Efeitos da mudança climática nos seres humanos
Os efeitos da mudança climática nos seres humanos são de longo alcance e incluem: efeitos na saúde, meio ambiente, deslocamento e migração, segurança, sociedade, povoamentos humanos, energia e transporte. A mudança climática trouxe alterações possivelmente irreversíveis aos sistemas geológicos, biológicos e ecológicos da Terra.[1] Essas mudanças levaram ao surgimento de riscos ambientais em grande escala para a saúde humana; tais como condições meteorológicas extremas,[2] destruição da camada de ozônio, aumento do perigo de incêndios florestais,[3] perda de biodiversidade,[4] tensões nos sistemas de produção de alimentos e a propagação global de doenças infecciosas.[5] Além disso, estima-se que as mudanças climáticas causem mais de 150.000 mortes anualmente em 2002, com a Organização Mundial da Saúde a estimar que esse número aumentará para 250.000 mortes anualmente entre 2030 e 2050.[6][7]
Um crescente número de pesquisas explora os muitos impactos da mudança climática na saúde humana, abastecimento de alimentos, crescimento económico, migração, segurança, mudanças sociais e bens públicos, como água potável. As consequências dessas mudanças são provavelmente prejudiciais a longo prazo. Por exemplo, Bangladesh passou por um aumento nas doenças sensíveis ao clima; como malária, dengue, diarreia infantil e pneumonia, entre comunidades vulneráveis.[8] Numerosos estudos sugerem que os impactos líquidos actuais e futuros das mudanças climáticas na sociedade humana continuarão a ser esmagadoramente negativos.[9][10]
A maioria dos efeitos adversos das mudanças climáticas são vivenciados por comunidades pobres e de baixo rendimento em todo o mundo, que apresentam níveis muito mais elevados de vulnerabilidade às determinantes ambientais de saúde, riqueza e outros fatores. Elas também têm níveis muito mais baixos de capacidade disponível para lidar com as mudanças ambientais. Um relatório sobre o impacto humano global em termos de mudança climática foi publicado pelo Fórum Humanitário Global em 2009, que estimou mais de 300.000 mortes e cerca de 125 biliões de dólares americanos em perdas económicas a cada ano. Isso indica como a maior parte da mortalidade induzida pelas mudanças climáticas se deve ao agravamento das cheias e secas nos países em desenvolvimento. Organizações de Mudança Climática, como a GECCO, tentam educar outras pessoas e fazer com que elas percebam o que podem fazer individualmente.[11]
Efeitos psicológicos
editarA associação entre a alteração climática e os impactos no funcionamento mental não é nova. Há pelo menos 20 anos, existem estudos a respeito da prevalência da estação de outono ou inverno, junto aos seus climas frios, na ascensão dos casos depressivos,[12] embora o tema não seja comum no Brasil, já que a mudança das estações é pouco definida. [carece de fontes]
Todavia, explorar-se-á outro alarmante problema, a ecoansiedade, de maneira comparativa das suas consequências entre gerações a partir de 1940 até 1960 (baby boomers) e a recente geração (gen Z).[carece de fontes]
Diferenças socioambientalistas: Baby boomers X Geração Z
editarNo início dos anos 30, o Brasil teria o início da sua Revolução Industrial tardia. Assim, os baby boomers acompanharam os primeiros investimentos políticos efetivos no ramo industrial, tal como as primeiras consequências ambientais.
De acordo com o Inpe( Instituto Nacional de Pesquisa Espacial) em 1961 as ondas de calor eram um fenômeno climática com uma média de 7 dias; já no dado de 2021, o número aumento quase oito vezes, com uma possível duração de 52 dias.[13]
Por outro lado, a mesma pesquisa[13] demonstra na região sul do país o crescente número de precipitações. Desse modo, a alternância atual entre os extremos climáticos traz uma sensação de imprevisibilidade e descontrole, associada à ecoansiedade.
Ecoansiedade e consequências
editarProveniente do neologismo “ecologia” mais “ ansiedade” o termo Ecoansiedade designa uma situação de preocupação alinhada a razões ambientais. Acredita-se atualmente que essa síndrome social tenha sido causada por um quadro de analfabetismo científico, unido à veiculação de notícias em tom sensacionalista e alarmante.[6] Contudo, apesar da discussão sobre o transtorno ter crescido nos últimos anos, ainda existem poucas pesquisas sobre a definição específica do termo e suas variações. [14]
A falta de um consenso entre os profissionais de saúde sobre como lidar com esse problema decorre da incerta classificação dentro dos transtornos no espectro da palavra ansiedade.[15]No entanto, quando analisada em sua natureza, a ecoansiedade demonstra possuir elementos das variadas subcategorias (ansiedade generalizada, ansiedade existencial, ansiedade patológica), incluindo, em alguns casos, sintomas correlacionados a hiperativação do eixo HPA, característico da ansiedade crônica,[16] mesmo que constituam a exceção daqueles ecoansiosos
Relatos na mídia sobre a mudança climática descrevem sintomas como irritabilidade, fraqueza, perda de apetite, ataques de pânico e insônia;[6] os principais afetados, de acordo com pesquisa realizada na Austrália, local com ênfase no ensino do meio ambiente e mudanças climáticas, são os jovens.[6]
Depressão sazonal
editarEnquanto a ansiedade, a depressão melancólica, o transtorno obsessivo-compulsivo, entre outras condições, estão associadas ao aumento na ativação do eixo HPA; a depressão atípica ou sazonal reduz o funcionamento desse eixo, gerando a hipoativação.[17]
O fator da luz solar, ou melhor, a falta dela, pode ser propulsor para o desenvolvimento da depressão de inverno, também conhecida por depressão sazonal;[18] isso se deve ao desequilíbrio hormonal,[18] principalmente na melatonina,[18] hormônio que tem como função preparar o organismo para o sono.[19] Neste sentido, com altos níveis de melatonina no corpo, maior a sensação de sonolência. Portanto, por ilação, invernos nos quais a falta da luz solar é proeminente, as taxas de melatonina aumentam, gerando um quadro conhecido por hipersonia.
Na aprendizagem, crianças diagnosticadas com o transtorno em questão podem apresentar irritabilidade, desânimo, falta de concentração, conduta anti-social. Também relata-se a presença de queixas somáticas, tais quais disenteria.[18] Todos os fatores citados corroboram a queda na aprendizagem e prejuízos escolares.[18] Ademais, ainda que a depressão de inverno (SAD, disordem efetiva sazonal, ou na sigla nacional, transtorno afetivo sazonal, TAS) tenha relação tradicional com as mudanças climáticas esperadas do outono para o inverno,[20] a possibilidade da TAS no verão é discutida, sendo atribuída às altas temperaturas, umidade e até concentração de polén.[21] Esse último caso está propenso a alterações pelo aumento nas temperaturas do verão.[22]
Referências
- ↑ America's Climate Choices. Washington, D.C.: The National Academies Press. 2011. ISBN 978-0-309-14585-5. doi:10.17226/12781.
The average temperature of the Earth’s surface increased by about Predefinição:Convert/F-change over the past 100 years, with about Predefinição:Convert/F-change of this warming occurring over just the past three decades
- ↑ MPIBGC/PH (2013). «Extreme meteorological events and global warming: a vicious cycle?». Max Planck Research
- ↑ Tang, Ying; S. Zhong; L. Luo; X. Bian; W.E. Heilman; J. Winkler (2015). «The Potential Impact of Regional Climate Change on Fire Weather in the United States». Annals of the Association of American Geographers. 105: 1–21. doi:10.1080/00045608.2014.968892
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