Comunidades judaicas de Portugal
As raízes dos judeus em Portugal são muito anteriores à formação da nacionalidade. Quando D. Afonso Henriques obteve o reconhecimento do seu reino independente, em 1143, já viviam judeus na Península Ibérica há, pelo menos, um milénio.[1] Os judeus diferenciavam-se dos outros povos por se considerarem sempre uma nação no exílio, cujo anelo milenário era o retorno à sua Terra, sem ambições territoriais onde quer que encontravam asilo. Só contribuindo para a prosperidade dos seus anfitriões podiam assegurar o bom acolhimento.[carece de fontes]
Porém, o acolhimento nem sempre foi o melhor. Com o édito de D. Manuel (1496) e o estabelecimento oficial da inquisição instalaram-se longos séculos de intolerância e preconceito, que levaram à quase destruição do judaísmo e dos judeus em Portugal.[2] Só no século XX se instalaram novamente em Portugal, de forma organizada, comunidades judaicas.[carece de fontes]
Comunidades Judaicas
editarNota: Como antes de 1948 não existia Estado de Israel, judeu e israelita eram sinónimos, por isso muitas comunidades optaram pela palavra "Israelita" em vez de "Judaica".
Lisboa
editarA Comunidade Israelita de Lisboa foi reconhecida oficialmente em 1913. Congrega os judeus da Grande Lisboa. A sua sede encontra-se na Avenida Alexandre Herculano, n.º 59, em Lisboa. Aí está edificada a Sinagoga Shaaré Tikva (Portas da Esperança). Segundo o site oficial da Comunidade Israelita de Lisboa, são objectivos da Comunidade promover a educação religiosa das novas gerações nos valores do Judaísmo, angariar novos membros e reforçar o envolvimento da mesma no meio e no país, dialogando e interagindo com as autoridades e instituições civis e religiosas.
Entre 2004 e 2012 existiu também uma vibrante comunidade de judaismo conservador (Masorti) - Kehilat Beit Israel. Esta comunidade ofereceu uma forma inovadora de encarar o judaismo, as mulheres foram contadas para Minyan e serviu de ponte entre a velha comunidade e o mundo exterior. Devido à crise económica e à emigração a comunidade foi desmantelada.
A Sinagoga Ohel Jacob (“Tenda de Jacob”) – a única askenazi em Portugal - caracterizada pela sua abertura ao exterior, tolerância e compreensão para com judeus de todas as origens, em especial a integração dos descendentes de marranos – ou b’nei anussim –, filhos dos “forçados” em busca das suas raízes e identidade judaicas. A Sinagoga Ohel Jacob segue as interpretações do Judaísmo Progressista, igualitário e inclusivo.[carece de fontes]
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Porto
editarA história da sinagoga Kadoorie está intrinsecamente ligada à história do seu fundador, capitão Artur Barros Basto, um oficial do exército português convertido ao Judaísmo e que se tornou um importante líder comunitário.
Tendo montado a sua vida no Porto, em 1921, o capitão tratou logo de reunir cerca de vinte judeus asquenazim naturais da Lituânia, Polónia, Alemanha e Rússia, recém chegados à cidade e que viviam do comércio. Estes não possuíam sinagoga, não estavam organizados e tinham que se deslocar a Lisboa sempre que, por motivos religiosos, era necessário.
Em 1923, foi registada oficialmente no Governo Civil do Porto a Comunidade Israelita do Porto. Da mesma faziam parte o capitão Barros Basto e as famílias asquenazim. O actual edifício da sinagoga só começaria a ser construído alguns anos mais tarde, mas a comunidade organizou-se e arrendou provisoriamente uma casa, na Rua Elias Garcia, que passou a funcionar como sinagoga.
Em 1929, com o objectivo de tentar converter para o judaísmo oficial os marranos que existiam em Trás-os-Montes e nas Beiras, Barros Basto reuniu fundos que lhe permitiram comprar um terreno na Rua de Guerra Junqueiro, onde a grande sinagoga Kadoorie Mekor Haim viria a ser construída. Foi então entregue na Câmara Municipal do Porto um requerimento para a obtenção do licenciamento necessário para início da obra e, poucas semanas mais tarde, foi colocada a primeira pedra e a construção iniciada.
A obra decorreu lentamente até 1933, devido aos elevados custos e aos fundos limitados do seu fundador e da comunidade, apesar de todo o apoio monetário então prestado pelo Comité dos Judeus Hispano-Portugueses em Londres.
Uns anos antes, em 1919, havia falecido, em Shangai, Laura Kadoorie, a esposa do filantropo judeu de origem iraquiana, Sir Elly Kadoorie, e os seus filhos Lawrence e Horace decidiram homenagear a mãe, descendente de judeus portugueses que abandonaram o país devido à Inquisição. Essa homenagem foi materializada no apoio monetário da família à construção de grande parte da Sinagoga do Porto, que passou assim a chamar-se “Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim". “Kadoorie” em homenagem à referida família. “Mekor Haim" - o nome que o capitão Barros Basto já lhe tinha dado previamente. A sinagoga teve sempre um pequeno número de membros e, durante grande parte do século XX, esteve entregue a famílias da Europa Central e de Leste (Roskin, Kniskinsky, Finkelstein, Cymerman, Pressman e outras), que casaram entre si.
Segundo o blog oficial da comunidade, esta inclui cerca de 500 judeus originários de mais de trinta países e reúne em torno da mesma mesa todos os padrões e graus de observância do judaísmo.
Nos anos mais recentes, os membros da comunidade conectaram a organização ao resto do mundo judaico, escreveram as regras da Comunidade, restauraram o edifício da sinagoga, organizaram departamentos e criaram as condições necessárias para a vida judaica florescer novamente no Porto.
A organização possui um tribunal rabínico, dois rabinos oficiais, estruturas para kashrut, oferece cursos a professores para combater o anti-semitismo , e tem um museu, um cinema, filmes sobre sua história e protocolos de cooperação com o Estado Português, a Embaixada de Israel em Portugal, a B'nai B'rith International, a Liga Anti-Difamação, a Keren Hayesod, a Chabad Lubavitch, a Diocese do Porto e a comunidade muçulmana do Porto.
Em janeiro de 2019, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou a Sinagoga do Porto, onde assistiu à celebração do Cabalat Shabat, após a qual usou da palavra. À chegada, o Chefe de Estado foi recebido pelo Presidente da Comunidade Judaica do Porto, Dias Ben Zion, e pelo Rabino-Chefe, Daniel Litvak.
Em Setembro de 2020, a Comunidade Judaica do Porto foi recebida pelo Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, nos Paços do Concelho. O autarca deu as boas-vindas à Direção de uma comunidade em franco crescimento e rejuvenescimento na cidade, e que representa cerca 500 judeus, oriundos de mais de 30 países.[carece de fontes]
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Belmonte
editarA Comunidade Judaica de Belmonte foi reconhecida oficialmente em 1989. Congrega os judeus de Belmonte e arredores. A sua sede encontra-se na Rua Fonte Rosa, 6250-041, Belmonte. Aí está edificada a Sinagoga Beit Eliahu (Casa de Elias). Segundo o blogue oficial da Comunidade Judaica de Belmonte, esta é a única comunidade de Portugal que se pode considerar realmente portuguesa. Os seus membros são descendentes de cristãos-novos que durante toda a época da inquisição conseguiram preservar muitos dos ritos, orações e relações sociais, casando-se entre si no seio de poucas famílias.[carece de fontes]
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