Dinastia dos Amalos
Os Amalos (em alemão: Amaler; em latim: Amali), também conhecidos como Amalingos ou Amelungos, foram uma dinastia reinante dos godos, um povo germânico que entrou em contado com o Império Romano a partir o século III. A origem e história dos Amalos é descrita na obra Gética de Jordanes, na qual é fornecida uma genealogia das 19 gerações de governantes Amalos, desde seu fundador Gaute até Vitige (r. 536–540), que ligou-se à família por seu casamento com Matasunta.[1]
Os Amalos posteriormente tornaram-se a casa real dos ostrogodos e fundaram os Reinos Ostrogóticos da Panônia e Itália. Durante o reinado do rei Alarico II (r. 484–507) do Reino Visigótico, o casamento do rei com Teodegoda, filha de Teodorico, o Grande (r. 474–526), levou a união das casas dinásticas visigótica e ostrogótica; dessa união nasceu Amalarico (r. 511–531).[2]
Genealogia
editarDe acordo com o relato de Jordanes a genealogia dos Amalos é como se segue:[1]
“ | Agora o primeiro destes heróis, como eles próprios relatam em suas lendas, era Gaute, que gerou Hulmul. E Hulmul gerou Hagal; e Hagal gerou ele que foi chamado Amal, de quem o nome do Amalos advém. Esse Amal gerou Hisarna. Hisarna, além disso, gerou Ostrogoda, e Ostrogoda gerou Hunuino, e Hunuino por sua vez gerou Atal. Atal gerou Aquiulfo e Odulfo. Agora Aquiulfo gerou Ansila e Ediulfo, Vultulfo e Hermenerico. E Vultulfo gerou Valaravano e Valaravano gerou Vinitário. Vinitário, além disso, gerou Vandalário; Vandalário gerou Teodomiro e Valamiro e Videmiro; e Teodomiro gerou Teodorico. Teodorico gerou Amalasunta; Amalasunta gerou Atalarico e Matasunta de seu marido Eutarico, cuja raça foi assim unida a dela em parentesco.
O supracitado Hermenerico, o filho de Aquiulfo, gerou Hunimundo, e Hunimundo gerou Torismundo. Agora Torismundo gerou Berimundo, Berimundo gerou Veterico e Veterico, por sua vez, gerou Eutarico, que casou com Amalasunta, e gerou Atalarico e Matasunta. Atalarico morreu nos anos de sua infância, e Matasunta casou com Vitige, de quem ela não gerou filho. Ambos foram levados juntos por Belisário para Constantinopla. Quando Vitige passou dos assuntos humanos, Germano, o patrício, um primo do imperador Justiniano, tomou Matasunta em casamento e a fez uma patrícia ordinária. E dela ele gerou um filho, também chamado Germano. Mas após a morte de Germano, ela determinou-se a permanecer uma viúva. |
” |
História
editarSegundo a Gética, em algum momento após a migração gótica de Gotiscandza para Aujo sob Filímero, os ostrogodos (grutungos) passaram a ser governados pelos Amalos, enquanto os visigodos (tervíngios) pelos Baltos.[3] Os Amalos permaneceram uma família grutunga proeminente, principalmente durante o reinado de Hermenerico, no século IV. Nesse período, os hunos sob Balamber atacaram os godos e fizeram dos grutungos seus vassalos.[4] Os Amalos continuaram a reinar sob suserania huna e participaram na batalha dos Campos Cataláunicos sob Átila, o Huno (r. 434–453).[5]
Com a morte de Átila, os irmãos Teodomiro (r. 451–474/475), Valamiro (r. 451–465) e Videmiro (r. 451–473) rebelaram-se contra os hunos, derrotando-os na batalha de Nedao e conseguindo a independência de seu povo. Depois disso, foram reassentados na Panônia sob consentimento do imperador Marciano (r. 450–457) e fundaram um Reino Federado na região.[6] Teodorico, o Grande, filho de Teodomiro, em 493, fundaria o Reino Ostrogótico da Itália.[7] Em ca. 494, uniu as dinastia ostrogótica e visigótica com o casamento de sua filha Teodegoda com Alarico II (r. 484–507)[2] e mais adiante, em 515, uniu os dois ramos Amalos existente ao casar sua outra filha Amalasunta com Eutarico.[8][1]
Na literatura
editarNa Canção dos Nibelungos e alguns outros poemas épicos medievais germânicos, os seguidores de Teodorico de Verona são referidos como Amelungos. Em outros casos, Amelungo é reinterpretado como o nome dos ancestrais de Teodorico.[9] A Crônica dos Imperadores também refere-se a família de Teodorico como Amelungos,[10] e em uma carta do bispo Meinardo de Bamberga,[11] bem como nos Anais de Quedlimburgo, Amelungo é usado para referir-se ao próprio Teodorico.[12]
Referências
- ↑ a b c Jordanes, XIV.79-82.
- ↑ a b Cameron 2000, p. 122.
- ↑ Jordanes, V.42.
- ↑ Jordanes, XXIV.129.
- ↑ Martindale 1980, p. 1069.
- ↑ Wolfram 1990, p. 261.
- ↑ Bury 1923, XII.454-455.
- ↑ Hodgkins 1891, cáp. 13.
- ↑ McConnell 2013, p. 51-52.
- ↑ Massmann 1854, p. 942.
- ↑ Kramarz-Bein 1996, p. 245.
- ↑ Teodorico de Verona 1953, p. 12.
Bibliografia
editar- Bury, J. B. (1923). History of the Later Roman Empire. Londres: Macmillan & Co., Ltd
- Cameron, Averil; Bryan Ward-Perkins; Michael Whitby (2000). The Cambridge Ancient History, Volume 14 - Late Antiquity: Empire and Successors, A.D. 425-600. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-32591-9
- Hodgkins, Thomas (1891). Theodoric the Goth. Nova Iorque e Londres: G. P. Putnam's sons
- Kramarz-Bein, Susanne (1996). Hansische Literaturbeziehungen: Das Beispiel der Þhiðreks saga und verwandter Literatur. Berlim: Walter de Gruyter
- Martindale, J. R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1980). The prosopography of the later Roman Empire - Volume 2. A. D. 395 - 527. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press
- Massmann, Hans F. (1854). Der Kaiserchronik dritter Theil: 1,4,3. [S.l.]: Druck und Verlag von Gottfr. Basse
- McConnell, Winder; Wunderlich, Werner; Gentry, Frank; Mueller, Ulrich (2013). The Nibelungen Tradition: An Encyclopedia. Londres: Routledge. ISBN 1136750193
- Teodorico de Verona (1953). Le cycle de Dietrich: morceaux choisis. Avec introd. Paris: Aubier-Montaigne
- Wolfram, Herwig (1990). History of the Goths. Berkeley, Los Angeles e Londres: University of California Press. ISBN 9780520069831