Chibante-assobiador

espécie de ave
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O chibante-assobiador (nome científico: Laniisoma elegans)[2] é uma espécie de ave passeriforme pertencente à família dos titirídeos (Tityridae). Foi o único membro do gênero Laniisoma, mas vários autores sustentam hoje que se divide em mais de uma espécie. É nativo da América do Sul.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaChibante-assobiador
Espécime macho de chibante-assobiador na Reserva Ecológica do Guapiaçu, no Rio de Janeiro, Brasil
Espécime macho de chibante-assobiador na Reserva Ecológica do Guapiaçu, no Rio de Janeiro, Brasil
Laniisoma elegans buckleyi segundo ilustração de John Gerrard Keulemans para o Proceedings of the Zoological Society of London, 1880
Laniisoma elegans buckleyi segundo ilustração de John Gerrard Keulemans para o Proceedings of the Zoological Society of London, 1880
Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Tityridae
Género: Laniisoma
Espécie: L. elegans
Nome binomial
Laniisoma elegans
(Thunberg, 1823)
Distribuição geográfica
Distribuição da subespécie brasileira elegans do chibante-assobiador
Distribuição da subespécie brasileira elegans do chibante-assobiador
Sinónimos
Laniisoma buckleyi (Sclater & Salvin, 1880)

Distribuição e habitat

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Distribuído de forma disjunta, o grupo andino (buckleyi) é encontrada no sopé dos Andes desde o oeste da Venezuela, passando pela Colômbia, Equador, Peru até o norte da Bolívia. Já o grupo elegans se encontra no leste e sudeste do Brasil.[3] Esta espécie é considerada rara e local nos seus habitats naturais; as florestas úmidas tropicais e subtropicais, de baixa altitude e montanhosas, na Mata Atlântica e no sopé dos Andes, entre 400 e 1 350 de altitude.[4] Na Venezuela, em especial, foi registrado abaixo dos 200 metros de altitude.[1]

Descrição

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O chibante-assobiador mede entre 16[5] e 17,5 centímetros de comprimento e pesa entre 41 e 51 gramas.[3] O macho tem uma coroa preta e anel ocular amarelo, com parte superior verde azeitona. É amarelo brilhante com escamas pretas no peito, flancos inferiores e criso. A fêmea é semelhante, mas com uma coroa morena e todas as partes inferiores marcadamente escamadas de preto. Os imaturos são como as fêmeas, mas com grandes manchas avermelhadas nas pontas da cobertura de penas.[4] Foi proposto que, tal como os filhotes de chorona-cinza, os filhotes de chibante-assobiador tenham uma aparência felpuda que os assemelhe às lagartas cabeludas de uma mariposa pertencente à família dos megalopigídeos (Megalopygidae), porém ainda são necessárias obnservações mais detalhadas.[6][7] Nas populações andinas (grupo Buckleyi) o macho tem menos escamação preta e a fêmea a mesma escamação notável, mas tem uma coroa verde-oliva uniforme.[4]

Comportamento

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O chibante-assobiador é uma espécie rara e incomum, geralmente vista solitária em todos os níveis da floresta, mas na maioria das vezes não muito alto. No leste do Brasil é localmente migratória durante o inverno e a primavera, aparecendo no interior da costa. Alimenta-se de frutas e insetos que às vezes procura junto com bandos mistos. Foi observada em arbustos mesofilos residuais no planalto paulista se alimentando de frutos de café-de-bugre (Cordia ecalyculata) e morototó (Schefflera morototoni) juntamente com a pomba-galega (Columba cayennensis) nos meses de julho e início de outubro. No leste do Brasil, se reproduz nos meses de verão nas encostas costeiras.[5] O canto do macho é uma série de 8-10 notas psii-yi enfáticas, penetrantes e de alta escala (muitas vezes começando com várias notas psii), dadas a partir de um ramo baixo e desobstruído, abrindo amplamente o bico, abaulando a garganta e abaixando a cauda a cada chamada.[4]

Sistemática

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A espécie L. elegans foi descrita pela primeira vez pelo naturalista sueco Carl Peter Thunberg em 1823 sob o nome científico de Ampelis elegans; a localidade tipo é "montanhas do Rio de Janeiro, Brasil".[3] O nome neutro do gênero Laniisoma é composto pelo gênero Lanius e a palavra grega sōma, sōmatos ("corpo"), significando "com o corpo como um Lanius";[8] e o nome da espécie elegans, vem do latim elegans, elegantis ("elegante, fino").[9] O Congresso Ornitológico Internacional (IOC),[10] Birds of the World (HBW) e BirdLife International (BLI) consideram o grupo de subespécies andinas venezuelano, buckleyi e cadwaladeri, como uma espécie separada: o chibante-andino (Laniisoma buckleyi), seguindo Ridgely & Greenfield (2001)[11] e Hilty (2003),[12] com base nas diferenças morfológicas, principalmente na plumagem e na vocalização.[3]

Subespécies

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De acordo com a classificação taxonômica de Clements v.2018, são reconhecidas quatro subespécies, com sua distribuição geográfica correspondente:[3][13]

  • Grupo politípico buckleyi:
  • Laniisoma elegans venezuelense Phelps, Sr. & Gilliard, 1941 - sopé dos Andes orientais no oeste da Venezuela (Táchira, Barinas) e Colômbia (Boyacá).
  • Laniisoma elegans buckleyi (P. L. Sclater & Salvin, 1880) - sopé dos Andes no Ecuador e Peru.
  • Laniisoma elegans cadwaladeri Carriker, 1935 - sopé dos Andes ao norte da Bolívia (La Paz).
  • Grupo monotípico elegans:
  • Laniisoma elegans elegans (Thunberg, 1823) - sudeste do Brasil (do sul da Bahia (ao menos antes) ao sul até São Paulo e leste do Paraná). Recentemente registrado em Alagoas e Goiás. Recientemente registrada en Alagoas y Goiás.[14][15]

De acordo com revisões recentes, as subespécies propostas venezuelense e cadwaladeri seriam indistinguíveis de buckleyi e, portanto, ambos os táxons, este e elegans, quando separados, seriam monotípicos.[3]

Conservação

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Em 2005, foi classificado como vulnerável na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[16] em 2010, como vulnerável na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais[17] e sob a rubrica de dados insuficientes no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná;[18] em 2014, como em perigo no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[19] em 2017, como em perigo na Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia;[20] e em 2018, como quase ameaçado na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[21][22] A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), em sua Lista Vermelha, decidiu classificar o chibante-assobiador como quase ameaçado, pois seu habitat sofreu intensa degradação e destruição, o que teria causado, pelas estimativas, um declínio populacional moderado da espécie.[1]

Referências

  1. a b c BirdLife International (2017). «Laniisoma elegans». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2017: e.T22700705A119431453. doi:10.2305/IUCN.UK.2017-3.RLTS.T22700705A119431453.en . Consultado em 16 de abril de 2022 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 215. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. a b c d e f del Hoyo, J.; Snow, D.; Kirwan, G. M.; Collar, N. (2022). «Shrike-like Cotinga (Laniisoma elegans)». In: Keeney, B. K. Birds of the World. Col: 1.1. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia 
  4. a b c d Ridgely, Robert; Tudor, Guy (2009). «Laniisoma elegans, p. 501, lámina 66(7); Laniisoma buckleyi, p. 501, lámina 66(8)». Field guide to the songbirds of South America: the passerines. Col: Mildred Wyatt-World series in ornithology 1.ª ed. Austin: Imprensa da Universidade do Texas. ISBN 978-0-292-71748-0 
  5. a b Sigrist, Tomas (2013). «Laniisoma elegans». Guia de Campo Avis Brasilis – Avifauna brasileira. São Paulo: Avis Brasilis. p. 434. ISBN 978-85-60120-25-3 
  6. D'Horta, Fernando Mendonça; Kirwan, Guy M.; Buzzetti, Dante (1 de setembro de 2012). «Gaudy Juvenile Plumages of Cinereous Mourner (Laniocera hypopyrra) and Brazilian Laniisoma (Laniisoma elegans).». Wilson Journal of Ornithology. 124 (3): 429-435. doi:10.1676/11-213.1 
  7. Londoño, Gustavo A.; García, Duván A.; Martínez, Manuel A. Sánchez (2014). «Morphological and Behavioral Evidence of Batesian Mimicry in Nestlings of a Lowland Amazonian Bird» (PDF). The American Naturalist. 185 (1): 135–141. PMID 25560558. doi:10.1086/679106. hdl:10906/79893  
  8. Jobling, James A. The Helm Dictionary of Scientific Bird Names - From Aalge to Zusii. Londres: Christopher Helm. p. 219 
  9. Jobling, James A. The Helm Dictionary of Scientific Bird Names - From Aalge to Zusii. Londres: Christopher Helm. p. 144 
  10. Gill, F.; Donsker, D. «Cotingas, manakins, tityras, becards». IOC – World Bird List. Consultado em 16 de abril de 2022 
  11. Ridgely, R. S.; Greenfield, P. J. (2001). The birds of Ecuador. Vol. I. Status, distribution, and taxonomy. Ítaca, Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cornell 
  12. Hilty, S. L. (2003). Birds of Venezuela. Princeton, Nova Jérsei: Imprensa da Universidade de Princeton 
  13. Clements, J. F.; Schulenberg, T. S.; Iliff, M. J.; Roberson, D.; Fredericks, T. A.; Sullivan, B. L.; Wood, C. L. (2018). The eBird/Clements checklist of birds of the world. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia 
  14. Freiberg, M. D. (2005). «A range extension for Elegant Mourner Laniisoma elegans in Brazil». Cotinga. 24: 114–115 
  15. Ferreira, A. A.; Neto, A. F.; Paula, J. P.; Machado, N.; Azevedo, P. L.; Laranjeiras, T. O. (2010). «Ocorrência do Laniisoma elegans (Passeriformes: Tityridae) no estado de Goiás». Atualidades Ornitológicas. 156: 9 
  16. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  17. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  18. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná. 2010. Consultado em 2 de abril de 2022 
  19. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  20. «Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia.» (PDF). Secretaria do Meio Ambiente. Agosto de 2017. Consultado em 1 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de abril de 2022 
  21. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  22. «Laniisoma elegans (Thunberg, 1940)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 17 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022