ceratitis (Ceratalaspis) pallidula, Ceratitis (Ceratalaspis) taitaensis, Ceratitis (Ceratalaspis) sawahilensis e Ceratitis (Ceratalaspis) flavipennata (Meyer, 2016);
  • Duas espécies de Hemíptera (Pseudococcidae): Planococcus minor (Maskell) e Planococcus citri (Risso).[2][3][4]

Referências

  1. Janzen, Daniel H.; Burns, John M.; Cong, Qian; Hallwachs, Winnie; Dapkey, Tanya; Manjunath, Ramya; Hajibabaei, Mehrdad; Hebert, Paul D. N.; Grishin, Nick V. (1 de agosto de 2017). «Nuclear genomes distinguish cryptic species suggested by their DNA barcodes and ecology». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês). 114 (31): 8313–8318. ISSN 0027-8424. PMID 28716927. doi:10.1073/pnas.1621504114 
  2. Meyer, Marc De; Mwatawala, Maulid; Copeland, Robert S.; Virgilio, Massimiliano (26 de setembro de 2016). «Description of new Ceratitis species (Diptera: Tephritidae) from Africa, or how morphological and DNA data are complementary in discovering unknown species and matching sexes». European Journal of Taxonomy (em inglês). 0 (233). ISSN 2118-9773. doi:10.5852/ejt.2016.233 
  3. Murillo-Hiller, Luis Ricardo (junho de 2007). «Un método para la identificación de tres especies crípticas de Protesilaus, (Lepidoptera: Papilionidae) del sur de Brasil, basado en su morfología genital». Revista de Biología Tropical (em espanhol). 55 (2): 665–671. ISSN 0034-7744 
  4. Sousa, Ana Luiza Viana de; Souza, Brígida; Santa-Cecília, Lenira Viana Costa; Prado, Ernesto (setembro de 2012). «Especificidade alimentar: em busca de um caráter taxonômico para a diferenciação de duas espécies crípticas de cochonilhas do gênero Planococcus (Hemíptera: Pseudococcidae)». Revista Brasileira de Fruticultura. 34 (3): 744–749. ISSN 0100-2945. doi:10.1590/S0100-29452012000300013 
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