Debora Diniz
Debora Diniz Rodrigues (Maceió, 22 de fevereiro de 1970) é uma antropóloga, professora universitária, pesquisadora, ensaísta, e documentarista brasileira. Desenvolve projetos de pesquisa sobre bioética, feminismo, direitos humanos, e saúde.
Debora Diniz | |
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Debora Diniz na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, em 2015 | |
Nascimento | 22 de fevereiro de 1970 (54 anos) Maceió, Alagoas |
Nacionalidade | Brasileira |
Alma mater | Universidade de Brasília |
Instituições | Faculdade de Direito da Universidade de Brasília |
Campo(s) | Antropologia Direitos Humanos Metodologia Científica Saúde Pública Saúde Coletiva |
Biografia
editarGraduada em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (1992), concluiu o mestrado em Antropologia (1995), e o doutorado em Antropologia (1999) na mesma universidade. Realizou estágios de pós-doutoramento no Instituto de Medicina Social da UERJ (2003), na Universidade de Toronto — Faculty of Law (2010), e na Universidade de Michigan — Law School (2010).[1][2]
Foi palestrante visitante na Universidade de Leeds (Gender Studies), na UERJ (Instituto de Medicina Social); no Instituto Oswaldo Cruz (Comunicação, Informação e Saúde), na Universidade de Michigan (Law Faculty); na Universidade de Toronto (Law Faculty e Joint Center for Bioethics); na Universidade Sofia, em Tóquio (Iberoamerican Institute), no Cermes — Centre de recherche médecine, sciences, santé, santé mentale, société,[3] na França; na Universidade da Califórnia em Berkeley (Sociology Department); e na Universidade de Leiden (Department of Anthropology).[4][5][6]
Pesquisadora e cofundadora da Anis — Instituto de Bioética,[7] é também membra da Câmara Técnica de Ética e Pesquisa em Transplantes do Ministério da Saúde, e membra do Advisory Committee do Global Doctors for Choice/Brasil.[8] É também vice-chair do board da International Women's Health Coalition.[9]
Integra a equipe do blogue Vozes da Igualdade.[10] Dentre suas pesquisas mais relevantes, está a Pesquisa Nacional de Aborto — PNA, publicada em 2010, que mostrou que uma em cada cinco mulheres até os 40 anos já fez, pelo menos, um aborto, o que representa cerca de cinco milhões de mulheres.[11] A PNA foi coordenada por Debora Diniz e pelo economista e sociólogo Marcelo Medeiros, que é professor da Universidade de Brasília, e pesquisador do IPEA — Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O estudo foi publicado em duas fases, em 2010 e em 2012, na Revista Ciência & Saúde Coletiva.[carece de fontes]
Em 2009, lançou seu sexto documentário, A Casa dos Mortos, sobre o cotidiano de pacientes internados no manicômio judiciário de Salvador. A partir do lançamento do filme, passou a se debruçar pelo tema dos manicômios judiciários. Em 2013, publicou os resultados do I Censo nos Estabelecimentos de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Brasil. Esta foi a primeira contagem da população vivendo em manicômios judiciários brasileiros. O estudo mostrou que um em cada quatro indivíduos não deveria estar internado.[12][13]
Diniz também foi cocoordenadora de um estudo censitário sobre os serviços de aborto legal no Brasil, em parceria com o médico Alberto Pereira Madeiro. Com a avaliação de 68 serviços em todo o Brasil, pesquisadores mostraram existir um distanciamento entre a previsão legal e a realidade dos serviços, e que exigências para o acesso ao aborto legal, não previstas em lei, dificultam o acesso das mulheres aos serviços.[14] O estudo foi publicado em 2016 na Revista Ciência & Saúde Coletiva.
Até 2016, Debora Diniz havia recebido cerca de 90 prêmios por seus documentários ou por seus trabalhos acadêmico-científicos. Um dos mais importantes foi o Fred L. Soper Award for Excellence in Public Health Literature, da Organização Pan-Americana de Saúde, em 2012, pela publicação dos resultados da Pesquisa Nacional de Aborto. Diniz recebeu menção honrosa, em dezembro de 2009, com o décimo prêmio de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo, na categoria individual por "sua contribuição para a difusão, a disseminação e a divulgação dos Direitos Humanos no Brasil".[15]
Seu livro mais recente, Cadeia: relatos sobre mulheres (Civilização Brasileira), foi publicado em 2014.[16]
Exílio
editarEm julho de 2018, Debora Diniz foi obrigada a interromper sua carreira de professora do curso de Direito na Universidade de Brasília, após receber ameaças de morte por parte de grupos fundamentalistas cristãos, em consequência de sua militância nas questões de gênero e aborto. Licenciou-se então da Universidade e foi inclusa no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do governo federal. Atualmente, autoexilada, vive em Nova York.[17][18]
Prêmios
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Livros publicados
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Filmografia
editar- 2017 - Hotel Laide
- 2016 - Zika
- 2009 - A Casa dos Mortos
- 2007 - Solitário Anônimo
- 2006 - À Margem do Corpo
- 2006 - Quem são Elas?
- 2005 - Habeas Corpus
- 2005 - Uma História Severina
Referências
- ↑ Pontes, Vanila (20 de novembro de 2020). «OAB SP realiza o XXXVI Prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth». OABSP. Consultado em 7 de fevereiro de 2021
- ↑ Lobo, Juliana Aguilera (2 de junho de 2020). «Conheça Debora Diniz, antropóloga referência na discussão sobre igualdade de gênero e saúde pública no Brasil durante epidemias». Coronavírus (COVID-19) | Especial Blogs de Ciências da Unicamp. Consultado em 7 de fevereiro de 2021
- ↑ Cermes
- ↑ Página de Débora Diniz. Direito. UnB.
- ↑ «Currículo do Sistema de Currículos Lattes (Debora Diniz)». buscatextual.cnpq.br. Consultado em 19 de fevereiro de 2016
- ↑ «Entrevista». revistaepoca.globo.com. Consultado em 6 de julho de 2010
- ↑ Anis - Instituto de Bioética
- ↑ Global Doctors for Choice /Brasil
- ↑ International Women's Health Coalition. Debora Diniz
- ↑ Vozes da Igualdade
- ↑ Toledo, Karina (22 de maio de 2010). «1 em cada 5 mulheres de 40 anos fez aborto». São Paulo: Grupo Estado. Estadão. Consultado em 19 de fevereiro de 2016
- ↑ Barreto, Luciana (14 de dezembro de 2012). «Censo inédito aponta violações aos direitos humanos nos manicômios judiciários do país». Brasília: UnB. UnB Ciência. Consultado em 22 de fevereiro de 2016
- ↑ Barreto, Luciana (4 de março de 2013). «Censo inédito sobre hospitais-presídios pode ser acessado pela internet». Brasília: EBC. Portal EBC. Consultado em 22 de fevereiro de 2016
- ↑ Mariz, Renata (5 de julho de 2015). «Exigências fora da lei dificultam acesso a aborto após estupro, diz pesquisa». Brasília: O Globo. O Globo. Consultado em 22 de fevereiro de 2016
- ↑ «Debora Diniz ganha prêmio de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo». forumplp.org.br. Consultado em 6 de julho de 2010[ligação inativa]
- ↑ «Pesquisa de ISBN». https://www.cblservicos.org.br. Consultado em 2 de março de 2022
- ↑ Lisboa, Ana Paula. «Acadêmicos brasileiros se exilam por ameaças de morte». Consultado em 7 de fevereiro de 2021
- ↑ «Autoexilada em NY, Debora Diniz diz que ameaças não vão silenciar seu ativismo». Revista Marie Claire. Consultado em 7 de fevereiro de 2021
Ligações externas
editar- Diniz, Debora; Medeiros, Marcelo; Barbosa, Lívia (organizadores). Deficiência e igualdade. Brasília: LetrasLivres : Editora Universidade de Brasília, 2010.
- Diniz, Debora. "Antropologia e os limites dos direitos humanos: o dilema moral de Tashi". In Novaes, Regina Reyes; Lima, Roberto Kant de (orgs.) Antropologia e direitos humanos. Niterói : EdUFF, 2001, pp 17-46.