Eleições presidenciais na Somália em 2009
As eleições presidenciais somalis de 2009 ocorreram em 30 de janeiro, de forma indireta, por meio do parlamento.[1] Devido à questões de segurança em Baidoa, sul da Somália, as eleições ocorreram em Djibuti. Sumário
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Pano de fundo
editarAs eleições foram necessárias após a renúncia do presidente Abdullahi Yusuf Ahmed, em 29 de dezembro de 2008, após a demissão de toda a equipe de governo do primeiro-ministro Nur Hassan Hussein, que não foi aprovado pelo Parlamento Federal de Transição.[2] Como tal, o Presidente do Parlamento Adan Mohamed Nuur Madobe atuou como presidente interino até o parlamento eleger um novo presidente com base na Carta Federal de Transição 30 dias depois.[3] O adiamento da eleição até que um novo parlamento interino, que provavelmente incluiria oposição islamita moderada, estava sendo considerado,[4] mas o presidente interino Adan Mohamed Nuur Madobe declarou que um novo presidente dentro de um período de 30 dias, como estabelecido pela Constituição Somali.[5] Em 11 de janeiro de 2009, o comissário de paz e segurança da União Africana, Ramtane Lamamra, anunciou que a eleição ocorreria em 26 de janeiro de 2009, com preparativos que incluiriam nomeações de candidatos com início em 20 de Janeiro.[6]
O primeiro-ministro, Nur Hassan Hussein anunciou em 15 de janeiro de 2009 que ele gostaria de se tornar presidente.[7] Outros candidatos oficiais inclíam Mohamed Afrah Qanyare (em ex-chefe militar de Mogadíscio, Hassan Abshir Farah (ex-primeiro-ministro), Ali Mohammed Ghedi (ex-primeiro-ministro), Ali Khalif Galaid (ex-primeiro-ministro) e Mohammed Said Hersi Morgan (um ex-chefe militar de Kismayo); o presidente da Aliança para a Relibertação da Somália, Sharif Ahmed, também afirmou que ele era um candidato para à presidência.[8] No total, pelo menos dezesseis candidatos declararam que queriam se tornar presidente. Nur Hassan Hussein e Sharif Ahmed eram vistos como os principais candidatos. Devido a dificuldades de se escolher o presidente sucessor, foi considerado prorrogamento do prazo,[9] apesar da forte pressão da comunidade internacional. A data original de 28 de Janeiro de 2009 foi prorrogada por mais cinco dias, ou seja, a eleição foi realizada em 2 fevereiro de 2009.[10]
Como planejado, o Parlamento Federal de Transição foi alargada para incluir mais 200 representantes da oposição islamista e 75 representantes para os cidadãos somalis, além de representantes da diáspora somali. O primeiro grupo tomou posse em 27 de janeiro de 2009. Dos 275 deputados 211 votaram a favor do alargamento do parlamento e 6 votaram contra, com 3 abstenções.[11]
Candidatos
editarCatorze candidatos apresentaram-se formalmente para concorrer nas eleições.[12] Os candidatos foram:
- Mohamed Osman Aden, conselheiro na embaixada somali em Nairobi, Quênia.
- Sharif Ahmed, presidente da Aliança para a Relibertação da Somália.
- Mohamed Ahmed Ali, um jovem candidato representante da diáspora somali nos Estados Unidos.
- Awad Ahmed Asharo, deputado somali.
- Yusuf Azhari, assessor do ex-presidente Yusuf.
- Ali Hashi Dhoore, empresário somali na Itália.
- Hassan Abshir Farah, ex-prefeito de Mogadíscio e deputado entre 2001 e 2003.
- Mohamoud Mohamed Guled, deputado e ex-ministro, foi apontado como deputado pelo então presidente Ahmed Yusuf no final de 2008 antes de renunciar, alguns dias depois.
- Ali Khalif Galaid, deputado entre 2000 e 2001, professor universitário.
- Abdirahman Abdi Hussein, ex-general e enviado para o Irã.
- Nur Hassan Hussein, então primeiro-ministro somali.
- Ahmed Hashi Mahmoud, ex-oficial do exército.
- Maslah Mohamed Siad, general e filho do ex-ditador Mohamed Siad Barre.
- Musa Mualim Yusuf, comerciante baseado em Uganda, nunca viveu na Somália.
Resultados
editarHouve três rodadas de votação, embora se um candidato obtivesse dois terços nas rodadas anteriores, a votação se encerraria. A primeira rodada de votação reduziu o número de candidatos para seis, o segundo para apenas dois, com o vencedor decidido apenas na terceira e última rodada.[12]
Assim a primeira rodada de votação começou, vários candidatos se retiraram, aumentando a especulação de que a votação seria em grande parte restringido à escolha entre Nur Hassan Hussein e Sharif Ahmed.[13] Na primeira votação, Sharif Ahmed conseguiu 215 votos, Maslah Mohamed Siad 60 e Nur Hassan Hussein, 59. Nur Hassan Hussein, em seguida, retirou sua candidatura, deixando a eleição de Sharif Ahmed como presidente praticamente assegurada.[14] Segundo relatos, Ali Khalif Galaid também desistiu.[15] De fato, todos os candidatos, exceto Maslah Mohamed Siad desistiram após a segunda rodada de votação; Sharif Ahmed ganhou a terceira votação de 293 a 126 votos.[16]
Após a eleição, o grupo terrorista Al Shabaab declarou que iniciaria uma nova campanha de ataques contra o governo, seja qual fosse o vencedor do pleito.[17]
Reação da ONU
editarO Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, declarou que a eleição do xeique é um sinal de esperança para a solução da crise. "Mantive um encontro com o novo Presidente Shariff Ahmed para discutir sobre paz e estabilidade, democracia, liberdade e luta contra a pirataria. Estou feliz que os somalis tenham eleito este dirigente jovem e dinâmico. Espero com impaciência trabalhar com ele", declarou o Secretário em Addis Abeba, a capital etíope.[18]
Ver também
editarReferências
- ↑ «Somali rivals to seek MPs' votes» (em inglês). BBC News. Consultado em 1 de fevereiro de 2009
- ↑ «Somalia's president quits office» (em inglês). BBC News. 29 de dezembro de 2008. Consultado em 11 de janeiro de 2009
- ↑ «Somali President Yusuf resigns». Financial Times (em inglês). Reuters. 29 de dezembro de 2008. Consultado em 11 de janeiro de 2009
- ↑ Sanders, Edmund (30 de dezembro de 2008). «Somalia president resigns; new unity government seen». Los Angeles Times (em inglês). Consultado em 11 de janeiro de 2009
- ↑ «Somalia's caretaker president says new leader to be named soon». People's Daily (em inglês). 2 de janeiro de 2009. Consultado em 11 de janeiro de 2009
- ↑ «Somali MPs to vote January 26 for new president». Khaleej Times (em inglês). Agence France-Presse. 11 de janeiro de 2009. Consultado em 11 de janeiro de 2009. Arquivado do original em 6 de fevereiro de 2009
- ↑ «Islamists take bases in Mogadishu» (em inglês). BBC News. 15 de janeiro de 2009. Consultado em 1 de fevereiro de 2009
- ↑ «Somalia's presidential election to be held in Djibouti» (em inglês). Garowe Online. 23 de janeiro de 2009. Consultado em 1 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 6 de fevereiro de 2009
- ↑ «Somalia may delay president vote» (em inglês). BBC News. 26 de janeiro de 2009. Consultado em 1 de fevereiro de 2009
- ↑ «Q&A: Somali presidential elections» (em inglês). BBC News. 29 de dezembro de 2008. Consultado em 1 de fevereiro de 2009
- ↑ Heinlein, Peter (26 de janeiro de 2009). «Somali Parliament Approves Expansion Before Presidential Vote» (em inglês). VOA News. Consultado em 1 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 31 de janeiro de 2009
- ↑ a b «FACTBOX-Somalia's presidential election» (em inglês). Reuters. 30 de janeiro de 2009. Consultado em 1 de fevereiro de 2009
- ↑ Heinlein, Peter (30 de janeiro de 2009). «African Leaders Await Outcome of Somalia Presidential Election» (em inglês). VOA News. Consultado em 1 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2009
- ↑ «Islamist looks set to be new Somali president» (em inglês). Reuters. 30 de janeiro de 2009. Consultado em 1 de fevereiro de 2009
- ↑ «Somalia: PM withdraws, Islamist leader to win presidency» (em inglês). Jimma Times. 30 de janeiro de 2009. Consultado em 1 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 6 de fevereiro de 2009
- ↑ «Islamist leader sworn in as Somali president» (em inglês). Reuters. 31 de janeiro de 2009. Consultado em 1 de fevereiro de 2009
- ↑ Líder islâmico assume Presidência somali e tentará unificação
- ↑ SG da ONU saúda eleição de novo Presidente