Religiosidade popular
Sociologicamente, a religiosidade popular é contrastada com a religião da elite. A religiosidade popular reúne crenças, práticas, rituais, narrativas, símbolos originários de outras fontes que não àquelas aceitas pelas lideranças religiosas, mas sendo por essas lideranças toleradas, embora tidas como errôneas.[1] Já a religião da elite tende a adesão a aspectos formais, abstratos e cioso de ortodoxia.
Em comum, essa religiosidade popular são manifestações locais no seio das grandes religiões mundiais que incorporam elementos de sincretismo, mágica e matizes como a veneração de santos populares, a sacralidade de objetos, divinação, busca de soluções a males cotidianos, rituais de cura e exorcismo do mal. Para Brandão[2] a religiosidade popular recria símbolos, rituais, práticas e crenças da religião erudita, mas com re-significações próprias.
Cristianismo popular
editarCristianismo popular pode ser definido, entre outros termos, como "cristianismo praticado por povos conquistados",[3] o cristianismo vivido pela maioria das pessoas que "surpassam as divisões entre ortodoxia e não-ortodoxia",[4] Cristianismo impactados pelas superstições populares.[5]
O Catolicismo no Brasil possui manifestações de piedade popular como catolicismo rústico desenvolvidas em comunidades rurais que vivem numa economia de subsistência e baseadas em festas coletivas, danças e rezas, sem a participação de representantes oficiais da Igreja e com forte apelo ao culto de santos e padroeiros.[6]
Especialmente no sertão nordestino há confrarias de penitentes, algumas das quais praticam autoflagelação.
Referências
- ↑ Leibman, Charles. "The Religion of the American Jew". The Ambivalent American Jew. Jewish Publication Society. 1975.
- ↑ BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Os deuses do povo: um estudo sobre a religião popular. Uberlândia: Edufu, 2007
- ↑ Brown, Peter Robert Lamont (2003). The rise of Western Christendom. Wiley-Blackwell, 2003. ISBN 0-631-22138-7, p. 341. Last accessed July 2009.
- ↑ Rock, Stella (2007). Popular religion in Russia. Routledge ISBN 0-415-31771-1, p. 11. Last accessed July 2009.
- ↑ Snape, Michael Francis (2003). The Church of England in industrialising society. Boydell Press, ISBN 1-84383-014-0, p. 45. Last accessed July 2009
- ↑ QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. O campesinato brasileiro - ensaios sobre civilização e grupos rústicos no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1973.
- Allen, Catherine. The Hold Life Has: Coca and Cultural Identity in an Andean Community. Washington: Smithsonian Institution Press, 1989; second edition, 2002.
- Badone, Ellen, ed. Religious Orthodoxy and Popular Faith in European Society. Princeton: Princeton University Press, 1990.
- Bastide, Roger. The African Religions of Brazil: Toward a Sociology of the Interpenetration of Civilizations. Trans. by Helen Sebba. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1978.
- Blackburn, Stuart H. Death and Deification: Folk Cults in Hinduism, History of Religions (1985).
- BRANDÃO, Carlos Rodrigues (2007). Os deuses do povo: um estudo sobre a religião popular. Uberlândia: EDUFU. ISBN 978-85-7078-108-6
- Brintnal, Douglas. Revolt against the Dead: The Modernization of a Mayan Community in the Highlands of Guatemala. New York: Gordon and Breach, 1979.
- Christian, William A., Jr. Apparitions in Late Medieval and Renaissance Spain. Princeton: Princeton University Press, 1981.
- Gellner, David N. Hinduism. None, one or many?, Social Anthropology (2004), 12: 367-371 Cambridge University* Johnson, Paul Christopher. Secrets, Gossip, and Gods: The Transformation of Brazilian Candomblé. Oxford: Oxford University Press, 2002.
- Gorshunova, Olga V. (2008). Svjashennye derevja Khodzhi Barora…, ( Sacred Trees of Khodzhi Baror: Phytolatry and the Cult of Female Deity in Central Asia) in Etnoragraficheskoe Obozrenie, n° 1, pp. 71–82. ISSN 0869-5415. (em russo).
- Nepstad, Sharon Erickson (1996). «Popular Religion, Protest, and Revolt: The Emergence of Political Insurgency in the Nicaraguan and Salvadoran Churches of the 1960s–80s». In: Smith, Christian. Disruptive Religion: The Force of Faith in Social Movement Activism. New York: Routledge. pp. 105–124. ISBN 0-415-91405-1
- Nash, June (1996). «Religious Rituals of Resistance and Class Consciousness in Bolivian Tin-Mining Communities». In: Smith, Christian. Disruptive Religion: The Force of Faith in Social Movement Activism. New York: Routledge. pp. 87–104. ISBN 0-415-91405-1
- Kononenko, Natalie "Vernacular religion on the prairies: negotiating a place for the unquiet dead," Canadian Slavonic Papers 60, no. 1-2 (2018)
- Nutini, Hugo. Ritual Kinship: Ideological and Structural Integration of the Compadrazgo System in Rural Tlaxcala. Princeton: Princeton University Press, 1984.
- Nutini, Hugo. Todos Santos in Rural Tlaxcala: A Syncretic, Expressive, and Symbolic Analysis of the Cult of the Dead. Princeton: Princeton University Press, 1988.
- Sinha, Vineeta. Problematizing Received Categories: Revisiting ‘Folk Hinduism’ and ‘Sanskritization’, Current Sociology, Vol. 54, No. 1, 98-111 (2006)
- Sinha, Vineeta. Persistence of ‘Folk Hinduism’ in Malaysia and Singapore, Australian Religion Studies Review Vol. 18 No. 2 (Nov 2005):211-234
- Stuart H. Blackburn, Inside the Drama-House: Rama Stories and Shadow Puppets in South India, UCP (1996), ch. 3: " Ambivalent Accommodations: Bhakti and Folk Hinduism".
- Taylor, Lawrence J. Occasions of Faith: An Anthropology of Irish Catholics. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1995.
- Thomas, Keith (1971). Religion and the Decline of Magic. Studies in popular beliefs in sixteenth and seventeenth century England. London: Weidenfeld and Nicholson. ISBN 0-297-00220-1
- Veloso, Guy. Dos Ritos de sangue à fascinação do fim do mundo.