Cotação (montanha)
No alpinismo ou na escalada, cotação ou graduação é a classificação de uma via de montanha, em função das dificuldades encontradas no percurso.
História
editarA ideia de atribuir valores aparece muito cedo na história do alpinismo, quando o Grupo de Alta Montanha (Groupe de Haute Montagne) francês, conforme proposta do alpinista alemão Wilhelm ''Willo'' Welzenbach, em 1925, introduz uma escala de seis valores - de fácil a extremamente difícil. Definido à partida para as escaladas dos Alpes Orientais, a escala será adaptada aos Alpes Ocidentais por Lucien Devies, em 1935, limitada "unicamente às escaladas puramente rochosas supostas em boas condições" («aux seules escalades purement rocheuses supposées en bonnes conditions ») [1].
Esta notação vai sofrer várias alterações e desde 1947, em França, é formada por 6 valores (I a VI) e três letras (a, b, c) para substituir a anterior classificação (VI-, VI, VI+), se bem que as duas continuam a existir em paralelo.
Exemplo de cotação da via Festin de Babeth na Aiguille des Ciseaux [2]
- Cotação global : ED
- Empenho : I
- Cotação livre > oblig. : 6c+ > 6b+
Em 1978, a União Internacional das Associações de Alpinismo junta vários graus à escala das dificuldades introduzidas em 1947 e que na origem só contava seis [3].
Terreno
editarA escalada é primeiramente classificada segundo o tipo de terreno, pelo que se fala de escalada rochosa, escalada no gelo e escalada no muro, a artificial.
Escalada livre
editarHoje existem vários sistemas de notação o que complica a troca de dados. Em resumo, tem-se:
Cotação francesa
editarSete valores de I, que corresponde a um caminho abrupto, sendo que no II já é preciso utilizar as mãos, até ao VI. Um bom alpinista está no IV, e sem prática regular é difícil fazer o VI.
Cotação Ewbank
editarUtilizado na Austrália e Nova Zelândia, foi desenvolvida nos meados dos anos 1960 por John Ewbank. Sistema aberto, vai de 1 a 34.
Cotação YDS
editarO Yosemite Decimal System' (YDS), é um sistema numérico que vai de 1 a 5.
Cotação inglesa
editarAlfabética de 9 valores que vai do E por Easy ao ES por Extremely Severe
Escalada artificial
editarÉ feita num muro construído para treino ou em locais onde não haja montanhas nas proximidades. A grande vantagem é de poder oferecer num espaço restrito todas as dificuldades que se quiser. A notação é alfanumérica (de A0 a A6).
Cotação UIAA
editarComo já dito, 1978, a União Internacional das Associações de Alpinismo (UIAA) juntou mais seis graus à escala das dificuldades introduzidas em 1947, e que na origem só continha seis, utilizando assim um número seguido de um + ou de um -, e que varia de 1 a 12 [3].
Tabela comparativa
editarN.B.: As cotações dadas na Wikipédia em português para montanhas, agulhas e esqui baseiam-se normalmente nas informações recolhidas em CamptToCamp.
UIAA | Estados Unidos | França | Áustria | Reino Unido | Alemanha (Saxônia) | scope=col | Noruega | Suécia | Brasil | África do Sul ZAF | Austrália | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | 5.2 | 1 | 10 | Easy | I | Isup | 8 | 10 | |||
2 | 5.3 | 2 | 11 | M | II | II | 9 | 11 | |||
3 | 5.4 | 3 | 12 | D | III | IIsup | 10 | 12 | |||
4 | 5.5 | 4 | HVD | IV | III | 11 | |||||
13 | 12 | ||||||||||
5- | 5.6 | MS | V | IIIsup | 13 | ||||||
5a | 13 | ||||||||||
5 | 5.7 | 14 | 4a | S | VI | 5- | 5- | IV | 14 | ||
5+ | 5b | 15 | 4b | VS | 5 | 5 | 14 | 15 | |||
5.8 | VIIa | IVsup | 16 | ||||||||
6- | 5c | 16 | 4c | HVS | 5+ | 5+ | 15 | ||||
5.9 | 17 | 5a | E1 | VIIb | V | 17 | |||||
6 | 6a | 6- | 6- | 16 | |||||||
18 | 17 | 18 | |||||||||
6+ | 5.10a | 6a+ | 5b | VIIc | Vsup | 19 | |||||
19 | 6 | 6 | 18 | ||||||||
5.10b | VI | 20 | |||||||||
7- | 20 | 5c | E2 | 19 | |||||||
5.10c | 6b | VIIIa | 6+ | 6+ | 21 | ||||||
7 | 5.10d | 21 | VIIIb | VIsup | 20 | 22 | |||||
5.11a | 6b+ | VIIIc | 7- | VIIa | 21 | 22 | |||||
7+ | 6c | 22 | |||||||||
6a | 7- | 22 | |||||||||
5.11b | 6c+ | E3 | |||||||||
8- | 23 | 23 | |||||||||
5.11c | IXa | 7 | VIIb | 24 | |||||||
23 | 24 | ||||||||||
8 | 5.11d | 7a | E4 | IXb | 7 | VIIc | 25 | ||||
6b | 7+ | 25 | |||||||||
5.12a | 7a+ | 24 | IXc | VIIIa | |||||||
8+ | 7+ | 26 | |||||||||
5.12b | 7b | E5 | 8- | VIIIb | |||||||
25 | |||||||||||
9- | 5.12c | 7b+ | Xa | VIIIc | 27 | 26 | |||||
8 | 8- | ||||||||||
26 | 6c | ||||||||||
9 | 5.12d | 7c | 27 | Xb | IXa | 28 | 27 | ||||
8 | |||||||||||
5.13a | 7c+ | E6 | Xc | IXb | 29 | 28 | |||||
28 | 8+ | ||||||||||
9+ | 5.13b | 8a | 7a | IXc | 30 | 29 | |||||
29 | |||||||||||
E7 | 9- | 8+ | |||||||||
10- | 5.13c | 8a+ | 30 | XIa | Xa | 31 | |||||
30 | |||||||||||
31 | |||||||||||
10 | 5.13d | 8b | 31 | 9- | Xb | 32 | 32 | ||||
9 | |||||||||||
5.14a | 8b+ | 7b | XIb | Xc | 33 | ||||||
10+ | 32 | E8 | 9 | ||||||||
5.14b | 8c | 33 | 9+ | XIa | 34 | 33 | |||||
11- | |||||||||||
5.14c | 8c+ | 34 | E9 | XIc | 9+ | 35 | |||||
11 | 5.14d | 9a | 35 | 36 | 34 | ||||||
E10 | |||||||||||
11+ | 5.15a | 9a+ | 36 | 37 | |||||||
5.15b | 9b | 37 | E11 | ||||||||
5.15c | 9b+ |
Referências
- ↑ Olivier Hoibian, Les alpinistes en France, 1870-1950 : une histoire culturelle, p. 242
- ↑ «Camp2Camp: Les Ciseaux» (em francês)
- ↑ a b «DHS: L'âge D'or De L'alpinisme» (em francês).
Auteur(e): Paul Meinherz
- ↑ «Comparison between UIAA grades and other grading systems» (PDF). www.theuiaa.org. Consultado em 16 de maio de 2011
- ↑ «Tableau de cotations d'escalade : Comparaison des systèmes de cotation». www.belclimb.net. Consultado em 6 julho 2009
- ↑ C.Larcher. «Les cotations en escalade». www.kairn.com. Consultado em 23 de março de 2007. Arquivado do original em 13 de julho de 2011
- ↑ (em inglês) Jens Larssen. «Grade Conversion». www.8a.nu. Consultado em 30 de outubro de 2010
- ↑ (em inglês) «Grade conversions». www.rockfax.com. Consultado em 16 de maio de 2011. Arquivado do original em 4 de setembro de 2011
- ↑ (em inglês) The American Alpine Journal - Grades Arquivado em 1 de julho de 2012, no Wayback Machine.