Edifício Excelsior
O Edifício Excelsior é um edifício de apartamentos localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, na Rua Riachuelo[1][2]. Foi projetado em 1952 pelo arquiteto Carlos Alberto de Holanda Mendonça (1920-1956) e construído pela construtora Azevedo Bastian e Castilhos (ABC), cujo engenheiro João Carlos Caldeira Bastian assumiu a responsabilidade técnica pelo projeto[1][2].
Edifício Excelsior | |
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Fachada sul do Edifício Excelsior, voltada para a Rua Riachuelo | |
Informações gerais | |
Tipo | Residencial |
Estilo dominante | Modernismo |
Arquiteto | Carlos Alberto de Holanda Mendonça (1920-1956) |
Engenheiro | João Carlos Caldeira Bastian |
Número de andares | 14 |
Geografia | |
País | Brasil |
Cidade | Porto Alegre |
História
editarHolanda Mendonça, alagoano graduado pela Faculdade Nacional de Arquitetura no Rio de Janeiro, foi pioneiro no exercício da arquitetura de linhagem corbusiana em Porto Alegre[3]. De 1947 a 1950, desenvolveu seus primeiros projetos no Rio Grande do Sul pela Secretaria de Obras Públicas (SOP)[1]. Em 1950, o arquiteto se associou à empresa Azevedo Bastian e Castilhos (ABC), firma que viria a se tornar uma das construtoras mais atuantes no mercado imobiliário da década de 1950[1].
Durante a época em que trabalhou para a ABC, o alagoano projetou uma série de edifícios modernistas, como o Edifício Santa Terezinha (1950), o Edifício Formac (1952), o Edifício Vista Alegre (1952), o Edifício Excelsior (1952), o Edifício Cerro Formoso (1952), o Edifício Flores da Cunha (1953), o Edifício Duque de Caxias (1953) e o Edifício São Sebastião (1953)[1].
Após se desligar da ABC em novembro de 1954, Holanda Mendonça montou escritório próprio, a partir do qual projetou outros prédios igualmente relevantes, como o Edifício Consórcio (1956) e o Edifício Santa Cruz (1956), que permanece sendo a construção mais alta de Porto Alegre até a atualidade[1][2][4][5]. A carreira do arquiteto foi interrompida abruptamente com seu falecimento precoce, aos trinta e seis anos de idade, em julho de 1956[1][2].
Arquitetura
editarAo lado do Edifício Cerro Formoso (1952) e do Edifício Vista Alegre (1952), o Edifício Excelsior integra o grupo de edifícios multifamiliares projetados por Holanda Mendonça com a tipologia em “H”, localizando circulação vertical na parte estreita das construções[1]. Esse tipo possibilita a iluminação e a ventilação de compartimentos secundários na faixa intermediária e estreita da planta[2].
Os pavimentos-tipos, que correspondem do segundo ao décimo primeiro andar, são formados por dois apartamentos ligados pela circulação vertical no centro do lote[1]. Apesar disso, o tipo “H” demonstra flexibilidade ao permitir também a existência de pavimentos ocupados por apenas um grande apartamento, do décimo segundo ao décimo quarto andar[1][2].
Implantado em zona nobre do Centro Histórico, em terreno adjacente à Biblioteca Pública do Estado e próximo à Praça da Matriz, o Edifício Excelsior foi originalmente concebido como um projeto de alto padrão[1]. O prédio contava, inclusive, com garagem para automóveis, o que à época era raro e acrescia valor imobiliário à construção[1][2]. O caráter elitizado do empreendimento foi o que viabilizou o tratamento do térreo sem o habitual uso comercial, resultando em espaço de dupla altura recuado e livre na base, ordenado por pilotis que direcionam ao acesso principal[1].
A linguagem da edificação foi trabalhada dentro da sintaxe da Escola Carioca de arquitetura moderna[1]. No lançamento do partido, foi considerada a estratégia moderna da setorização de zonas e acessos, tendo como exemplo os edifícios desenhados por Lúcio Costa (1902-1998) para o Parque Guinle no Rio de Janeiro[2].
Outro elemento que faz referência explícita ao Parque Guinle é a escada semicilíndrica acoplada à fachada oeste, similar à do Edifício Nova Cintra (1948)[2]. Essa solução foi empregada por Holanda Mendonça também no Edifício Santa Terezinha (1950) e no Edifício Cerro Formoso (1952), tanto por razões estéticas quanto pela funcionalidade, uma vez que a escada acabava ocupando menor espaço em planta[2].
A regularidade e o tratamento da fachada sul, voltada para o logradouro público, contrastam com despreocupação em relação à volumetria resultante nas demais fachadas. Embora voltadas para o interior do quarteirão, essas superfícies são visíveis a partir da via pública, sobretudo na empena oeste, ajdacente à Biblioteca Pública[2].
Referências
editar- ↑ a b c d e f g h i j k l m n Bueno, Marcos Flávio Teitelroit (2012). «A obra do arquiteto Carlos Alberto de Holanda Mendonça». Lume (Repositório Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Consultado em 10 de dezembro de 2024
- ↑ a b c d e f g h i j k Gonçalves, Magali Nocchi Collares (2017). «A fronteira do moderno: Holanda Mendonça e a difusão da arquitetura moderna brasileira no sul». Lume (Repositório Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Consultado em 10 de dezembro de 2024
- ↑ «Arquitetura Moderna em Porto Alegre (Parte I): Antecedentes e a linhagem Corbusiana dos anos 50 / Luís Henrique Haas Luccas». ArchDaily Brasil. 8 de julho de 2016. Consultado em 10 de dezembro de 2024
- ↑ ALMEIDA, Guilherme Essvein de; ALMEIDA, João Gallo de; BUENO, Marcos (2010). Guia de Arquitetura Moderna em Porto Alegre. Porto Alegre: EDIPUCRS. pp. 36–37
- ↑ «Arquitetura Moderna em Porto Alegre (Parte II): Entre o "Estilo Internacional" e o padrão brutalista nos anos 60/70 / Luís Henrique Haas Luccas». ArchDaily Brasil. 15 de julho de 2016. Consultado em 10 de dezembro de 2024