Eleições estaduais em São Paulo em 1958
As eleições estaduais em São Paulo em 1958 ocorreram em 3 de outubro como parte das eleições gerais no Distrito Federal, em 20 estados e nos territórios federais do Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. Nesse dia foram eleitos o governador Carvalho Pinto, o vice-governador Porfírio da Paz, o senador Mário Calazans, além de 44 deputados federais e 91 estaduais.[1][nota 1]
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3 de outubro de 1958 (Turno único) | ||||
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Candidato | Carvalho Pinto | Ademar de Barros | ||
Partido | PDC | PSP | ||
Natural de | São Paulo, SP | Piracicaba, SP | ||
Vice | Havia dois nomes | Porfírio da Paz | ||
Votos | 1.312.017 | 1.105.161 | ||
Porcentagem | 50,70% | 42,71% | ||
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Candidato mais votado por município (495):
Carvalho Pinto (381) Ademar de Barros (111) Auro de Moura (2) Empate (1) | ||||
Titular Eleito | ||||
Sobrinho-neto do presidente Rodrigues Alves, o advogado Carvalho Pinto nasceu em São Paulo e formou-se em 1931 pela Universidade de São Paulo.[2] No ano seguinte prestou serviços para a Sociedade de Estudos Políticos, antecessora da Ação Integralista Brasileira fundada por Plínio Salgado. Durante o Estado Novo foi assessor jurídico da prefeitura de São Paulo na administração Prestes Maia. Nomeado secretário de Finanças quando Jânio Quadros assumiu a prefeitura paulistana, ocupou a Secretaria de Fazenda após a vitória do referido político na eleição para governador de São Paulo em 1954. Filiado ao PDC, Carvalho Pinto venceu a disputa para o governo paulista em 1958 sob um percentual recorde o qual seria derrubado apenas em 1990.[1][3][nota 2]
Por terem apresentado mais de um candidato a vice-governador, os partidos que apoiaram Carvalho Pinto acabaram por permitir que o general Porfírio da Paz mativesse a titularidade do cargo. Professor do Liceu Coração de Jesus, ele é natural de Araxá e estudou na Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo.[4] Membro do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro, onde ingressou como segundo-tenente, residiu por algum tempo no Rio de Janeiro. Preso e expulso das Forças Armadas por sua participação na Revolução Constitucionalista de 1932, foi reintegrado graças à concessão de uma anistia e serviu na Base Aérea de Natal no curso da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, entretanto tornou-se mais conhecido por ser um dos fundadores do São Paulo Futebol Clube.[5] Sua carreira política começou após o Estado Novo e assim Porfírio da Paz foi eleito deputado estadual via PTB em 1947 e 1950. Ao lado de Jânio Quadros, foi eleito vice-prefeito de São Paulo pelo PDC em 1953 e vice-governador do estado pelo PTN em 1954.[6] Apesar de proibida a reeleição para cargos executivos, tal regra, aparentemente, vigia apenas em relação aos titulares das chapas. Graças a isso Porfírio da Paz foi reeleito vice-governador em 1958 quando já havia regressado ao PTB e era integrante da chapa de Ademar de Barros.[nota 3][nota 4][7]
Natural de Paraibuna, o sacerdote Benedito Mário Calazans estudou no Seminário Diocesano de Taubaté onde se graduou em Filosofia e Teologia recebendo ordenação em dezembro de 1934.[8] Cinco anos depois regressou de Roma onde obteve o Doutorado na Pontifícia Universidade Gregoriana.[8] Vigário coadjutor em cidades do Vale do Paraíba, foi capelão da Força Aérea Brasileira, professor da Escola de Cadetes da Polícia Militar de São Paulo, onde lecionou Ética, e atuou no magistério em outras instituições. Filiado à UDN, elegeu-se deputado estadual em 1950 e 1954 e senador em 1958.[9]
Resultado da eleição para governador
editarForam apurados 2.587.805 votos nominais (95,77%), 46.029 votos em branco (1,71%) e 68.178 votos nulos (2,52%), resultando no comparecimento de 2.702.012 eleitores.[1]
Candidatos a governador do estado |
Candidatos a vice-governador | Número | Partido/Coligação | Votação | Percentual |
---|---|---|---|---|---|
Carvalho Pinto PDC |
Ver abaixo - |
- |
PDC, UDN, PTN, PR, PSB |
1.312.017 |
50,70%
|
Ademar de Barros PSP |
Ver abaixo - |
- |
PSP, PTB |
1.105.161 |
42,71%
|
Auro de Moura Andrade PST |
Ver abaixo - |
- |
PST (sem coligação) |
170.627 |
6,59%
|
Resultado da eleição para vice-governador
editarForam apurados 2.340.287 votos nominais (86,61%), 299.470 votos em branco (11,08%) e 62.255 votos nulos (2,31%), resultando no comparecimento de 2.702.012 eleitores.[1][nota 5][nota 6]
Candidatos a vice-governador |
Candidatos a governador do estado | Número | Partido/Coligação | Votação | Percentual |
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Porfírio da Paz PTB |
Ver acima - |
- |
PTN, PTB |
880.045 |
37,61%
|
Cid Franco PSB |
Ver acima - |
- |
PSB (sem coligação) |
619.703 |
26,48%
|
Queiroz Filho PDC |
Ver acima - |
- |
PDC (sem coligação) |
446.340 |
19,07%
|
Pedro Geraldo Costa PST |
Ver abaixo - |
- |
PST (sem coligação) |
394.199 |
16,84%
|
Resultado da eleição para senador
editarForam apurados 2.187.466 votos nominais (80,96%), 457.826 votos em branco (16,94%) e 56.720 votos nulos (2,10%), resultando no comparecimento de 2.702.012 eleitores.[1][nota 6]
Candidatos a senador da República |
Primeiro suplente de senador | Número | Partido/Coligação | Votação | Percentual |
---|---|---|---|---|---|
Mário Calazans UDN |
Ver abaixo - |
- |
UDN, PR |
982.536 |
44,92%
|
Frota Moreira PTB |
Ver abaixo - |
- |
PTB, PSP |
835.534 |
38,19%
|
Castilho Cabral PTN |
Ver abaixo - |
- |
PTN (sem coligação) |
245.872 |
11,24%
|
Acrísio Moreira[nota 7] PST |
Ver abaixo - |
- |
PST (sem coligação) |
123.524 |
5,65%
|
Resultado da eleição para suplente de senador
editarForam apurados 1.658.523 votos nominais (61,38%), 951.954 votos em branco (35,23%) e 91.535 votos nulos (3,39%), resultando no comparecimento de 2.702.012 eleitores.[1][nota 8]
Primeiro suplente de senador |
Candidatos a senador da República | Número | Partido/Coligação | Votação | Percentual |
---|---|---|---|---|---|
Artur Audrá PSP |
Ver acima - |
- |
PTB, PSP |
748.312 |
45,12%
|
Francisco Glicério de Freitas UDN |
Ver acima - |
- |
UDN, PR |
599.942 |
36,17%
|
Walter Nério Moreira da Costa PST |
Ver acima - |
- |
PST (sem coligação) |
189.539 |
11,43%
|
Fock Simão PTN |
Ver abaixo - |
- |
PTN (sem coligação) |
120.730 |
7,28%
|
Deputados federais eleitos
editarSão relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[10][11] Foram apurados 2.465.370 votos válidos (91,24%), 166.457 votos em branco (6,16%) e 70.185 votos nulos (2,60%) resultando no comparecimento de 2.702.012 eleitores.[nota 9]
Deputados estaduais eleitos
editarEstavam em jogo as 91 vagas da Assembleia Legislativa de São Paulo. Foram apurados 2.333.501 votos válidos (86,36%), 321.663 votos em branco (11,91%) e 46.848 votos nulos (1,73%) resultando no comparecimento de 2.702.012 eleitores.[1][11][nota 9]
Representação eleita
PSP: 16PDC: 11PTN: 10UDN: 9PSD: 7PR: 7PSB: 6PST: 6PTB: 6PRT: 6PRP: 5PL: 2
Notas
- ↑ No Distrito Federal não houve eleição para governador, apenas para o Senado Federal.
- ↑ O recorde em questão durou até a vitória de Luiz Antônio Fleury Filho sobre Paulo Maluf em segundo turno quando o vencedor obteve 51,77% dos votos válidos.
- ↑ Para ilustrarmos o aspecto da reeleição lembramos que João Goulart foi eleito vice-presidente da República na chapa de Juscelino Kubitschek em 1955 e também ao lado de Jânio Quadros em 1960, sendo que a Carta de 1946 proibia textualmente a reeleição para governadores e prefeitos numa regra que seria aplicada também ao executivo federal.
- ↑ Até então era permitido ao eleitor votar no candidato a governador de uma chapa e num candidato a vice-governador de outra, daí a "mistura de chapas" relatada acima.
- ↑ Mediante a possibilidade de se votar em separado para governador e vice-governador do estado, a chapa do governador eleito em 1958 lançou dois nomes à vice-governadoria e assim a divisão dos votos permitiu a vitória de um adversário político do vitorioso o qual, a despeito das proibições em vigor, foi reeleito vice-governador de São Paulo.
- ↑ a b A mixórdia quanto à composição das coligações partidárias era um fato permitido na legislação em voga.
- ↑ Aparentemente trata-se de um homônimo de Acrísio Moreira da Rocha.
- ↑ Embora a lei permitisse a eleição em separado do senador e de seu suplente, a eleição do titular vinculava à de seu companheiro de chapa, independente deste último ter sido ou não o mais votado. No caso de São Paulo, o suplente vencedor não foi o mais votado e o mesmo era homônimo do também político Francisco Glicério.
- ↑ a b O conceito de "votos válidos" no tocante a esta eleição engloba os votos nominais e os votos de legenda, os quais preferimos não distinguir por razões editoriais segundo a fonte consultada.
- ↑ a b Não foi possível determinar seu local de nascimento.
- ↑ Faleceu em São Vicente em 5 de novembro de 1962 e em seu lugar foi efetivado Campos Vergal.
- ↑ Faleceu em Brasília em 27/11/1960 e em seu lugar foi efetivado Menotti del Picchia.
- ↑ Homônimo de Francisco Franco, ditador espanhol.
- ↑ Pai do político de mesmo nome.
- ↑ Homônimo de José Costa, aviador português.
Referências
- ↑ a b c d e f g «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 24 de setembro de 2017
- ↑ «Senado Federal do Brasil: senador Carvalho Pinto». Consultado em 5 de outubro de 2017
- ↑ «CPDOC – A trajetória política de João Goulart: biografia de Carvalho Pinto». Consultado em 5 de outubro de 2017
- ↑ Morre em São Paulo o general Porfírio da Paz (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 28/09/1983. Geral, p. 02. Página visitada em 5 de outubro de 2017.
- ↑ «Parabéns São Paulo Futebol Clube (spfc.net)». Consultado em 5 de outubro de 2017
- ↑ O caso da prefeitura de São Paulo em face da eleição do sr. Porfírio da Paz (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (DF), 19/10/1954. Primeiro caderno, p. 06. Página visitada em 5 de outubro de 2017.
- ↑ «BRASIL. Presidência da República: Constituição de 1946». Consultado em 5 de outubro de 2017
- ↑ a b «Monsenhor Calazans será enterrado em Paraibuna (estadao.com.br)». Consultado em 5 de outubro de 2017
- ↑ «Senado Federal do Brasil: senador Mário Calazans». Consultado em 5 de outubro de 2017
- ↑ «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 24 de setembro de 2017. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013
- ↑ a b BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 24 de setembro de 2017