Confederação Geral do Trabalho (Espanha)
A Confederação Geral do Trabalho (CGT) é um sindicato anarcossindicalista da Espanha fundado em 1979 como resultado de uma cisão entre facções da Confederação Nacional do Trabalho devido às suas diferenças de posição sobre o processo de reorganização e reestruturação de organizações sindicais em 1977 durante a redemocratização da Espanha. De 1979 até 1989 teve nomes como CNT-Renovada, CNT-Congreso de Valencia ou simplesmente CNT, mas não CNT-AIT (eliminando a sigla de Associação Internacional de Trabalhadores). Em 1989, adotou o nome atual após a perda do direito à sigla CNT em uma disputa jurídica.[1]
Confederação Geral do Trabalho (CGT) | |
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Confederación General del Trabajo | |
Fundação | 27 de julho de 1980 (44 anos) como CNT-Congreso de Valencia |
Área de atividade | Espanha |
Ideologia | anarcossindicalismo |
Espectro político | Extrema esquerda |
Parte de | Coordinadora roja y negra |
Tamanho | Entre 85.000 e 100.000 |
Aliados | Confederación Nacional del Trabajo |
Cor(es) | Vermelho |
Bandeira | |
Sítio oficial | http://www.cgt.org.es/ |
A CGT tinha entre 85.000[2] e 100.000[3] membros em 2018, sendo então o quinto maior sindicato do país. Além disso, à diferença da CNT, a CGT participa das eleições sindicais e pode vir a dirigir comitês de empresa.[4] Incluídos os comitês de empresa que dirige, a CGT representa alguns milhares de trabalhadores além de seus filiados.
História
editarApós a morte de Francisco Franco e início da Transição Espanhola, o movimento anarquista espanhol começou a recuperar da longa repressão que o levou a uma existência mínima no exílio. A Confederação Nacional do Trabalho, organização anarcossindicalista histórica, cresceu rapidamente, alcançando centenas de milhares de membros em poucos meses. Em 1977, embora a CNT não tivesse a popularidade que tinha em 1936, o movimento anarcossindicalista passava por uma agitação renovada na nova Espanha pós-Franco. Houve comícios, convocatórias e debates festivos. Em muitos casos, a CNT servia de alternativa para grupos de trabalhadores que não aceitaram as posições moderadas da CC.OO e UGT e sua subordinação aos partidos aos quais eram ligados (respectivamente, o PCE e o PSOE).
A desaceleração do desenvolvimento da CNT começou a ocorrer em meados de 1978, e continuou esta trajetória ao longo de 1979 até ao V Congreso de CNT, realizado na Casa de Campo em Madrid. As causas da desaceleração, segundo os membros da CGT, foram o dogmatismo ideológico dentro da organização que excluía novos simpatizantes, as atitudes contraculturais de alguns setores do sindicato que prejudicaram a sua imagem entre os trabalhadores, a imagem de simpatizantes do terrorismo que a mídia governamental especialmente desde o Caso Scala, e a infiltração de informantes e policiais.[5]
No Congresso de 1979 houve um forte enfrentamento entre duas facções do sindicato quanto à participação nas eleições sindicais: o sector a favor da participação abandonou o congresso, denunciando o clima de violência e falta de liberdade de expressão, e posteriormente estabeleceu seu próprio congresso. Dalí até 1989, existiram duas CNTs. A organização recém-criada foi conhecida como CNT Congreso de Valencia devido à realização de um congresso alternativo "extraordinário" ao de Madrid, dessa vez em Valência. Em 1983, a CNT (que em 1980 aderiu à AIT), sofreu uma nova cisão após os congressos de Barcelona e Torrejón de Ardoz, novamente graças à disputa em relação às eleições sindicais; Este grupo juntou-se ao CNT Congreso de Valencia para formar a uma organização só. A esse ponto, as duas CNTs passaram a ser diferenciadas como "CNT Renovada" e "CNT Histórica." Ao longo dos anos 1980, a CNT Renovada tornou-se maior que a CNT Histórica. Em 1989, as duas CNTs disputaram judicialmente a posse do nome histórico da CNT, com a facção anti-eleições sindicais prevalecendo, e a facção "Renovada" sendo obrigada a adotar um novo nome.[6] Em 1990, uma facção dentro da CGT, mais radical que a facção majoritária, porém menos radical que a CNT, se separou do novo sindicato para formar a Solidaridad Obrera[7]
Em 2023, a CGT, CNT-CIT e a Solidaridad Obrera firmaram um acordo histórico para a unidade de ação, visando superar as diferenças táticas e unir o campo anarcossindicalista.[8] Além disso, tanto a CGT quanto a Solidaridad Obrera participam da organização europeia Coordinadora Roja y Negra.[9]
Semelhanças e diferenças em relação à CNT
editarA CGT e a CNT seguem sendo organizações muito similares em uma série de aspectos. Ambas reivindicam o anarcossindicalismo e a herança da CNT histórica, incluindo alguns de seus símbolos (ambas tem ¡A Las Barricadas! como hino, por exemplo), ambas são organizadas em torno do Federalismo libertário, e ambas tem como central para suas ações a defesa da autogestão e da ação direta. Apesar disso, e além da diferença de tamanho e mínima diferença na estrutura organizacional, as duas mantém certas distinções fundamentais:[4]
Participação nas eleições sindicais e nos comitês de empresa
editarAs seções sindicais da CGT participam das eleições sindicais e podem integrar os comitês de empresa. Os delegados sindicais que formem parte dos comitês de empresa gozam de certos privilégios na Espanha, como a proteção de demissão e a possibilidade de parar de trabalhar para se dedicar a tarefas "estritamente sindicais" (se tornando um liberado sindical).[10] As seções sindicais da CNT não participam das eleições e comitês, e se representam de forma autônoma. Ademais, se opõe à figura do liberado sindical, exigindo que seus delegados e lideranças sigam trabalhando ao mesmo tempo que engajam em atividades sindicais.
Subvenções
editarA CGT recebe uma certa quantia de dinheiro do Estado na forma de subvenções em função do número de delegados obtidos nas eleições sindicais. A CNT, por não participar nas eleições sindicais, não é elegível para receber as subvenções. Além disso, vê na recepção de subvenções uma colaboração com o Estado e uma perda de autonomia. A CNT é financiada quase exclusivamente por seus próprios membros.
Ver também
editarLigações externas
editarReferências
- ↑ País, El (10 de abril de 1989). «La CNT renovada adopta de forma provisional las siglas CGT». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ «Los sindicatos recuperan afiliados por segundo año consecutivo». Expansión.com (em espanhol). 4 de fevereiro de 2018. Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ Pascual, Alfredo (25 de março de 2018). «Del 8M a Amazon: CNT y CGT resucitan a costa de los dinosaurios sindicales». elconfidencial.com (em espanhol). Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ a b «Diferencias entre CNT y CGT». CNT València (em espanhol). 1 de outubro de 2012. Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ «Interview with a CGT member about the union, 1998 | libcom.org». libcom.org (em inglês). Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ «1979-1989: el proceso escisionista y la CGT». CNT València (em espanhol). 9 de março de 2011. Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ «Solidaridad Obrera: another way of understanding anarcho-syndicalism | libcom.org». libcom.org (em inglês). Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ «CGT, CNT y Solidaridad Obrera: Acuerdo para la unidad de acción. Un paso histórico para el anarcosindicalismo. - CGT - Confederal». cgt.org.es (em espanhol). Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ «Resoluciones de la Coordinadora Roja y Negra - CGT - Confederal». cgt.org.es (em espanhol). Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ conceptosjuridicos.com (19 de julho de 2023). «Liberado sindical: qué es y qué ventajas ofrece». Conceptos Jurídicos (em espanhol). Consultado em 13 de setembro de 2023