D. Narcisa de Villar
D. Narcisa de Villar é um romance escrito pela catarinense Ana Luísa de Azevedo Castro e publicado com o pseudônimo de "Indygena do Ypiranga" sob forma de folhetim no jornal A marmota de 13 de abril a 6 de julho de 1858. Em 1859 foi lançado em livro.[1] Esse é o primeiro romance publicado por uma escritora de Santa Catarina. Inaugurou os elementos do gótico e do fantástico no Brasil dentre as autoras.[2]
D. Narcisa de Villar | |
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Folha de rosto da primeira edição do livro D. Narcisa de Villar de Ana Luísa de Azevedo Castro | |
Autor(es) | Ana Luísa de Azevedo Castro |
Idioma | português |
Gênero | Romance |
Localização espacial | Brasil |
Editora | Tipografia de Francisco de Paula Brito |
Lançamento | 1859 |
Sinopse
editarO enredo começa com uma narrativa de uma lenda apresentada por uma indígena a uma menina. A lenda se passa na época colonial na Ilha do Mel, conhecida por ser assombrada. O romance é protagonizada por Narcisa de Villar, portuguesa que veio morar no Brasil com seus irmãos após a morte de seus pais. Contudo, aqui acaba sendo criada por Efigênia, uma indígena descrita como inteligente e afável. Ela acaba se apaixonando por Leonardo, o filho de Efigênia, porém suas vontades são sufocadas por seus irmãos, que a querem casar por conveniência com um coronel português chamado Pedro Paulo. Ao longo da obra, Narcisa é subjugada por seus irmãos, que representam os vilões da narrativa, enquanto ela luta constantemente para eles não imporem a autoridade acima das vontades pessoais dela. No dia do casamento, Narcisa foge com Leonardo durante uma tempestade, gerando numa perseguição dos irmãos até a Ilha do Mel, onde ocorre o desfecho da obra.[3]
Características
editarO romance possui estrutura clara de folhetim: corte de capítulos, ganchos, recapitulações e desfecho trágico.[4] O enredo utiliza de elementos da estética gótica, que se revelam na ambientação de florestas, nas tempestades ao mar, fuga na canoa, o medo incutido na personagem principal e até o próprio recuo ao tempo passado no qual se passa a lenda. A ilha do mel é o cenário apresentado como assombrado, inabitado e com histórias de aparições e fantasmas, contribuindo para a atmosfera gótica.[5]
Ana Luísa de Azevedo Castro ainda faz uma aproximação com a vertente do gótico feminino, que foi o espaço que ela e outras mulheres encontraram para se colocarem como escritoras e exporem suas angústias como mulher na sociedade brasileira. A escrita é feita a partir da perspectiva da mulher, realçando seus interesses, o que serve como uma espécie de denúncia à perseguição que elas sofriam.[6]
D. Narcisa de Villar pode ser considerado um romance indianista, representando Leonardo como herói, além de Castro deixar claro que as personagens indígenas representam o bem, enquanto os homens portugueses o mal.[4]
Referências
editar- ↑ UFSC-NUPILL, UFSC-INE. «Portal Catarina: Biblioteca Digital da Literatura Catarinense». www.literaturabrasileira.ufsc.br. Consultado em 3 de julho de 2019
- ↑ sbximenes (5 de setembro de 2018). «17. Ana Luísa de Azevedo Castro e sua novela "D. Narcisa de Villar"». A Arte Literária. Consultado em 3 de julho de 2019
- ↑ CASTRO, Ana Luisa de Azevedo. D. Narcisa de Villar: legenda do tempo colonial. Rio de Janeiro: Tipog, de F. de Paula Brito, Praça da Constituição, 1859. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/3916
- ↑ a b MUZART, Zahidé (1989). «Narrativa feminina em Santa Catarina (do século XIX até meados do século XX).». Organon 16 - Revista do Instituto de Letras da UFRGS: 230-235
- ↑ MUZART, Zahidé (2008). «Sob o signo do gótico». Veredas – Revista da Associação Internacional de Lusitanistas
- ↑ SANTOS, Ana Paula A. A vertente feminina do Gótico na Literatura Brasileira oitocentista. In: Anais do XV Congresso Internacional da ABRALIC, 2018. Disponível em: http://www.abralic.org.br/anais/arquivos/2017_1522185753.pdf Acesso: 14/04/2019