Concílio de Sirmio
Concílio de Sirmio geralmente se refere ao terceiro dos quatro concílios regionais realizados na cidade romana de Sirmio entre 347 e 359. O terceiro concílio marcou um acordo de compromisso temporário entre o Arianismo e os bispos ocidentais da Igreja. Ao menos dois dos demais concílios também lidaram primordialmente com a controvérsia ariana. Todos eles foram realizados sob o reinado do imperador romano Constâncio II, que era simpático ao arianismo.
Pano de fundo
editarO arianismo foi proposto inicialmente no início do século IV pelo presbítero de Alexandria, Ário. Ele propunha que Deus era o único ser não criado e imutável. Consequentemente, Cristo não poderia ser Deus. Os oponentes do arianismo, liderados por Atanásio de Alexandria, alegavam que esta doutrina reduzia Jesus à condição de semideus, restaurando assim o politeísmo, uma vez que Ário propunha que ele continuasse a ser idolatrado. Além disso, a doutrina ariana minava a ideia de redenção, pois apenas o Deus verdadeiro é que poderia reconciliar o homem com Deus.
O Primeiro Concílio de Niceia (325) pareceu ter resolvido o assunto, condenando Ário e sua teologia e publicando o credo de Niceia, que afirma que o Filho é "da mesma substância do Pai" (consubstantiálem Patri em latim; homoousion em grego). Porém, os arianos fizeram um grande esforço para retornar para Igreja e para restaurar suas crenças após 325, o que provocou uma prolongada disputa teológica.
Concílios de Sirmio
editarPrimeiro Concílio (347)
editarConstantino morreu em 337, deixando Constâncio II, que preferia o arianismo, como imperador do oriente e Constante I, que favorecia o credo de Niceia, como imperador do ocidente. O Concílio de Antioquia (341) emitiu uma afirmação de fé que excluía a cláusula homoousiana. Já o Concílio de Sárdica (342) pouco avançou a discussão. Constâncio, que moravam em Sirmio, chamou então o primeiro Concílio de Sirmio, em 347. Ele opôs Fotino, o bispo de Sirmio, um antiariano que tinha uma crença similar à de Marcelo de Ancira (uma versão extremada do sabelianismo).
Em 350, Constâncio se tornou o único imperador, tanto no oriente quanto no ocidente, levando a um reforço temporário ao arianismo.
Segundo Concílio (351)
editarNo segundo concílio de Sirmio (351), Basílio de Ancira, bispo de Ancira (atual Ancara) e líder dos semi-arianos, depôs Fotino. Os semi-arianos acreditavam que o Filho seria uma "substância similar" (homoiousia) à do Pai. Sirmio II também rascunhou a sexta confissão ariana, que era uma versão expandida da quarta confissão e mais consistente com a força então conseguida pelos semi-arianos.
Terceiro Concílio (357)
editarMais dois concílios foram realizados, ambos condenando Atanásio: o Concílio de Arles (353) e o Concílio de Milão (355). Em 356, Atanásio iniciou seu terceiro período de exílio e Jorge de Laodiceia foi nomeado bispo de Alexandria. O terceiro concílio de Sirmio (357) foi o ápice do arianismo. A sétima confissão ariana (segunda confissão de Sirmio) sustentava que tanto a forma homoousia ("da mesma substância") quanto homoiousia ("de substância similar") eram não-bíblicas e que o Pai seria maior que o Filho (esta confissão ficou infame como Blasfêmia de Sirmio).
Quarto Concílio (358)
editarO Concílio de Ancira (358), comandado por Basílio, emitiu uma declaração utilizando o termo homoousios. Mas o quarto concílio de Sirmio, no mesmo ano, propôs uma forma conciliadora muito vaga: o credo proposto dizia apenas que o Filho era homoios ("como") o Pai.
Teoria recente
editarT.D. Barnes sugere que a única referência existente ao "primeiro concílio de Sirmio" é, na verdade, uma referência com data incorreta ao segundo concílio, em 351. Ele então propõe que os concílios de 357 e 358 foram constituídos por apenas um punhado de participantes e não seriam, de fato, concílios. Após examinar os documentos primários, ele conclui: "Somando tudo, o único concílio de Sirmio formal e bem comprovado durante o reinado de Constâncio foi o de 351, que condenou Atanásio, Marcelo e Fotino, além de promulgar um credo que foi subsequentemente apresentado aos concílios de Arles e Milão" [1].
Ver também
editarReferências
- ↑ Athanasius and Constantius: Theology and Politics in the Constantinian Empire (em inglês). Cambridge, Mass: Harvard University Press. 1993. pp. 231–32
Ligações externas
editar- "Arianism" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
- "Semi-Arianism" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
- Anthony F. Beavers. «Chronology of the Arian controversy» (em inglês). Consultado em 29 de novembro de 2010
- «Chronological life of St. Athanasius» (em inglês). Christian Classics Ethereal Library. Consultado em 29 de novembro de 2010
- «Second Sirmium Confession». The Ecole Initiative. língua = inglês. Consultado em 29 de novembro de 2010. Arquivado do original em 1 de julho de 2015