Crocidura suaveolens

O musaranho-de-dentes-brancos-pequeno ou morganho (Crocidura suaveolens) é um pequeno mamífero terrestre, pertencente à ordem Soricomorpha e à família Soricidae.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCrocidura suaveolens

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Placentalia
Ordem: Soricomorpha
Família: Soricidae
Género: Crocidura
Espécie: C. suaveolens
Nome binomial
Crocidura suaveolens
Pallas, 1811
Distribuição geográfica

Descrição física

editar

É um musaranho com dentes brancos semelhante ao musaranho-de-dentes-brancos, Crocidura russula. Para uma devida identificação requer uma observação detalhada das características dentárias para a devida identificação (Rey, 2002). A coloração dorsal é acastanhada e o ventre é cinza. A cauda apresenta pêlos muito longos. (Rey, 2002). Na Europa continental e na Península Ibérica, as dimensões corporais aumentam de norte para sul: a população da ilha de Minorca (Espanha) possui um maior tamanho, com tamanho cabeça-corpo de 68,3 milímetros e um peso entre os 6,0 e os 11,0 gramas. Na Galiza (Espanha), o tamanho cabeça-corpo é de 62,9 milímetro e o peso situa-se entre os 5,7 e os 8,1 gramas. Não existem dados para Portugal (Rey, 2002). É um ser diplóide, com 40 cromossomas (2n=40).

Distribuição geográfica

editar
 
Mapa do Atlas de Mamíferos de Portugal, 2ª edição (2019)

[1] O musaranho-de-dentes-brancos-pequeno tem uma ampla distribuição geográfica. Ocorre na Região paleoártica, que se estende desde a costa atlântica portuguesa e espanhola, distribuindo-se pela Europa e pela Ásia chegando até à Sibéria (Hutterer et al., 2008). O limite sul da sua distribuição geográfica engloba Sinai (Egipto), Ásia Menor, Israel, Arábia Saudita, Irão e China (Hutterer et al., 2008).

Habitat e ecologia

editar

As populações desta espécie têm tendência para formar grupos sociais (Rey, 2002), ocupando uma grande variedade de habitats na sua distribuição geográfica como vinhais, olivais, campos agrícolas, maquis mediterrâneos, dunas, áreas montanhosas e regiões húmidas com vegetação densa e próximo à água, tendendo a evitar florestas densas (Hutterer et al., 2008; Vlasák e Niethammer, 1990; Libois et al., 1999). No sudoeste da Ásia, a espécie também ocorre em habitats com vegetação seca. (Bates e Harrison, 1989; Tez, 2000). Em zonas áridas, ocorre onde há disponibilidade de água, nomeadamente perto de oásis e nascentes. É a espécie mais tolerante a condições de seca do género Crocidura (Qumsiyeh, 1996). Os requisitos principais para a escolha do habitat pelo musaranho-de-dentesbrancos- pequeno são a vegetação e a disponibilidade de alimento. A sua dieta tem como principal alimento pequenos insectos de corpo mole (Vlasák e Niethammer, 1990). Por vezes alimenta-se de micromamíferos, plantas e sementes. (Rey, 2002).

Reprodução

editar

Após um ano de vida, a espécie atinge a maturidade reprodutiva. A época do cio ocorre entre Março e Setembro e em caso de fertilização, a gestação tem uma duração de 26-27 dias, nascendo em média 4 crias, com peso entre os 0,42 gramas e os 0,67 gramas (Rey, 2002).

Predação

editar

Na Europa Central, o musaranho-de-dentes-brancos-pequeno é predado por diversas aves, mamíferos e répteis. Na Península Ibérica, os principais predadores são a coruja-pequena (Asio otus), o aluco (Strix aluco) e especialmente, a coruja-das-torres (Tyto alba),. Também é capturado por gatos domésticos (Felis catus) e por martas (Martes martes) (Rey, 2002).

Factores de Ameaça

editar

O uso de pesticidas e herbicidas pode ter um impacto negativo sobre as espécies que habitam terrenos agrícolas, como é o caso do musaranho-anão-de-dentes-brancospequeno, no entanto não é considerada uma ameaça séria para a espécie (Libois et al., 1999).

Conservação

editar

A espécie está classificada como espécie com estatuto de conservação Pouco Preocupante (LC), segundo a Lista Vermelha da IUCN (Hutterer et al., 2008). O musaranho-de-dentes-brancos pequeno encontra-se listado no Apêndice III da Convenção de Berna. Ocorre em várias áreas protegidas da sua distribuição geográfica. Actualmente, não estão implementadas acções específicas para a conservação da espécie. A subespécie Crocidura suaveolens caneae, endémica da ilha de Creta (Grécia), está listada no Apêndice II da Convenção de Berna, como uma subespécie de fauna estritamente protegida (Hutterer, 2008).


Referências

  1. Joana Bencatel, Helena Sabino-Marques, Francisco Álvares, André E. Moura & A. Márcia Barbosa (eds.). Atlas de Mamíferos de Portugal – uma recolha do conhecimento disponível sobre a distribuição dos mamíferos no nosso país. [S.l.: s.n.] ISBN 978-989-8550-80-4. Consultado em 4 de junho de 2020 
  • Harrison, D. L. e Bates, P. J. J. (1991). The Mammals of Arabia. Harrison Zoological Museum, Sevenoaks, Londres.
  • Hutterer, R., Amori, G., Kryštufek, B., Yigit, N., Mitsain, G. e Palomo, L.J. (2008). Crocidura suaveolens. Em: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.2. <www.iucnredlist.org>. Acedido a 8 Maio 2014.
  • Libois, R., Ramalhinho, M. G. e Fons, R. (1999). Crocidura suaveolens. Em: A. J. Mitchell-Jones, G. Amori, W. Bogdanowicz, B. Kryštufek, P. J. H. Reijnders, F. Spitzenberger, M. Stubbe, J. B. M. Thissen, V. Vohralík and J. Zima (eds), The Atlas of European Mammals, pp. 1-484. Academic Press, Londres.
  • Qumsiyeh, M. B. (1996). Mammals of the Holy Land. Texas Tech University Press, Lubbock.
  • Bates, P. J. e Harrison, J. (1989). New records of small mammals from Jordan. Bonner Zoologische Beitrage 40: 223-226.
  • Rey J.M., (2002). Crocidura suaveolens (Pallas, 1811). Em: Atlas de los mamíferos terrestres de España. L. J. P. Muñoz, e J. Gisbert (2002). Dirección general de conservación de la naturaleza, Sociedad española para la conservación y estudios de los mamíferos, & Sociedad española para la conservación y estudio de los murciélagos. Madrid.
  • Tez, C. (2000). Taxonomy and Distribution of the White-Toothed Shrews (Crocidura).
  • Vlasák, P. e Niethammer, P., (1990). Crocidura suaveolens (Pallas, 1811) - Gartenspitzmaus. In: J. Niethammer and F. Krapp (eds), Handbuch der Säugetiere Europas. Band 3/I, Insectivora, Primates, Aula Verlag, Wiesbaden.