Eleições estaduais no Acre em 1982
As eleições estaduais no Acre em 1982 aconteceram em 15 de novembro como parte das eleições em 23 estados e nos territórios federais do Amapá e Roraima.[1][nota 1] Foram eleitos o governador Nabor Júnior, a vice-governadora Iolanda Fleming e o senador Mário Maia, além de oito deputados federais e vinte e quatro deputados estaduais.[2][3][4]
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15 de novembro de 1982 (Turno único) | ||||||
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Candidato | Nabor Júnior | Jorge Kalume | ||||
Partido | PMDB | PDS | ||||
Natural de | Tarauacá, AC | Belém, PA | ||||
Vice | Iolanda Fleming | Walter Prado | ||||
Votos | 36.369 | 33.879 | ||||
Porcentagem | 46,61% | 43,41% | ||||
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Candidato mais votado por município (11):
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Titular Eleito | ||||||
Comerciante natural de Tarauacá, Nabor Júnior integrou a UDN, mas estreou na vida pública ao eleger-se deputado estadual via PTB em 1962. Licenciou-se do mandato já sob o Regime Militar de 1964 para ser secretário de Fazenda no governo Edgar Cerqueira.[5][nota 2] Após deixar o cargo, ingressou no MDB quando os militares impuseram o bipartidarismo,[6] renovando seu mandato nesta legenda em 1966 e 1970.[7] Eleito deputado federal em 1974 e 1978, seguiu rumo ao PMDB quando restauraram o pluripartidarismo, em 1980,[8][9] vencendo a eleição para governador do Acre em 1982, tornando-se o primeiro titular do Palácio Rio Branco escolhido por voto direto em vinte anos.[10]
Nascida em Manoel Urbano, a professora Iolanda Fleming foi agricultora, empregada doméstica e estudou no Instituto Santa Juliana, em Sena Madureira, antes de formar-se na Escola Normal.[11] Animadora dos comícios do PTB aos doze anos,[12] conviveu com a política a partir de seu casamento com Geraldo Fleming.[13] Nomeada para a rede estadual de ensino em 1961 pelo governador Rui Lino, alinhou-se a Edgar Cerqueira quando este ascendeu ao governo acriano nos primeiros meses do Regime Militar de 1964, nomeando Geraldo Fleming secretário de Agricultura e secretário de Justiça, embora o casal Fleming tenha escolhido o MDB após a outorga do bipartidarismo em 1965.[13][6] Eleita vereadora em Rio Branco em 1972 e 1976, graduou-se advogada pela Universidade Federal do Acre no ano seguinte, conquistando um mandato de deputada estadual em 1978.[12] Eleita vice-governadora do Acre pelo PMDB em 1982, tornou-se a primeira mulher a governar efetivamente um estado brasileiro quando Nabor Júnior renunciou para candidatar-se a senador, em 14 de maio de 1986.[14][nota 3]
Médico nascido em Rio Branco, Mário Maia é graduado pela Universidade Federal Fluminense com especialização em cirurgia geral e anestesiologia e pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, além de prestar serviços ao Hospital Municipal Antônio Pedro, em Niterói. De volta ao Acre, chefiou os serviços do Departamento Nacional de Saúde[15] em Sena Madureira, além de dirigir o Serviço Médico da Guarda Territorial.[16] Com a elevação do Acre a estado,[17] elegeu-se suplente de deputado federal via PTB em 1962, mas foi efetivado com a renúncia de José Augusto de Araújo a uma cadeira na Câmara dos Deputados, pois o mesmo fora eleito simultaneamente governador do Acre.[18][19] Reeleito pelo MDB em 1966, Mário Maia foi cassado pelo Ato Institucional Número Cinco em 1969, reiniciando a sua carreira política ao eleger-se senador numa sublegenda do PMDB em 1982.[20][21]
Resultado da eleição para governador
editarSegundo o Tribunal Superior Eleitoral houve 78.037 votos nominais (90,16%), 4.214 votos em branco (4,87%) e 4.305 votos nulos (4,97%), calculados sobre o comparecimento de 86.556 eleitores.
Candidatos a governador do estado |
Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Nabor Júnior PMDB |
Iolanda Fleming PMDB |
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Jorge Kalume PDS |
Walter Prado PDS |
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Nilson Mourão PT |
Elias Rosendo PT |
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Natalino Brito Filho PTB |
Guilherme Zaire PTB |
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Fontes:[22] |
Resultado da eleição para senador
editarSegundo o Tribunal Superior Eleitoral houve 75.757 votos nominais (87,52%), 5.514 votos em branco (6,37%) e 5.285 votos nulos (6,11%), resultando no comparecimento de 86.556 eleitores.
Candidatos a senador da República |
Candidatos a suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Mário Maia PMDB 2 |
Antônio Macedo Bezerra PMDB 2 [nota 4] [23][24][25] |
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Said Farhat PDS |
[nota 5] - [nota 6] - |
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Francisco Diógenes PDS |
[nota 5] - [nota 6] - |
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Abrahim Farhat Neto PT |
José Marques de Souza PT Maximiano de Souza Pinto PT |
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Sílvio Niemayer PTB |
Galileu Alceu Paiva PTB [nota 7] - |
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Omar Sabino PDS |
[nota 5] - [nota 6] - |
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Laélia de Alcântara PMDB 1 |
Aldecino Coriolano Ferraz PMDB 1 [nota 4] [23][24][25] |
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Fontes:[1][22] |
Deputados federais eleitos
editarSão relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.
Deputados federais eleitos | Partido | Votação | Percentual | Cidade onde nasceu | Unidade federativa |
Amilcar de Queiroz | PDS | 10.535 | 13,07% | Rio Branco | Acre |
Aluizio Bezerra | PMDB | 7.904 | 9,81% | Cruzeiro do Sul | Acre |
Geraldo Fleming | PMDB | 7.895 | 9,80% | Campanha | Minas Gerais |
Nosser Almeida | PDS | 7.459 | 9,25% | Sena Madureira | Acre |
Wildy Viana | PDS | 6.698 | 8,31% | Brasileia | Acre |
Rui Lino | PMDB | 6.370 | 7,90% | Tarauacá | Acre |
Alércio Dias | PDS | 6.311 | 7,83% | Joinville | Santa Catarina |
José Melo | PMDB | 5.661 | 7,02% | Rio Branco | Acre |
Fontes:[1][22][26][27] |
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Deputados estaduais eleitos
editarEm relação às 24 cadeiras da Assembleia Legislativa do Acre o PMDB conquistou doze, o PDS onze e o PT uma.
Deputados estaduais eleitos | Partido | Votação | Percentual | Cidade onde nasceu | Unidade federativa |
Raimundo Hermínio de Melo | PMDB | 4.284 | 5,48% | Rio Branco | Acre |
Adalberto Aragão da Silva[nota 8] | PMDB | 3.502 | 4,48% | Rio Branco | Acre |
Raimundo Sales da Costa | PMDB | 3.022 | 3,87% | Sena Madureira | Acre |
Geraldo Pereira Maia | PMDB | 2.807 | 3,59% | Senador Guiomard | Acre |
Isnard Bastos Barbosa Leite | PDS | 2.766 | 3,54% | Rio Branco | Acre |
Narciso Mendes | PDS | 2.604 | 3,33% | Patu | Rio Grande do Norte |
Luiz Pereira de Lima | PDS | 2.236 | 2,86% | Rio Branco | Acre |
Railda Pereira da Silva | PDS | 2.227 | 2,85% | Epitaciolândia | Acre |
Félix Bestene Neto | PDS | 2.134 | 2,73% | Brasiléia | Acre |
Manoel Machado da Rocha | PMDB | 2.105 | 2,69% | Cruzeiro do Sul | Acre |
Edgar Fontes da Silva | PDS | 2.069 | 2,65% | Sena Madureira | Acre |
Maria Miriam Pinho Pascoal | PMDB | 1.991 | 2,55% | Rio Branco | Acre |
Edison Cadaxo | PMDB | 1.955 | 2,50% | Boca do Acre | Amazonas |
Manoel Pacífico da Costa | PMDB | 1.860 | 2,38% | Cruzeiro do Sul | Acre |
Hermelindo Guimarães Brasileiro | PDS | 1.855 | 2,37% | Teresina | Piauí |
Maria das Vitórias | PDS | 1.816 | 2,32% | Sena Madureira | Acre |
Adauto Brito da Frota | PDS | 1.652 | 2,11% | Cruzeiro do Sul | Acre |
Félix Vale Pereira | PMDB | 1.652 | 2,11% | Plácido de Castro | Acre |
Alcimar Nunes Leitão | PMDB | 1.638 | 2,09% | Feijó | Acre |
Kleber Pereira Campos | PDS | 1.460 | 1,87% | Manaus | Amazonas |
Romildo Magalhães | PDS | 1.436 | 1,84% | Feijó | Acre |
Francisco Taumaturgo | PMDB | 1.413 | 1,81% | Tarauacá | Acre |
Jader Saraiva Machado[nota 9] | PMDB | 1.256 | 1,60% | Eirunepé | Amazonas |
Ivan de Castro Melo | PT | 968 | 1,24% | Curitiba | Paraná |
Fontes:[1][22] |
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Eleições municipais
editarEm Rio Branco, Assis Brasil, Brasileia, Cruzeiro do Sul, Feijó, Mâncio Lima, Manoel Urbano, Plácido de Castro, Sena Madureira, Senador Guiomard, Tarauacá e Xapuri foram eleitos apenas vereadores por conta da legislação vigente. Tal anomalia só foi consertada em 1985.[nota 10]
Notas
- ↑ Por um casuísmo político a eleição direta em Rondônia excluiu o cargo de governador, enquanto nos territórios federais do Amapá e Roraima o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais não havendo eleições em Fernando de Noronha, além disso, a Lei n.º 6.091 permitiu que os acrianos radicados no Distrito Federal votassem para todos os cargos em disputa remetendo às urnas ao estado de origem.
- ↑ Durante sua gestão como secretário de Fazenda teve que afastar-se do mandato parlamentar que exercia em prol de Joaquim Macedo.
- ↑ Iolanda Fleming foi a primeira mulher a governar um estado brasileiro, assumindo o Palácio Rio Branco pela primeira vez em 28 de março de 1983, quando Nabor Júnior dirigiu-se a Belém para uma reunião no Conselho Deliberativo da SUDAM. Apenas em 3 de janeiro de 1984 a advogada Janilene Melo, secretária de Planejamento de Rondônia, assumiu interinamente o governo (não existia vice-governador à época), onde permaneceu por 42 dias em substituição a Jorge Teixeira.
- ↑ a b Se a convenção partidária escolher dois candidatos a senador, cada sublegenda indicará um suplente por candidato. Depois da eleição, o primeiro suplente será o candidato não eleito e o segundo suplente será aquele originalmente inscrito com o vencedor.
- ↑ a b c Conforme a legislação vigente à época do pleito, cada partido poderia lançar até três candidatos a senador em sublegenda.
- ↑ a b c O PMDB obteve 35.047 votos (46,27%) na soma das sublegendas para senador e o PDS 33.665 votos (44,43%).
- ↑ O TRE/AC registrou apenas um suplente em sua chapa.
- ↑ Renunciou ao mandato em favor de Rezene de Souza Lima após ser eleito prefeito de Rio Branco em 1985.
- ↑ Faleceu em São Paulo, onde se encontrava para tratamento de saúde, em 14 de setembro de 1985, sendo efetivado Valmir Gomes Ribeiro.
- ↑ Na capital do estado o governador Nabor Júnior nomeou um nome do PMDB enquanto nos demais o presidente João Figueiredo manteve o PDS no comando.
Referências
- ↑ a b c d BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 6 de junho de 2018
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei Complementar nº 41 de 22/12/1981». Consultado em 7 de junho de 2018
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º. 6.978 de 19/01/1982». Consultado em 6 de junho de 2018
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.091 de 15/08/1974». Consultado em 6 de junho de 2018
- ↑ Redação (13 de julho de 1982). «PMDB lança candidatos no Acre. Primeiro Caderno, Política e Governo – p. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 6 de junho de 2018
- ↑ a b BRASIL. Presidência da República. «Ato Institucional Número Dois de 27/10/1965». Consultado em 30 de outubro de 2021
- ↑ BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Nabor Júnior no CPDOC». Consultado em 4 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.767 de 20/12/1979». Consultado em 4 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Nabor Júnior». Consultado em 6 de junho de 2018
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Nabor Júnior». Consultado em 6 de junho de 2018
- ↑ Tião Maia (16 de setembro de 2022). «Instituto Santa Juliana completa 100 anos no mais completo abandono, em Sena». contilnetnoticias.com. Contilnet. Consultado em 5 de março de 2023
- ↑ a b BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Iolanda Fleming no CPDOC». Consultado em 5 de março de 2023
- ↑ a b BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Geraldo Fleming no CPDOC». Consultado em 5 de março de 2023
- ↑ Tácita Muniz (15 de junho de 2021). «Professor cria página no Instagram para contar história do Acre com acervo de fotos antigas». g1.globo.com. G1 Acre. Consultado em 5 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Decreto n.º 3.987 de 02/01/1920». Consultado em 6 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Mário Maia no CPDOC». Consultado em 7 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 4.070 de 15/06/1962». Consultado em 7 de junho de 2013
- ↑ BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de José Augusto de Araújo no CPDOC». Consultado em 7 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado José Augusto de Araújo». Consultado em 7 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Mário Maia». Consultado em 7 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Mário Maia». Consultado em 7 de março de 2023
- ↑ a b c d BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Dados estatísticos: eleições federais, estaduais e municipais realizadas em 1982. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 1988. v.14 t.1.
- ↑ a b BRASIL. Senado Federal. «Decreto-Lei n.º 1.541 de 14/04/1977». Consultado em 3 de março de 2023
- ↑ a b BRASIL. Presidência da República. «Decreto-Lei n.º 1.543 de 14/04/1977». Consultado em 3 de março de 2023
- ↑ a b BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.534 de 23/05/1978». Consultado em 3 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 5 de março de 2023
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 8 de setembro de 2015