Efebo
Efebo (em grego: ἔφηβος, ephebos; pl. efebos, em grego: ἔφηβοι) é um termo para um adolescente do sexo masculino na Grécia Antiga. O termo era particularmente usado para denotar alguém que estava fazendo treinamento militar e se preparando para se tornar um adulto.[1] Por volta de 335 a.C., efebos de Atenas (com idades entre 18 e 20 anos) passaram por dois anos de treinamento militar sob supervisão, durante os quais foram isentos de deveres cívicos e privados da maioria dos direitos cívicos. Durante o século III a.C., o serviço efébio deixou de ser obrigatório e seu tempo foi reduzido para um ano. Por volta do século I a.C., a efébia tornou-se uma instituição reservada a indivíduos ricos e, além do treinamento militar, incluía também estudos filosóficos e literários.[2]
História
editarEmbora a palavra ephebos (de epi "em cima" + hebe "juventude", "início da masculinidade"[3]) possa se referir simplesmente aos jovens adolescentes em idade de treinamento, seu uso principal é para os membros, exclusivamente dessa faixa etária, de uma instituição oficial (ephebia) que cuidava de transformá-los em cidadãos, mas especialmente de treiná-los como soldados, às vezes já enviados para o campo; as cidades-estados gregas (poleis) dependiam principalmente (como a República Romana) de sua milícia de cidadãos para defesa.
Na época de Aristóteles (384–322 a.C.), Atenas gravava os nomes dos efebos inscritos num pilar de bronze (anteriormente em tábuas de madeira) em frente ao conselho da cidade. Após a admissão na escola, o efebo fazia o juramento de aliança (conforme registrado nas histórias de Pólux e Estobeu, mas não em Aristóteles) no templo de Aglauro e era enviado para Muniquia ou Acte como membro da guarnição. No final do primeiro ano de treinamento, os efebos eram avaliados à ação; se seu desempenho fosse satisfatório, o estado fornecia a cada um uma lança e um escudo, que, juntamente com a clâmide (capa) e o pétaso (chapéu de aba larga), constituíam seu equipamento. No segundo ano, eram transferidos para outras guarnições na Ática, patrulhavam as fronteiras e, ocasionalmente, participavam ativamente da guerra. Durante esses dois anos, eles permaneceram isentos de impostos e, em geral, não eram autorizados a comparecer aos tribunais como demandantes ou réus. Os efebos participaram de alguns dos festivais atenienses mais importantes. Assim, durante os Mistérios de Elêusis, eram enviados para buscar os objetos sagrados de Elêusis e escoltar a imagem de Iaco no caminho sagrado. Também desempenhavam tarefas policiais nas reuniões da eclésia.[4]
Após o fim do século IV a.C., a instituição passou por uma mudança radical. O ingresso deixou de ser obrigatório, passou a ter apenas um ano de duração e o limite de idade foi dispensado. Inscrições atestam um número continuamente decrescente de efebos, e com a admissão de estrangeiros a escola perdeu seu caráter nacional representativo. Isso se deveu principalmente ao enfraquecimento do espírito militar e ao progresso da cultura intelectual. O elemento militar não era mais tão importante, e a instituição se tornou uma espécie de universidade para jovens abastados de boa família, cuja posição social foi comparada[por quem?] com a dos "cavaleiros" atenienses de tempos anteriores. A instituição durou até o final do século III d.C.[4]
Nos períodos helenístico e romano, estrangeiros, incluindo romanos, começaram a ser admitidos como efebos. Neste período, a escola de efebos era uma cidade em miniatura, que possuía um arconte, estratego, arauto e outros oficiais, seguindo o modelo da cidade de Atenas.[4]
Escultura
editarNa escultura grega antiga, um efebo é um tipo de escultura que representa um adolescente[5] (ephebos) nu (exemplos do Período Arcaico desse tipo também são frequentemente conhecidos como kouros, ou kouroi no plural). Este nome tipológico geralmente ocorre na forma "o efebo X", em que X é a coleção à qual o objeto pertence ou pertenceu, ou o local em que foi encontrado (por exemplo, o Efebo de Agrigento).
Galeria
editarVer também
editarReferências
- ↑ «Ephebe | Cambridge Dictionary». dictionary.cambridge.org (em inglês). Consultado em 3 de janeiro de 2025
- ↑ «Ephebus | Youth, Education, Training». britannica.com (em inglês). Consultado em 3 de janeiro de 2025
- ↑ Harper, Douglas. «ephebic». Online Etymology Dictionary
- ↑ a b c Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
- ↑ Roccos, Linda Jones (1995). «The kanephoros and her festival mantle in Greek art». The University of Chicago Press. American Journal of Archaeology. 99 (4): 641--666
- H. Jeanmaire, Couroi et Courètes: Essai sur l'éducation spartiate et sur les rites d'adolescence dans l'Antiquité hellénique, Bibliothèque universitaire, Lille, 1939
- C. Pélékidis, Éphébie: Histoire de l'éphébie attique, des origines à 31 av. J.-C., éd. de Boccard, Paris, 1962
- O. W. Reinmuth, The Ephebic Inscriptions of the Fourth Century B.C., Leiden Brill, Leyde, 1971
- P. Vidal-Naquet, Le Chasseur noir et l'origine de l'éphébie athénienne, Maspéro, 1981
- P. Vidal-Naquet, Le Chasseur noir. Formes de pensée et formes de société dans le monde grec, Maspéro, 1981
- U. von Wilamowitz-Moellendorf, Aristoteles: Aristoteles und Athen, 2 vol., Berlin, 1916
Leitura adicional
editar- Budin, Stephanie Lynn (2013). Intimate Lives of the Ancient Greeks. Santa Barbara, CA: ABC-CLIO. ISBN 978-0-31-338572-8
- Dodd, David; Faraone, Christopher A., eds. (2013). Initiation in Ancient Greek Rituals and Narratives: New Critical Perspectives. Londres: Routledge. ISBN 978-1-13-514365-7
- Farenga, Vincent (2006). Citizen and Self in Ancient Greece: Individuals Performing Justice and the Law. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-1-13-945678-4
- Sage, Michael (2002). Warfare in Ancient Greece: A Sourcebook. Londres: Routledge. ISBN 978-1-13-476331-3
Ligações externas
editarMedia relacionados com Efebo no Wikimedia Commons