Damião Dalasseno
Damião Dalasseno (em grego: Δαμιανός Δαλασσηνός; romaniz.: Damianos Dalassenos; c. 940 - 19 de julho de 998) foi um aristocrata e general bizantino do século X, o primeiro membro conhecido de sua família, que serviu como governador militar (duque) de Antioquia em 995/996-998. Ele lutou contra o Califado Fatímida com algum sucesso, até ser morto na batalha de Apameia de 18 de julho de 998.
Damião Dalasseno | |
---|---|
Nascimento | 940 |
Morte | 19 de julho de 998 (58 anos) |
Nacionalidade | Império Bizantino |
Filho(a)(s) | Constantino Romano Teofilacto |
Ocupação | General e governador |
Religião | Cristianismo |
Biografia
editarDamião é o primeiro membro atestado da distinta família Dalasseno.[1] Sua infância é incerta, mas por razões genealógicas estima-se que nasceu em ca. 940.[2] Nada se sabe sobre ele antes de 995/996, quando o imperador Basílio II (r. 976–1025) nomeou-o governador de Antioquia em sucessão de Miguel Burtzes após a derrota na Batalha do Orontes em setembro de 994.[3][4] O posto militar era uma dos mais importantes do Império Bizantino, com seu titular comandando as tropas organizadas contra o Califado Fatímida e os chefes muçulmanos semi-autônomos da Síria.[5] Nesta capacidade, manteve o alto título de patrício (segundo João Escilitzes) ou magistro (de acordo com Estêvão de Taraunitis).[6]
Dalasseno manteve uma posição agressiva. Em 996, suas forças invadiram os arredores de Trípoli e Arca, enquanto Manjutaquim, novamente sem sucesso, lançou certo a Alepo e Tartus, que os bizantinos ocuparam e reforçaram no ano anterior, mas foi forçado a se retirar quando Dalasseno veio com um exército para aliviar a fortaleza. A derrota fatímida foi agravada por um naufrágio de uma frota fatímida, que pretendia-se ser usada para apoiar as operações de Manjutaquim, antes de Tartus. Dalasseno repetiu seus raides contra Trípoli em 997, tomando muitos cativos. Também atacou as cidades de Rafaneia, Uje e Alacba, capturando a última e levando os habitantes em cativeiros.[7][8]
Em junho/julho de 998, marchou suas tropas para Apameia para tomar a cidade após um incêndio catastrófico que incendiou as suas provisões. Os alepinos tentaram tomá-la primeiro, mas retiraram-se com a aproximação de Dalasseno, que não poderia permitir um vassalo crescer tanto.[9][10] O governador fatímida local, Almalaiti, chamou por ajuda, mas o exército de alívio sob Jaixe ibne Samsama estava atrasado por ter de primeiro suprimir a rebelião que eclodiu em Tiro por intermédio dos bizantinos. Após a cidade ser submetida, Jaixe moveu seu exército para Damasco, de onde prosseguiu para confrontar Dalasseno.[8]
Ibne Alcalanici relata que por esta época, Apameia estava próximo da rendição devido a fome. Na batalha resultante, travada em 19 de julho de 998, os bizantinos foram inicialmente vitoriosos, mas um oficial curdo conseguiu matar Dalasseno, de modo que o exército bizantino colapsou e fugiu. Dois de seus filhos, que o acompanharam, foram levados cativos para o Cairo, onde permaneceram por 10 anos, enquanto Estêvão de Taraunitis, de algum modo duvidosamente, relata que um de seus filhos foi morto.[10][8] Damião Dalasseno foi sucedido como duque de Antioquia por Nicéforo Urano.[11]
Família
editarDamião Dalasseno teve ao menos três filhos:[1][8]
- Constantino Dalasseno - duque de Antioquia em 1025 e um favorito de Constantino VIII (r. 1025–1028).
- Teofilacto Dalasseno - também duque de Antioquia;
- Romano Dalasseno - catepano da Ibéria.
Teofilacto foi muito provavelmente pai de Adriano, o avô materno de Ana Dalassena, a mãe de Aleixo I Comneno (r. 1081–1118) e fundador da dinastia comnena.[2]
Ver também
editar
Precedido por Miguel Burtzes |
Duque de Antioquia 995/996-998 |
Sucedido por Nicéforo Urano |
Referências
- ↑ a b Kazhdan 1991, p. 578.
- ↑ a b Cheynet 1986, p. 77.
- ↑ Cheynet 1986, p. 76–77.
- ↑ Holmes 2005, p. 347.
- ↑ Holmes 2005, p. 330ff.
- ↑ Cheynet 1986, p. 78.
- ↑ Honigmann 1935, p. 106–107.
- ↑ a b c d Lilie 2013, Damianos Dalassenos (#21379).
- ↑ Trombley 1997, p. 270.
- ↑ a b Cheynet 1986, p. 77–78.
- ↑ Holmes 2005, p. 349.
Bibliografia
editar- Cheynet, Jean-Claude; Jean-François Vannier (1986). Études Prosopographiques (em francês). Paris: Publications de la Sorbonne. ISBN 978-2-85944-110-4
- Holmes, Catherine (2005). Basil II and the Governance of Empire (976–1025). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-927968-5
- Honigmann, E. (1935). Byzance et les Arabes, Tome III: Die Ostgrenze des Byzantinischen Reiches von 363 bis 1071 nach griechischen, arabischen, syrischen und armenischen Quellen (em alemão). Bruxelas: Éditions de l'Institut de Philologie et d'Histoire Orientales
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt
- Trombley, Frank (1997). «The Taktika of Nikephoros Ouranos and Military Encyclopaedism». In: Peter Binkley. Pre-Modern Encyclopaedic Texts: Proceedings of the Second COMERS Congress, Groningen, 1-4 July 1996. Leiden, Holanda e Nova Iorque: Brill. pp. 261–274. ISBN 978-90-04-10830-1