Crença em um deus não onipotente
A Crença em um Deus não onipotente ou teísmo limitado é a crença em uma divindade não onipotente. Foi proposto por alguns filósofos e teólogos para resolver o problema do mal ou como alternativa à teodiceia. A maioria dos finitistas aceita a bondade absoluta de Deus.
Segundo Ray Harbaugh Dotterer, no livro intitulado como: "O Argumento para uma Teologia Finitista".
“ | Deus não pode ser considerado onipotente e perfeitamente bom. Se dissermos que ele é onipotente, que sua soberania é completa, que todos os eventos que ocorrem são desejados por ele; então segue-se que ele é responsável pelo mundo real, que é parcialmente mau, e, consequentemente, que ele não é perfeitamente bom. Se começarmos do outro lado e dissermos que Deus é perfeitamente bom, devemos negar que ele é onipotente. | ” |
Defensores da tese de um Deus não onipotente
editarWilliam James (1842-1910) defendeu a tese de um Deus limitado como solução para resolver o problema do mal e como alternativa às teodiceias.[6][7][8][9][10]
Segundo Clarence Beckwith, Horace Bushnell (1802-1876) negava a onipotência de Deus. De acordo com Beckwith, "uma das primeiras tentativas na América de mostrar que Deus era limitado foi feita por Horace Bushnell em seu Deus em Cristo.[11]
Peter Bertocci (1910-1989), propôs que "Deus é totalmente bom, mas não todo-poderoso".
Henry Nelson Wieman (1884–1975), além de negar a onipotência de Deus, entendia Deus como impessoal.[1]
Edgar S. Brightman (1884–1953) defendeu a tese de um Deus não onipotente no livro "A Philosophy of Religion" (Uma Filosofia da Religião), publicado em 1940. Nessa obra, sustentou identificou Platão (vide Demiurgo)[12] como o primeiro defensor da tese, que depois teria sido defendida por: Marcião de Sinope, Manes (e demais maniqueístas), Pierre Bayle, John Stuart Mill[13], H. G. Wells e outros.[14][15][16][17]
Além dos maniqueísmo, outras concepções teológicas dualistas, tais como: o zoroastrismo, o taoismo (vide: yin-yang) e o bogomilismo, também negam a onipotência de Deus.
O rabino Harold Kushner defendeu a tese de um Deus não onipotente no livro "When Bad Things Happen to Good People" (Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas), publicado em 1981.[18][19][20] [21] [22] [23] [24].
Dorothee Sölle questionava a onipotência de Deus e, nesse sentido, acreditava que o Deus Todo-Poderoso deveria estar morto, pois não haveria outra explicação para seu silêncio diante das atrocidades do mundo. No lugar da ideia de um Deus entronizado acima de tudo, a partir da experiência de Jesus, uma pessoa que foi torturada até a morte e não perdeu a fé, via um Deus impotente que, para triunfar, dependeria do comprometimento de seus seguidores para fazer prevalecer a vontade de Deus no mundo.[25][26]
O filosofo judeu Hans Jonas (1903-1993), nascido na Alemanha, muito abalado pelo sofrimento de seu povo durante o Holocausto, também questionou a onipotência de Deus, inclusive durante uma palestra, proferida em Tubinga, em 1984, cuja transcrição seria publicada com o título de "O conceito de Deus após Auschwitz"[27].
Referências
- ↑ a b Geisler, Norman; Watkins, William D. (1989). Finite Godism: A World with a Finite God. In Worlds Apart: A Handbook on World Views. Wipf and Stock Publishers. pp. 187-216.
- ↑ McKim, Donald K. (1996). Westminster Dictionary of Theological Terms. Westminster John Knox Press. p. 278.
- ↑ Sahakian, William S; Sahakian, Mabel Lewis. (1974). Realms of Philosophy. Schenkman Publishing Company. p. 319.
- ↑ Dotterer, Ray Harbaugh. (1917). The Argument for a Finitist Theology. New Era Printing Company. p. 23.
- ↑ Hudson, Yeager. Omnipotence: Must God Be Infinite?. In Creighton Peden, Larry E. Axel. (1989). God, Values, and Empiricism: Issues in Philosophical Theology. Mercer University Press. p. 92
- ↑ Barnard, George William (1997). Exploring Unseen Worlds: William James and the Philosophy of Mysticism. State University of New York Press. p. 251.
- ↑ Weidenbaum, Jonathan (2013). William James's Argument for a Finite Theism. Em Diller J., Kasher A. (eds) Models of God and Alternative Ultimate Realities. Springer. pp. 323-331.
- ↑ Kamber, Richard. (2016). William James: Essays and Lectures. Routledge. p. 159.
- ↑ Pomerlaeau, Wayne P. (1998). Western Philosophies Religion. Ardsley House Publishers. p. 492.
- ↑ Schwartz, Robert. (2015). Rethinking Pragmatism: From William James to Contemporary Philosophy. Wiley. p. 25.
- ↑ Beckwith, Clarence Augustine. (1922). The Idea of God: Historical, Critical, Constructive. New York: Macmillan. p. 214
- ↑ TIMEU: a Cosmologia de Platão, acesso em 29/04/2021.
- ↑ JOHN STUART MILL (1806-1873), acesso em 29/04/2021.
- ↑ Brightman, Edgar S. (1940). Historical Sketch of Theistic Finitism. In A Philosophy of Religion. New York: Prentice-Hall, Inc. pp. 286-301
- ↑ Erickson, Millard J. (1998). Finitism: Rejection of Omnipotence. In Christian Theology. Baker Books.
- ↑ Burrow, Rufus Jr. (2012). The Finite-Infinite God. In God and Human Dignity: The Personalism, Theology, and Ethics of Martin Luther King, Jr. University of Notre Dame Press
- ↑ Wagar, W. Warren. (2004). H. G. Wells: Traversing Time. Wesleyan University Press. p. 154.
- ↑ Michael, Martin. (1990). The Finite God Theodicy. In Atheism: A Philosophical Justification. Temple University Press. pp. 436-438.
- ↑ Dilley, Frank B. (2000). «A Finite God Reconsidered». International Journal for Philosophy of Religion. 47 (1): 29–41. JSTOR 40036433. doi:10.1023/A:1003838717365
- ↑ Rabbi Kushner: An 'Accommodation' With God, em inglês, acesso em 29/04/2021.
- ↑ SYMPOSIUM ASKS WHY THERE IS EVIL UNDER GOD, em inglês, acesso em 29/04/2021.
- ↑ Q & A: Rabbi Harold Kushner, em inglês, acesso em 29/04/2021.
- ↑ EVEN IN BAD TIMES, GOD HAS A PURPOSE, EVANGELIST BELIEVES, em inglês, acesso em 29/04/2021.
- ↑ A virus that needs no divine intervention, em inglês, acesso em 29/04/2021.
- ↑ Dorothee Sölle: Keine Theologie im Elfenbeinturm, em alemão, acesso em 23/03/2021.
- ↑ Dorothe Sölle - Kann man atheistisch an Gott glauben?, em alemão, acesso em 23/03/2021.
- ↑ O conceito de Deus após Auschwitz: uma voz judia. Trad.: Lilian Simone Godoy Fonseca. São Paulo: Paulus, 2016. Resenha disponível na internet.