Coro do teatro grego (em grego: χορός, khoros) é um grupo homogéneo, não-individualizado de artistas das peças de teatro da Grécia clássica, que comentam com uma voz coletiva a ação dramática que está a decorrer.[1] O coro consistia de 12 a 50 artistas, que de formas variadas dançavam, cantavam ou diziam as suas falas em uníssono e às vezes usavam máscaras.

Jarro com pintura de um coro de caminhantes com andas

Etimologia

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O historiador H. D. F. Kitto argumenta que a própria palavra "coro" nos dá indicação sobre a sua função nas peças de teatro da Grécia antiga: "O verbo grego choreuo, eu sou um membro do coro, tem o sentido de 'eu danço'. A palavra ode não significa algo que seja recitado ou declamado, mas “uma música”. A orquestra, na qual um coro actuava é, literalmente, uma pista de dança".[2] A partir daqui, pode-se inferir que o coro dançava e cantava poesia.

Função dramática

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As peças do Teatro na Grécia Antiga incluíam sempre um Coro que dava uma variedade de informações de enquadramento e resumos para ajudar o público a acompanhar o espectáculo. Comentavam assuntos e, como August Wilhelm Schlegel propôs no início do século XIX na controvérsia subsequente, demonstravam como o público devia reagir ao drama.[3] Em muitas destas peças, o coro transmitia ao público o que os personagens principais não poderiam dizer, como os seus medos ocultos ou segredos. O Coro muitas vezes fornecia aos outros personagens o esclarecimento que eles precisavam.

Alguns historiadores argumentam que o coro era considerado ele próprio como um ator.[4] Os estudiosos têm considerado Sófocles como superior a Eurípides na escrita sobre coros. Dos dois, Sófocles também ganhou mais concursos dramáticos. As suas passagens do coro eram mais relevantes para a trama e mais integradas nas tragédias, enquanto os coros de Eurípides parecem pouco ter a ver com o enredo e eram muitas vezes espectadores.[5] Aristóteles afirmou na sua Poética:

O coro também deve ser considerado como um dos atores; deve ser parte integrante do todo e parte na acção, não na forma de Eurípedes, mas na de Sófocles.[6]

O Coro representa, no palco, a população em geral da história específica, em contraste com muitos dos temas das peças gregas antigas que tendiam a ser sobre heróis, deuses e deusas individuais. Muitas vezes eram do mesmo sexo da personagem principal.[4] No Agamenon de Ésquilo, o Coro é composto pelos homens idosos de Argos, enquanto que em As Bacantes de Eurípides são um grupo de bacantes orientais e na Electra de Sófocles o Coro representa as mulheres de Argos. No entanto, as falas eram ditas por homens. Em As Euménides de Ésquilo, no entanto, o Coro representa um bando de Fúrias vingadoras.

Estrutura do coro e dimensão

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Os versos das falas dos Coros provam que eram cantados.[2] A estrutura silábica normal tem sons longos que são duas vezes o comprimento dos sons curtos. No entanto, algumas líricas das odes gregas têm sílabas longas que são iguais a 3, 4 e 5 sílabas mais curtas. As palavras faladas não podem fazer isso, sugerindo que se tratava de um ritmo cantado e dançado.

Originalmente o Coro constava de cinquenta membros, mas alguns dramaturgos mais tarde alteraram o tamanho. Ésquilo parece ter reduzido o número para doze, e Sófocles aumentou-o de novo para quinze.[5] Eurípedes e Sófocles usaram quinze membros nas tragédias.[7] Havia vinte e quatro membros nas comédias.[8]

Encenação

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O Coro ficava na orquestra[5] e actuava usando várias técnicas incluindo cantar, dançar, falar e agir.[8] Há provas de que havia fortes componentes rítmicos nas suas falas.[2]

O Coro comunicava frequentemente sob forma de canção, mas às vezes dizia as suas falas em uníssono. O coro tinha que actuar em uníssono para ajudar a explicar a peça porque havia apenas de um a três actores no palco que participavam em várias cenas cada um. Como os teatro gregos eram muito grandes, as acções do Coro tinham que ser aumentadas e as suas vozes claras para que todos as pudessem ver e ouvir. Para fazer isso, usavam técnicas como a sincronização, o eco, a ondulação, a mímica e máscaras para os ajudar. Um Coro grego era muitas vezes liderado por um Corifeu. Também serviam como o equivalente antigo de uma cortina, pois o seu parodos (procissão de entrada) significava o início de uma peça e o seu exodo (procissão de saída) funcionava como o correr das cortinas.

Declínio na antiguidade

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Antes da introdução por Ésquilo de múltiplos atores interagindo, o coro grego foi o principal interveniente face a um actor solitário.[9][10] A importância do coro declinou após o século V a.C., quando o coro começou a ser separado da acção dramática. Os dramaturgos posteriores dependiam do coro menos do que os seus antecessores. Dado que o diálogo e a caracterização se tornaram mais importantes, o coro aparecia menos.[4] No entanto, o historiador Alan Hughes argumenta que não houve qualquer declínio, mas antes a lenta dissolução de uma forma numa outra:

No seu melhor, tinham-se tornado arte performativa, misturando música, letra e dança, executada por aprimorados choreutai e acompanhados por músicos distintos. Ou seja, nem melhoria nem declínio: é simplesmente mudança.[11]

Coros modernos; Wagner

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O teatro musical e a grande ópera incorporam por vezes um coro cantante que teem uma finalidade similar à do coro grego, como referem Rodgers e Hammerstein: "O coro cantante é usado frequentemente para interpretar as reacções mentais e emocionais dos personagens principais, à maneira de um coro grego."[12]

No renascimento italiano, houve um interesse renovado no teatro da Grécia antiga. A Camerata Fiorentina elaborou as primeiras óperas saídas dos intermezzi que funcionavam como alívio cómico ou musical face aos dramas da época. Estes eram baseados inteiramente no coro grego, como argumenta o historiador H.C. Montgomery.[4]

Richard Wagner analisou o teatro grego e o coro grego amplamente nos seus escritos, incluindo Die Kunst und die Revolution (A Arte e a Revolução). A sua obra mais extensa, Der Ring des Nibelungen (O Anel do Nibelungo), composta por quatro óperas, baseia-se no estilo de Oresteia, de Ésquilo, com semelhanças no ritmo e na estrutura geral (as óperas que compõem O Anel têm três partes, com excepção da primeira, O Ouro do Reno).[4] Wagner disse de si mesmo:

A história deu-me um modelo também para essa relação ideal do teatro com o público que eu tinha em mente. Encontrei-o no teatro da Atenas Antiga.

Referências

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  1. Pavis (1998), p. 53
  2. a b c Kitto, H.D.F. (Março de 1956). «The Greek Chorus». Educational Theatre Journal. 8 (1): 1–8. JSTOR 3203909. doi:10.2307/3203909 
  3. Schlegel, August Wilhelm. 1846. Vorlesungen über dramatische Kunst und Literatur 1. traduzido por John Black sob o título Course of Lectures on Dramatic Art and Litereature (Londres, 1846; Nova Yorque, 1973), 76-77.
  4. a b c d e Montgomery, H.C. (Dezembro de 1942). «Some Later Uses of the Greek Tragic Chorus». The Classical Journal. 38 (3): 148–160 
  5. a b c Weiner, Albert (Maio de 1980). «The Function of the Tragic Greek Chorus». Theatre Journal. 32 (2): 205–212. doi:10.2307/3207113 
  6. Aristóteles, Poética, Capítulo 18
  7. Wilson, Edwin e Alvin Goldfarb (1999) Theater, The Lively Art, McGraw-Hill, New York ISBN 0-07-240718-2
  8. a b Brockett e Hildy (2003), pp. 22–23, Pavis (1998), p. 53, Rehm (1992), p. 26
  9. Haigh, 1898, p. 319
  10. Kitto, 1952, pp. 22, 27
  11. Hughes, Alan (2012). Performing Greek Comedy. New York: Cambridge University Press. ISBN 9781107009301 
  12. Rodgers and Hammerstein. Six Plays by Rodgers and Hammerstein, p. 185

Leituras adicionais

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Ligações externas

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  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Greek chorus».