Denov
Denov (em russo: Денау; romaniz.: Denau; em tajique: Деҳнав; romaniz.: Dehnav) é uma cidade da província de Surcã Dária (Surxondaryo) do sudeste do Usbequistão, situada nos montes Gissar, junto à fronteira com o Tajiquistão. É a capital do distrito homónimo em 2015 tinha 114 090 habitantes.[1] O seu nome em russo, que ainda é de uso comum, deriva da palavra tajique деҳнав, que significa "aldeia nova".
Denov
Denau • Dehnav
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Localidade | |
Madraça Saíde Atalique (Sayyid Atalik) do século XVI | |
Localização | |
Localização de Denov no Usbequistão | |
Coordenadas | 38° 16′ N, 67° 54′ L |
País | Uzbequistão |
Província | Surcã Dária |
Distrito | Denov |
Características geográficas | |
Área total | 21,9 km² |
População total (2015) [1] | 114 090 hab. |
Densidade | 5 209,6 hab./km² |
Altitude | 520 m |
História
editarA zona de Denov fez parte da região histórica de Chaganiã, pelo que teve grande autonomia desde a Alta Idade Média até ao início do século XX, embora nominalmente tivesse feito parte de diversos estados, os últimos deles o Canato e o Emirado de Bucara, como os quais tinha algumas relações com a "capital oriental" Gissar (ou Hissor, atualmente no Tajiquistão) e aos quais pagava impostos e fornecia soldados e mulheres belas para o harém do cã. Foi uma área onde eram frequentes as rebeliões e onde usualmente havia muitos bandidos, que infestavam as montanhas. Em 1880, o emir de Bucara praticamente destruiu a cidade durante uma expedição punitiva. Mais tarde, na primeira metade do século XX, após 1917, durante a Guerra Civil Russa e anos seguintes, os guerrilheiros basmachis tomaram o lugar dos bandidos nas montanhas vizinhas.[2]
As primeiras fonets históricas que mencionam cidade são do século XVII e descrevem-na como um grande centro de prdoução artesanal, nomeadamente ferramentas e armas, joias, cerâmica e vasilhame de metal. Nos séculos XIX e XX entrou em decadência. Entre 1925 e 1930 foi o centro administrativo da região de Surcã Dária. Em 1928–1932, a construção da linha férrea entre Jarkurgan e Duchambé, que passa em Denov, contribuiu para o desenvolvimento industrial, principalmente de atividades ligadas à agricultura.[3]
Geografia e economia
editarA cidade situa-se 140 km a nor-nordeste de Termez, a capital provincial, 360 km a sudeste de Samarcanda, 570 km a sul-sudoeste de Tasquente e 100 km a oeste–sudoeste de Duchambé, a capital do Tajiquistão (distâncias por estrada). É a cidade mais próxima dos sítios arqueológicos de Khalchayan e Dalverzim Tepe, que floresceram principalmente durante o período cuchana (30–375 d.C.).
Denov encontra-se num vale montanhoso de clima subtropical, limitado a norte e a leste pela cordilheira de Gissar e a oeste pela cordilheira de Chulbair. Devido a ser servida pela estrada internacional que liga um posto fronteiriço importante com o Tajiquistão, é um polo de regional de transportes.[4] O rio Sangardak atravessa a cidade, antes de desaguar no Surcã Dária cerca de 10 km a sudeste de Denov.[3]
A economia local baseia-se sobretudo no comércio com o Tajiquistão e na agricultura, a qual é favorecida pelo clima ameno do vale em que se situa. Um dos vários produtos agrícolas regionais é o vinho.[5] As indústrias mais importantes estão ligadas à agricultura, nomeadamente à cultura de algodão, reparação de motores e fabrico de tijolos. Na cidade há um instituto de investigação em horticultura e vitivinicultura.[3]
Principais atrações turísticas
editarMadraça Saíde Atalique
editarConstruída na segunda metade do século XVI, a Madraça (Sayyid Atalik) é uma das maiores madraças da Ásia Central. No século XVII foi descrita pelo historiador de Balque Mamude ibne Vali na sua enciclopédia geográfica. Originalmente fazia parte dum conjunto monumental kosh e até ao início do século XX havia uma madraça de menores dimensões no mesmo eixo da Saíde Atalique.[6]
A madraça tem planta retangular, alongada na direção norte-sul. O pátio central é rodeado por dois andares de lógias onde se encontra as hujras (celas-dormitório dos estudantes). O nicho do ivã (portal) principal é incomum pois tem a forma dum semioctaedro. No parte interior há uma série de cúpulas baixas e decorações ghanch (pedra semelhante a alabastro esculpida).[6]
O edifício funcionou como escola islâmica até 1935, quando foi encerrada pelas autoridades soviéticas. Reabriu brevemente como madraça entre 1991 e 1997, quando foi fechada para ser restaurada.[6] Depois foi classificada como monumento histórico e por isso pode ser visitada por não muçulmanos,[4] apesar das obras de restauro não terem chegado a ser concluídas por falta de verbas.[2]
Arboreto R. Shreder
editarSituado a sul do centro de Denov, o Arboreto R. Shreder tem mais de mil espécies de plantas nativas e não nativas, que foram sendo colecionadas por cientistas e oferecidas por visitantes oficiais. Ali se encontram árvores, ervas e flores comuns indígenas do Usbequistão e outras espécies não nativas, como árvores-da-borracha, bambu, sequóias e uma coleção notável de diospireiros.[4]
Fortaleza de Iurchi
editarSituada a 8 km da cidade, na estrada para Termez, Iurchi (ou Yurchi) é uma fortaleza feudal arruinada do século X, feita em adobe, que em tempos teve uma torre impressionante.[7]
Notas e referências
editar- Parte do texto foi inicialmente baseado na tradução do artigo «Denov» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).
- ↑ a b «Denov» (em inglês). www.city-facts.com. Consultado em 10 de dezembro de 2020
- ↑ a b MacLeod, Calum; Mayhew, Bradley (2017), Uzbekistan – The Golden Road to Samarkand, ISBN 978-962-217-837-3 (em inglês) 8.ª ed. , Hong Kong: Odyssey Books & Maps, p. 240
- ↑ a b c «Дена́у» [Denau] (em russo). Grande Enciclopédia Russa. Bigens.ru. Consultado em 10 de dezembro de 2020
- ↑ a b c Ibbotson, Sophie; Burford, Tim (2020), Uzbekistahn, ISBN 9781784771089 (em inglês) 3.ª ed. , Chesham: Bradt Travel Guides, p. 195
- ↑ «Travel Guide to Denau (Denov)» (em inglês). Caravanistan.com. Consultado em 10 de dezembro de 2020
- ↑ a b c «Madrassah Sayid Atalik: Historical monuments of Termez and the Surkandarya region». www.orexca.com. Consultado em 10 de dezembro de 2020
- ↑ Rickmers, W.R. (2005), The Duab of Turkestan, The CUP Archive, p. 466