Eleições estaduais em Santa Catarina em 1954
As eleições estaduais em Santa Catarina em 1954 ocorreram em 3 de outubro como parte das eleições gerais no Distrito Federal, em 20 estados e nos territórios federais do Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. Foram escolhidos os senadores Nereu Ramos e Saulo Ramos, além de 10 deputados federais e 39 deputados estaduais[1]
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Eleição parlamentar em Santa Catarina em 1954 | ||||
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3 de outubro de 1954 (Turno único) | ||||
Líder | Nereu Ramos | Saulo Ramos | ||
Partido | PSD | PSD | ||
Natural de | Lages, SC | Lages, SC | ||
Votos | 160.980 | 145.627 | ||
Porcentagem | 27,80% | 25,15% | ||
Titular(es) Eleito(s) | ||||
Nascido em Lages, o advogado Nereu Ramos formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1909. De volta à sua cidade natal, mudou-se para Florianópolis onde dedicou-se ao jornalismo, exercendo-o em paralelo com a advocacia. Eleito deputado estadual em 1911, renunciou para integrar a delegação brasileira nas conferências internacionais de Direito Marítimo e Letras de Câmbio, em Bruxelas e Haia.[2] No primeiro semestre de 1914 foi chefe de gabinete de seu pai, o governador Vidal Ramos. Conquistou um novo mandato de deputado estadual em 1918,[3] dirigiu jornais simpáticos ao Partido Republicano Catarinense, embora tenha fundado em 1927 o Partido Liberal Catarinense, o qual presidiu. Eleito deputado federal, pouco antes da Revolução de 1930, não assumiu o mandato devido ao fechamento do Congresso Nacional. Em 1932 esteve entre os fundadores da Faculdade de Direito de Santa Catarina, onde lecionou, e no ano seguinte elegeu-se deputado federal, ajudando a elaborar a Constituição de 1934.[4][5]
Reeleito deputado federal em 1934, foi eleito governador no ano seguinte pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Graças às suas ligações com Getúlio Vargas, manteve o cargo durante o Estado Novo, como interventor federal.[2] Filiado ao PSD nos agonizes da Era Vargas, renunciou à interventoria elegendo-se deputado federal e senador em 1945,[nota 1] preferindo a cadeira senatorial. Um dia após a promulgação da Constituição de 1946, foi eleito indiretamente vice-presidente da República no governo de Eurico Gaspar Dutra,[6][nota 2] Eleito deputado federal em 1950, venceu a disputa para senador em 1954. Presidente interino da República nos meses anteriores à posse de Juscelino Kubitschek em 1956, foi ministro da Justiça do novo governo.[2] Meses após deixar o cargo, morreu num acidente aéreo em São José dos Pinhais a 16 de junho de 1958.[7]
Primo de Nereu Ramos e também nascido em Lages, Saulo Ramos participou da Revolução de 1930 e graduou-se médico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1933. Cirurgião especialista em ginecologia, obstetrícia e endocrinologia,[8] estendeu suas atividades profissionais ao jornalismo e à agropecuária, sendo também empresário.[9] Fundador do diretório estadual do PTB em Santa Catarina em 1945, assumiu a presidência do mesmo, elegendo-se deputado estadual em 1947, deputado federal em 1950 e senador em 1954.[10]
Resultado da eleição para senador
editarConforme os arquivos do Tribunal Superior Eleitoral, foram apurados 579.042 votos nominais (88,19%), 72.138 votos em branco (10,99%) e 5.410 votos nulos (0,82%), resultando no comparecimento de 656.590 eleitores.[1]
Candidatos a senador da República |
Candidatos a suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Nereu Ramos PSD |
Ver abaixo - |
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Saulo Ramos PTB |
Ver abaixo - |
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Adolfo Konder UDN |
Ver abaixo - |
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Aristiliano Ramos UDN |
Ver abaixo - |
Resultado da eleição para suplente de senador
editarConforme os arquivos do Tribunal Superior Eleitoral, foram apurados 578.756 votos nominais (88,15%), 72.431 votos em branco (11,03%) e 5.403 votos nulos (0,82%), resultando no comparecimento de 656.590 eleitores.[1]
Candidatos a suplente de senador |
Candidatos a senador da República | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Francisco Gallotti PSD |
Ver acima - |
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Rodrigo Lobo PSD |
Ver acima - |
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Genésio Lins UDN |
Ver acima - |
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João Bayer Filho UDN |
Ver acima - |
Deputados federais eleitos
editarSão relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[11][12]
Deputados federais eleitos | Partido | Votação | Percentual | Cidade onde nasceu | Unidade federativa | |
Joaquim Ramos | PSD | 20.827 | Lages | Santa Catarina | ||
Leoberto Leal[nota 3] | PSD | 20.712 | Tijucas | Santa Catarina | ||
Aderbal Ramos da Silva | PSD | 20.488 | Florianópolis | Santa Catarina | ||
Jorge Lacerda[nota 4] | UDN | 20.247 | Paranaguá | Paraná | ||
Wanderley Júnior | UDN | 19.723 | Curitiba | Paraná | ||
Atílio Fontana | PSD | 17.420 | Santa Maria | Rio Grande do Sul | ||
Waldemar Rupp | UDN | 16.893 | Campos Novos | Santa Catarina | ||
Hercílio Deeke | UDN | 15.946 | Ibirama | Santa Catarina | ||
Antônio Carlos Konder Reis | UDN | 15.755 | Itajaí | Santa Catarina | ||
Elias Adaime[nota 5] | PTB | 8.981 | São Francisco do Sul | Santa Catarina | ||
Fontes:[1] |
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Deputados estaduais eleitos
editarDeputados eleitos para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. (39 vagas)
Notas
- ↑ Os dispositivos da Lei Agamenon Magalhães permitiam a candidatura a mais de um cargo eletivo no mesmo pleito, sinecura derrubada pelo Regime Militar de 1964. No presente caso, Nereu Ramos e Ivo de Aquino assumiram como senadores, permitindo as efetivações de Rogério Vieira e Hans Jordan como deputados federais.
- ↑ Nereu Ramos conseguiu 178 votos disputando a vice-presidência pelo PSD, enquanto José Américo de Almeida teve 139 pela UDN.
- ↑ Faleceu num acidente aéreo em 16 de junho de 1958 na cidade São José dos Pinhais, onde situa-se o Aeroporto Internacional de Curitiba. Além de Leoberto Leal, morreram nesse acidente o governador Jorge Lacerda e o senador Nereu Ramos, dentre outros passageiros. Três dias após o ocorrido, o mandato de deputado federal foi assumido por Serafim Bertaso.
- ↑ Renunciou ao mandato em 31 de janeiro de 1956 para assumir como governador de Santa Catarina e seis dias depois Celso Branco tornou-se deputado federal.
- ↑ Nereu Ramos foi eleito senador e deputado federal, razão pela qual sua vaga na Câmara dos Deputados caberia a Saulo Ramos, primeiro suplente de sua coligação. Entretanto, o mesmo foi eleito senador e por isso Elias Adaime assumiu o mandato de deputado federal.
Referências
- ↑ a b c d e BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 22 de janeiro de 2022
- ↑ a b c BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Nereu Ramos no CPDOC». Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Nereu Ramos». Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Nereu Ramos». Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Constituição de 1934». Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Constituição de 1946». Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Nereu Ramos». Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Saulo Ramos no CPDOC». Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Saulo Ramos». Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Saulo Ramos». Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 15 de outubro de 2017. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 15 de outubro de 2017
Bibliografia
editar- Piazza, Walter: O poder legislativo catarinense: das suas raízes aos nossos dias (1834 - 1984). Florianópolis: Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1984.