Conde de Gabalis trata-se de uma obra clássica francesa, sobre elementais, do séc. XVII, uma espécie de romance ocultista, com comentários místicos. A misteriosa obra, incorporada à tradição ocidental, foi publicada anonimamente em 1670 e, posteriormente, foi atribuída ao abade Montfaucon de Villars (1635-1673).[1]

O Conde de Gabalis, os segredos dos elementais
Conde de Gabalis
O Cavaleiro Polonês. Pintura de Rembrandt representativa do Conde de Gabalis.
Autor(es) Henri de Montfaucon de Villars
Idioma língua francesa
País Paris,  França
Editora Rosicrucian Society
Lançamento 1670
Páginas 218
Edição portuguesa
ISBN ISBN: 1-59605-391-7

Sobre a obra

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No texto ocultista, o "Conde de Gabalis" ("Conde da Cabala"), explica os mistérios do mundo ao autor.[2] A Obra teve sua primeira aparição em Paris, em 1670, quando foi publicada anonimamente, embora a identidade do autor fosse conhecida. O título original, publicado por Claude Barbin recebeu o título de Le Comte de Gabalis, ou Entretiens sur les sciences secrètes (O Conde da Cabala, ou Diálogos sobre as Ciências Secretas). O autor de o “Conde” atribui os oráculos aos espíritos elementais e diz que, antes de Cristo, estes elementais aconselhavam aos homens e os instruíam sobre a natureza divina e que se retiraram quando chegou o próprio Deus (Cristo).[3]

Sobre a influência

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O livro foi amplamente lido na França e no exterior e tornou-se uma fonte de inspiração para muitos dos "seres maravilhosos" que, em seguida, povoariam a literatura européia.[4] Um destes exemplos ficou a cargo de Alexandre Dumas que, em seu romance "O Colar da Rainha", citando o Conde de Gabalis, fala da inocência dos silfos em tempos remotos.[5] Já as salamandras, [nota 1] por serem espíritos de natureza ígnea, só habitavam lugares quentes.[6] Além de Alexandre Dumas, dentre os leitores franceses, podemos citar, entre outros, Charles Baudelaire [7] e Anatole France – que dele se serviu para o seu "No Signo da Rainha com Pés de Ganso" (1892).[8] [nota 2] Na literatura espanhola podemos citar Dom Mario Roso de Luna e entre os russos, o compositor Sergei Prokofiev, em uma citação à sua ópera póstuma "O Anjo de Fogo" [10] Na literatura inglesa este livro influenciou Alexander Pope, de cujo texto serviu-se para criar as sílfides "The Rape of the Lock" (1714), e em alemão, foi uma fonte provável para a novela "Ondina" de Friedrich de la Motte Fouqué.[4] Tempos mais tarde ele foi considerado, por alguns, como uma sátira da filosofia ocultista, mais precisamente aos escritos de Gauthier de Costes, senhor de La Calprenède (à época um escritor francês popular), ao qual o autor de o “Conde de Gabalis” teria acrescentado um tanto de filosofia e misticismo, embora em seu tempo tenha sido levado a sério por muitos leitores.[4] [11][12] O fato é que o livro tornou-se uma importante fonte de informação sobre esoterismo, hermetismo e ocultismo, assim muitos autores posteriores, além dos já citados, o consideraram como sendo uma fonte séria. Entre estes podemos incluir Edward Bulwer-Lytton (1803-1873), que o cita em sua famosa obra “Zanoni”, e proeminentes escritores ocultistas como Paracelso, que o cita em relação à “percepção espiritual do homem”, Eliphas Levi, Helena Blavatsky, e M.P Hall.[13] [nota 3] A esta relação também se incluem Ezra Pound e William Butler Yeats que, no transcurso do inverno de 1913, em Sussex, dedicaram-se à leitura de a “História da magia de Ennemose”, do Conde de Gabalis e dos “Cadernos de Ernest Fenollosa”.[15]

Notas

  1. Segundo os preceitos herméticos e, conforme atesta o “Conde de Gabalis”, os quatro elementos são habitados por elementais denominados de silfos, gnomos, ninfas e salamandras e que qualquer pessoa pode desfrutar de sua companhia sob a condição de uma castidade inviolável. – O Conde de Gabalis na Enciclopedia.com.
  2. Refutando os escritos de Anatole France, Dom Mario Roso de Luna, escreveu as “Aberrações psíquicas do sexo”, atestando que este não interpretara corretamente a célebre obra do conde de Gabalis e que esta má interpretação poderia tornar-se “...prejudicial à saúde e à evolução física e psicomental da Humanidade” – “O Tibete e a Teosofia”, testamento teosófico de Mário Roso de Luna [9]
  3. Este casamento predito pelo Conde de Gabalis, ocorreria entre seres humanos e certa classe de elementais, uma espécie de concepção imaculada e de onde surgiriam os “humanos superdotados” (ou semideuses).[14]

Referências

  1. Madame Blavatsky: A mãe da espiritualidade moderna. Gary Lachman
  2. “Revista Popular” - Jornal ilustrado - Tomo IV, outubro de 1859
  3. ”Eu sei tudo, Magazine mensal ilustrado” (RJ) N. 157, junho de 1930
  4. a b c Seeber, Edward D. (1944). «Silfos e outros seres elementais da literatura francesa desde O Conde de Gabalis (1670)». Publicações da Associação da Linguagem Moderna. 59 (1): 71–83. JSTOR 458845 
  5. Jornal “Diário de Notícias” (RJ), de 13 de agosto de 1888
  6. Jornal “Correio Paulistano” (SP), de 2 de novembro de 1915 - Múcio Teixeira e o Ocultismo - II - Os oráculos
  7. Eigeldinger, Marc (1969). «Baudelaire e "O Conde de Gabalis"». Revista de História literária da França. 69 (6): 1020–21. JSTOR 40523636 
  8. Blondheim, D. S. (1918). «Notas sobre as fontes de Anatole France». A linguagem moderna revista. 13 (3): 333–34. JSTOR 3714242 
  9. Revista “A Cigarra” (SP), de novembro de 1952
  10. ”Jornal do Brasil” (RJ), de 14 de abril de 1957
  11. Veenstra, Jan R. (2013). «Espíritos paracelsianos em "Rape of the Lock" de Pope». In: Olsen, Karin E.; Veenstra, Jan R. Airy Nothings: Imaginando o Outro Mundo das Fadas desde a Idade Média até a Era da Razão: Ensaios em Honra de Alasdair A. MacDonald. [S.l.]: BRILL. pp. 213–240. ISBN 978-90-04-25823-5 
  12. “Correio das Modas”, Jornal Crítico e Literário: Das Modas, Bailes, Teatros, Etc. (RJ), de 16 de agosto de 1840 – artigo “Os Sonhos”
  13. Nagel, Alexandra H.M. (2007). Casamento entre os elementais do Conde de Gabalis num ritual da Golden Dawn. 🔗. [S.l.: s.n.] pp. 52–53 
  14. ”Jornal dos Sports” (RJ), de 14 de abril de 1967
  15. ”Jornal do Brasil” (RJ), Ano CI, N.º 304, de 8 de fevereiro de 1992

Bibliografia

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  • A conspiração dos abandonados: contos neogóticos. António de Macedo. Zéfiro, 2007 - 221 páginas
  • Annali - Sezione romanza, Volume 32,Edição 2. Istituto universitário oriental., 1990

Ligações externas

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  1. Jornal "O Liberal Pernambucano" (PE), de 17 de novembro de 1854