"Duane Barry" é o quinto episódio da segunda temporada da série de ficção científica The X-Files. Ele foi exibido pela primeira vez nos Estados Unidos e Canadá no dia 14 de outubro de 1994 pela Fox. O episódio foi escrito e dirigido pelo criador e produtor executivo Chris Carter. "Duane Barry" teve um índice Nielsen de 8.9 e foi assistido por 8.5 milhões de domicílios. O episódio foi bem recebido pela crítica.

"Duane Barry"
5.º episódio da 2.ª temporada de The X-Files
Duane Barry
Duane Barry é abduzido por alienígenas.
Informação geral
Direção Chris Carter
Escritor(es) Chris Carter
Código(s) de produção 2X05
Duração 43 minutos
Transmissão original 14 de outubro de 1994
Convidados

Steve Railsback como Duane Barry
Nicholas Lea como Alex Krycek
CCH Pounder como Lucy Kazdin
Stephen E. Miller como Comandante Tático
Frank C. Turner como Dr. Hakkie
Fred Henderson como Agente Rich
Barbara Pollard como Gwen
Sarah Strange como Kimberly
Robert Lewis como Oficial
Tosca Baggoo como Atendente
Tim Dixon como Bob
Prince Maryland como Agente Janus
Michael Dobson como Atirador #1
John Sampson como Atirador #2

Cronologia
"Sleepless"
"Ascension"
Lista de episódios

No enredo, Fox Mulder se envolve em uma negociação de reféns com Duane Barry, um homem que acabou de fugir de um hospital psiquiátrico e que alega ter sido abduzido por alienígenas várias vezes. A história de "Duane Barry" foi um ponto chave para The X-Files, marcando o início dos eventos que levariam a abdução de Dana Scully e que posteriormente a fariam desenvolver câncer na quarta e quinta temporadas. Ele também levou ao nascimento de seu filho, William, no final da oitava temporada.

O episódio marcou a estreia de Carter na direção. Apesar de nunca ter trabalhado como diretor antes, ele acabaria por dirigir episódios como "The List", "The Post-Modern Prometheus", "Triangle" e "Improbable", além do filme The X-Files: I Want to Believe. A história de "Duane Barry" foi inspirada pela verdadeira história de Phineas Gage, um conhecido caso médico do século XIX.

Enredo

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Em 1985, na cidade de Pulaski, Virgínia, Duane Barry é abduzido por alienígenas. Oito anos depois, Barry tornou-se um violento paciente em um hospital psiquiátrico, recusando-se a tomar seus medicamentos e insistindo de que os alienígenas estão voltando para pegá-lo. Ele ataca um guarda e rouba sua arma, levando o Dr. Hakkie, o psiquiatra chefe, como refém antes de escapar. Barry quer voltar ao lugar de sua abdução original junto com o Dr. Hakkie, esperando que os alienígenas levem o médico em seu lugar. Porém, como não consegue lembrar-se do exato local, ele vai para uma agência turismo em Richmond e pega três atendentes como reféns.

Fox Mulder e Alex Krycek são chamados pela Agente Lucy Kazdin para a negociação dos reféns, já que Barry insiste já ter sido abduzido. Mulder liga para Dana Scully pedindo ajuda, querendo que ela pesquise o histórico de Barry. Mulder atua como o negociador, ligando para Barry para que o homem confie nele e termine a situação pacificamente. Barry descobre o plano, fazendo Mulder descobrir que ele é um ex-agente do FBI. Ocorre uma queda de energia, assustando Barry a ponto dele disparar sua arma, acertando um dos reféns. Mulder entra na agência de turismo como paramédico. Barry solta o refém ferido em troca de Mulder, que é instruído a fazer com que Barry vá para a porta da agência para que atiradores de elite disparem contra ele.

Scully chega no local e revela que o lobo frontal do cérebro de Barry foi danificado quando ele foi baleado na cabeça em 1982; ela acha que o ferimento transformou o homem em um mentiroso patológico psicopata. Mulder fala com Barry, que afirma que os alienígenas realizaram dolorosos teste nele e colocaram dispositivos de rastreamento no seu corpo. Mulder, contra as ordens de Kazdin, diz a Barry que ele acredita na história, convencendo-o a libertar duas reféns. Porém, quando Mulder pergunta se ele está mentindo, Barry fica furioso. Mulder engana Barry e o faz ir até a porta, onde ele é baleado por um atirador de elite.

No dia seguinte, Mulder visita Barry no hospital. A Agente Kazdin o recebe, revelando que implantes metálicos foram encontrados no corpo de Barry e que pequenos buracos foram achados nos seus dentes, da mesma maneira que ele havia descrito anteriormente. Mulder entrega um dos implantes a Scully, que o manda para um especialista em balística; eles encontram um código de barras microscópico implantado no objeto. Mais tarde, em um supermercado, Scully passa o implante no leitor de código de barras do caixa, fazendo a máquina entrar em pane e exibir um estranho número de série. Em casa, Scully deixa uma mensagem na secretária eletrônica de Mulder, sugerindo que Barry havia sido "catalogado" com o implante. Logo em seguida, Barry, que havia fugido do hospital, invade a casa de Scully e a sequestra.[1][2]

Produção

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Parte do episódio foi inspirado na história real de Phineas Gage

Desenvolvimento

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"Duane Barry" foi originalmente planejado como um episódio independente pertencente ao arco de mitologia da série, porém a gravidez da atriz Gillian Anderson levou à criação de uma história em duas partes, já que a equipe precisava fazer Dana Scully desaparecer para Anderson poder dar à luz. O episódio seguinte, "Ascension", foi escrito por Paul Brown.[3]

A grande inspiração de Carter para o episódio veio da história de Phineas Gage, um homem que passou por uma grande mudança pessoal após um acidente ter feito uma barra de ferro atravessar sua cabeça.[3] Porém, a ideia de que Gage tornou-se violento, amoral e um mentiroso patológico como Scully o descreve não tem nenhuma fundação histórica.[4][5] A ideia dos alienígenas usarem uma broca dentária em Barry foi inspirada pelo vizinho de Carter, que disse ter sido abduzido e que os alienígenas fizeram buracos em seus dentes – um dentista posteriormente os analisou e disse que eles não poderiam ter sido feitos com os equipamentos que ele conhecia.[6]

Os alienígenas vistos no início do episódio foram interpretados por crianças. Carter escreveu o papel de Duane Barry com Steve Railsback em mente, dizendo "Eu tinha resistido a escolha de nomes conhecidos porque isso te tira do programa; faz o programa menos crível. Mas há atores que gritam para o papel".[7] Originalmente, o personagem chamaria-se Duane Garry, porém foi alterado para Duane Barry depois da equipe ter descoberto a existência de uma pessoa com esse mesmo nome dentro do FBI. Carter afirmou não ter gostado do nome inicialmente, mas com o tempo ele se acostumou.[3]

Filmagens

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"Foi na verdade um bom teste das minhas habilidades. Eu vinha me comunicando com diretores por 30 episódios, dizendo a eles o que eu queria. Agora era a chance de mostrar a eles o que eu queria."
— Chris Carter[6]

Este episódio marcou a estreia de Carter na direção. Sendo seu primeiro trabalho como diretor, David Nutter o ajudou e o aconselhou sobre o que fazer. Com o auxílio de Nutter, Carter aprendeu como decupar cenas. Ao comentar sua experiência, ele disse que algumas vezes seguia os conselhos de Nutter "à risca". Ao dirigir o episódio, Carter queria criar um clima diferente, focando-se mais nas interpretações dos atores.[3] Carter declarou que dirigindo foi que ele aprendeu sobre "coisas que você assume serem garantidas como roteirista e produtor" e que levam a "concessões" para aquilo que não podia ser feito em tela,[6] comparando o episódio com uma peça de teatro já que sua maior parte se passa em um único local, a agência de turismo.[8]

Durantes as filmagens da abdução de Barry, a equipe gastou todo um rolo de filme, que, de acordo com Carter, deu a cena um "efeito bem misterioso".[3] Filmar aquela cena foi uma "verdadeira prova" para ele.[9] Carter ficou satisfeito com o resultado, dizendo ter conseguido mostrar aos telespectadores sua verdadeira visão para The X-Files.[10] A equipe dos efeitos visuais colocou uma enorme luz sobre a casa onde Barry é abduzido. Demorou 45 minutos para gravar a cena. De acordo com Carter, trabalho em equipe foi essencial para realizar a cena. Ele comenta que foi forçado a ficar "atrás das câmeras" para ver os resultados finais.[3] Para os experimentos, Railsback foi colocado em um molde plástico de suas costas enquanto era levantado por um dispositivo hidráulico, e teve água esguichada de sua boca para a broca dentária.[11]

Repercussão

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"Duane Barry" estreou na Fox no dia 14 de outubro de 1994. O episódio teve um índice Nielsen de 8.9 e uma participação de 16 pontos, significando que aproximadamente 8.9% de todos os domicílios com televisão e 16% dos domicílios com televisões ligadas estavam assistindo ao episódio. Ele foi assistido por 8.5 milhões de domicílios.[12] A atriz CCH Pounder foi indicada ao Primetime Emmy Award de "Melhor Atriz Convidada em Série Dramática", enquanto Carter recebeu uma indicação na categoria de "Melhor Roteiro em Série Dramática".[13] O episódio também foi indicado nas categorias de "Melhor Realização Individual de Edição de Som para uma Série" e "Melhor Realização Individual em Edição para uma Série – Produção de Câmera Única".[14] O diretor de fotografia John S. Bartley também recebeu uma indicação do American Society of Cinematographers por "Melhor Realização em Televisão Episódica".[9]

O episódio foi bem recebido pela equipe e elenco da série. O produtor Joseph Patrick Finn elogiou a direção de Carter, dizendo "Todos estávamos nervosos fazendo aquele, porque Chris Carter era um diretor novato. Acabou que ele dirigiu muito bem ... era um grande roteiro, um grande elenco e ele acabou dirigindo um golaço. Uma das melhores coisas foi seu final, onde temos essas cabeças alienígenas colocadas em crianças. Foi tão encantador vê-los no cenário entre as tomadas, brincando com Chris e todo mundo".[15] O ator David Duchovny comentou a direção de Carter, "Chris apareceu meticulosamente preparado, o que é sua natureza. Acho que seu primeiro episódio foi ótimo".[16] O próprio Carter descreveu "Duane Barry" como um de seus episódios favoritos, porque "era minha chance de meio que fazer tudo, e saiu bem melhor do que eu havia imaginado".[6]

O episódio recebeu críticas muitos positivas. Matt Roush do USA Today afirmou que a interpretação de Railsback como Duane Barry rivalizava com sua interpretação de Charles Manson na minissérie Helter Skelter.[17] O Contra Costa Times chamou o episódio de "seminal".[18] O San Jose Mercury News disse que Railsback deu a "interpretação definitiva de The X-Files.[19] Robert Shearman e Lars Pearson, no livro Wanting to Believe: A Critical Guide to The X-Files, Millennium & The Lone Gunmen, deram ao episódio uma nota cinco estrelas de cinco. Os dois o chamaram de o "melhor da carreira de Chris Carter" e elogiaram o roteiro e a direção, percebendo que ambos foram feitos "vigorosamente" e "apaixonadamente". Shearman e Pearson aplaudiram a simplicidade de "Duane Barry", citando esse aspecto como o fato que o fez se destacar dentre o resto.[20] Escrevendo para a The A.V. Club, Zack Handlen o nomeou como um episódio "essencial" de The X-Files. Além disso, ele elogiou a interpretação de Railsback, dizendo que "há uma grande intensidade em suas melhores interpretações que faz impossível você desviar o olhar dele; mas você ainda consegue aceitar ao pé da letra tudo o que ele diz".[21]

Referências

  1. Lowry 1995, pp. 171-172
  2. Lovece 1996, pp. 117-119
  3. a b c d e f Carter, Chris. The X-Files Mythology, Volume 1 – Abduction: comentário em áudio de "Duane Barry" [DVD]. Estados Unidos: Fox Home Entertainment, 2005.
  4. Macmillan 2000, pp. 116-119
  5. Macmillan, Malcolm; Lena, M. L. «Rehabilitating Phineas Gage». Neuropsychological Rehabilitation. 20: 1-8. PMID 20480430. doi:10.1080/096020110037605 
  6. a b c d The X-Files – The Complete Second Season: "Chris Carter Talks About Season 2: 'Duane Barry'" [DVD]. Estados Unidos: Fox Home Entertainment, 2000.
  7. Hurwitz & Knowles 2008, p. 57
  8. The X-Files – The Complete Second Season: "The Truth About Season Two" [DVD]. Estados Unidos: Fox Homem Entertainment, 2000.
  9. a b Lovece 1996, p. 120
  10. Edwards 1996, p. 100
  11. ''The X-Files – The Complete Second Season: "Behind the Truth: 'Duane Barry'" [DVD]. Estados Unidos: Fox Homem Entertainment, 2000.
  12. Lowry 1995, p. 249
  13. Lowry 1995, p. 172
  14. «Awards Search». Primetime Emmy® Award Database. Consultado em 10 de janeiro de 2013 
  15. Edwards 1996, pp. 100-101
  16. Hurwitz & Knowles 2008, p. 110
  17. Roush, Matt (14 de outubro de 1994). «Fridays take dramatic turn // Fright, film noir and `Fences' fill the bill». USA Today: 3D 
  18. «Here's a Crash Course on X-Files». Contra Costa Times. 12 de junho de 1998 
  19. «X-Files key players X-Files makes mark on TV Sci-Fi history Alien-spacey show re-establish genre during Skeptical Decade and Created Pop Catchphrases». San Jose Mercury News. 19 de maio de 2002 
  20. Shearman & Pearson 2009, pp. 35-36
  21. Handlen, Zack (22 de agosto de 2008). «"Sleepless/Duane Barry/Ascension"». The A.V. Club. Consultado em 10 de janeiro de 2013 

Bibliografia

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  • Edwards, Ted (1996). X-Files Confidential. [S.l.]: Little, Brown and Company. ISBN 0-316-21808-1 
  • Hurwitz, Matt; Knowles, Chris (2008). The Complete X-Files. [S.l.]: Insight Editions. ISBN 1-933784-80-6 
  • Lovece, Frank (1996). The X-Files Declassified. [S.l.]: Citadel Press. ISBN 0-8065-1745-X 
  • Lowry, Brian (1995). The Truth is Out There: The Official Guide to the X-Files. [S.l.]: Harper Prism. ISBN 0-06-105330-9 
  • Macmillan, Malcolm (2000). An Odd Kind of Fame: Stories of Phineas Gage. [S.l.]: MIT Press. ISBN 0-262-13363-6 
  • Shearman, Robert; Pearson, Lars (2009). Wanting to Believe: A Critical Guide to The X-Files, Millennium & The Lone Gunmen. [S.l.]: Mad Norwegian Press. ISBN 0-9759446-9-X 

Ligações externas

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