Discussão:Trabalho escravo na União Soviética
Há muitos erros nesse artigo, mas gostaria de destacar, por ora, apenas a seção intitulada "Trabalho escravo Pré-Gulag da Antiga Rússia e União Soviética". Apesar do título, não há nenhuma referência direta à trabalho escravo nesta seção. O mais próximo que poderia ser considerado algo análogo à escravidão, na visão do autor, seria a implementação do Serviço Obrigatório de Trabalho na URSS. Tal visão é expressa pela análise negativa que o autor do artigo faz a respeito do fato de que os trabalhadores seriam "solicitados" (expressão utilizada no artigo) pelo poder público a exercer profissão em área que não é sua especialidade, caso não houvesse oferta de empregos em ofício de maior afinidade da ou do trabalhador. No entanto, adiante no mesmo parágrafo, afirma-se que o trabalho em geral da URSS era remunerado, com jornada fixa de oito horas, suscetível à negociações entre assalariados e patronato. Sendo assim, onde está a evidência de trabalho escravo no contexto "pré-Gulag"?
O artigo em português da Wikipedia sobre Escravidão diz: "A escravidão (denominada também de escravismo, escravagismo ou escravatura[1]) é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, imposta por meio da força. Em algumas sociedades, desde os tempos mais remotos, os escravos eram legalmente definidos como uma mercadoria ou como despojos de guerra. Os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, idade, procedência e destino." Não há evidências, no parágrafo que está sendo discutido, a respeito de que o Estado Soviético adquiria direitos de propriedade a respeito das e dos cidadãos somente por conta da implementação do Serviço Obrigatório de Trabalho. Inclusive há evidências contrárias apresentadas no próprio artigo, visto que a relação de mercadoria se dá com a força de trabalho, e não com a pessoa em si, fato evidenciado pela existência das relações assalariadas de produção. Nesse caso, poderia se invocar a definição de "trabalho análogo à escravidão" para descrever relações de trabalho extremamente precárias, mas tal afirmação não é feita no artigo.
Utilizando a lógica do autor, poderia se afirmar que o Serviço Militar Obrigatório, utilizado em uma série de países incluso o Brasil em períodos de guerra, configuraria necessariamente em trabalho escravo, por ser uma demanda do Estado para com os cidadãos a ele subordinados que é garantida através da força. No entanto, o artigo da Wikipédia sobre a prática da Conscrição não afirma que tal prática configura necessariamente em prática escravagista — embora o artigo apresente o ponto de vista de autores que defendem esse posicionamento. Afirmar que toda coerção estatal que objetiva fazer com que determinada população se dedique à determinada área de trabalho configura em prática escravagista é uma afirmação que necessita ser bem embasada para ser defendida — e mesmo nesse caso, pelo princípio da objetividade, deve-se demonstrar quais são os autores que defendem que essa afirmação é verdadeira e o contexto em que se encontram, preferencialmente diferenciando das e dos autores que opinam diferentemente. Isso é feito de forma mais qualificada no artigo da "Conscrição", sendo feita de forma empobrecida nesse artigo em questão, que não cita um autor que defenda explicitamente que existiam relações escravagistas na URSS pré-Gulag.
O artigo todo é a tradução de artigo em inglês, que por sua vez também é objeto de crítica na sua seção de discussão original. Deveria ser inteiramente revisto, visto que também mistura coisas distintas como a guerra contra os kulaks, kolkhozes e escravidão de forma simplificada e muito pouco satisfatória para conseguir contemplar a complexidade do debate proposto. Aliás, a afirmação de que os Gulags inspiraram os campos de concentração nazistas não tem nenhuma referência bibliográfica, nem no artigo em português, nem no artigo em inglês. 189.27.170.92 (discussão) 07h59min de 15 de dezembro de 2020 (UTC) Comentarista