Eleição presidencial no Brasil em 1922

eleição para Presidente do Brasil realizada em 1922

A eleição presidencial brasileira de 1922 foi a décima eleição presidencial e a nona eleição presidencial direta. Foi realizada em duas datas distintas; primeiramente em 1º de março para presidente e vice-presidente como previa a Constituição de 1891; e a segunda data foi em 22 de agosto, pois Urbano Santos que havia sido eleito vice tinha falecido em 7 de maio, antes mesmo da posse em 15 de novembro de 1922, e de acordo com a Constituição, deveria ser feita uma nova eleição. A eleição foi realizada em todos os vinte estados da época e no Distrito Federal. Os resultados da eleição de 1º de março foi divulgada em 8 de junho, e a de 22 de agosto foi divulgada em 10 de novembro, cinco dias antes da posse.

1919 Brasil 1926
Eleição presidencial no Brasil em 1922
1º de março
Candidato Artur Bernardes Nilo Peçanha
Partido PRM PRF
Natural de Viçosa, Minas Gerais Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro
Votos 466 877 317 714
Porcentagem 59,46% 40,49%
Votação por estado.

Processo eleitoral da República Velha (1889-1930)

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De acordo com a Constituição de 1891 que vigorou durante toda a República Velha (1889-1930), o direito ao voto foi determinado a todos os homens com mais de 21 anos que não fossem analfabetos, religiosos e militares.[1] Mesmo tendo o direito de voto estendido a mais pessoas, pouca parcela da população participava das eleições.[2] A Constituição de 1891 também declarou que todas as eleições presidenciais seriam realizadas em 1º de março.[3] A eleição para presidente e vice eram realizadas individualmente, e o mesmo poderia se candidatar para presidente e vice.

Durante a República Velha, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM) fizeram alianças para fazer prevalecer seus interesses e se revezarem na Presidência da República, assim, esses partidos na maioria das vezes estiveram a frente do governo, até que essas alianças se quebrassem em 1930. Essas alianças são chamadas de política do café com leite.[4]

Nessa época, o voto não era secreto, e existia grande influência dos coronéis - pessoas que detinham o Poder Executivo municipal, e principalmente o poder militar da região. Os coronéis praticavam a fraude eleitoral e obrigavam as pessoas a votarem em determinado candidato. Com isso, é impossível determinar exatamente os resultados corretos.[5]

Candidaturas

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Para Presidente da República, sessenta (60) nomes foram sufragados, e oficialmente, entre eles estavam o advogado e candidato pela situação política Artur Bernardes e pela oposição o advogado Nilo Peçanha, na chamada "Reação Republicana". Para vice-presidente na eleição de 1º de março, cento e trinta e três (133) nomes foram sufragados, entre eles o ex-vice-presidente Urbano Santos e o jurista José Joaquim Seabra. Na segunda eleição para vice em 22 de agosto, dos quarenta e quatro (44) nomes sufragados, se destacaram o advogado Estácio Coimbra, e novamente, José Joaquim Seabra.

O então presidente Epitácio Pessoa não indicou um candidato a ser apoiado na chapa de Artur Bernardes, mas declarou a "conveniência de ser o Vice tirado dentre os políticos do norte, desde que o Presidente ia ser do sul". José Joaquim Seabra (J. J. Seabra) esperava ser apoiado para vice por Artur, pois o apoiava, e tinha sido senador, ministro e duas vezes governador, além de ter obtido resultados modestos nas eleições para vice anteriormente, ficando entre os quatro mais colocados. Como isso não aconteceu, pois Urbano Santos foi apoiado por Artur, J. J. Seabra resolveu apoiar Nilo Peçanha na Reação Republicana.[6]

A Reação Republicana, formada por partidos regionais como Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, apoiou Nilo Peçanha para presidente e J. J. Seabra para vice. Nilo fez campanha na região Norte e no Nordeste do país, e J. J. Seabra fez campanha no Sul.

Resultados

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A população aproximada em 1922 era de trinta e um milhões e novecentas mil de pessoas (31 900 000), sendo um milhão e novecentos (1 900 000) eleitores. Em 1º de março compareceram um milhão e sessenta e seis mil (1 066 000) pessoas, representando 3,34% da população. Em 22 de agosto compareceram trezentos e quatro mil (304 000) pessoas, representando 0,95% da população.

Eleição para presidente do Brasil em 1922
1º de março
Eleição para vice-presidente do Brasil em 1922
1º de março
Eleição para vice-presidente do Brasil em 1922
22 de agosto
Candidato Votos Porcentagem Candidato Votos Porcentagem Candidato Votos Porcentagem
Artur Bernardes 466 972 59,46% Urbano Santos 447 595 56,85% Estácio Coimbra 295 787 99,59%
Nilo Peçanha 317 714 40,46% José Joaquim Seabra 338 809 43,03% José Joaquim Seabra 790 0,27%
Urbano Santos 232 0,02% Washington Luís 222 0,05% Washington Luís 155 0,05%
Outros 383 0,05% Outros 506 0,06% Outros 264 0,09%
Votos nominais 785 301 Votos nominais 787 278 Votos nominais 296 996
Votos brancos/nulos 280 699 Votos brancos/nulos 278 722 Votos brancos/nulos 7 004
Total 1 066 000 Total 1 066 000 Total 304 000
Fonte:[7]

Nota geral: os valores são incertos (ver processo eleitoral).

Referências

  1. «Série Inclusão: a luta dos analfabetos para garantir seu direito ao voto na República». Justiça Eleitoral. Consultado em 3 de setembro de 2024 
  2. Cidadania no Brasil: o longo caminho. José Murilo de Carvalho. Página 40. Google Books. Acessado em 14/10/2011.
  3. Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1891. Art. 47. Wikisource. Acessado em 14/10/2011.
  4. Política do café com leite. História do Brasil - UOL Educação. Acessado em 14/10/2011.
  5. Coronelismo. História do Brasil - UOL Educação. Acessado em 14/10/2011.
  6. Aloildo Gomes PIRES - página 40
  7. Eleição Presidencial - 1º de março de 1922 (Quarta-feira) ; 20 de agosto de 1922 (Domingo).[ligação inativa] (Pós 1945) Acessado em 20/10/2011.
Bibliografia
  • PIRES, Aloildo Gomes. ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA PRIMEIRA REPÚBLICA - UMA ABORDAGEM ESTATÍSTICA. Salvador: Autor (Tipografia São Judas Tadeu), 1995.
  • DEPARTAMENTO DE PESQUISA DA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ. PRESIDENTES DO BRASIL (DE DEODORO A FHC). São Paulo: Cultura, 2002.
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