Elevador Lacerda

transporte vertical público em Salvador, no Brasil
Elevador Lacerda

O Elevador com a Cidade Alta a partir do Mercado Modelo

História
Engenheiro
Período de construção
1869-1873
1930 (segunda torre)
Abertura
1873
Status
Em funcionamento
Restaurado
Uso
Transporte de pessoas
Arquitetura
Estatuto patrimonial
bem tombado pelo IPHAN ()
bem tombado pelo IPAC (d) ()Visualizar e editar dados no Wikidata
Altura
Telhado : 72 metros
Administração
Proprietário
Prefeitura Municipal de Salvador (d)
Localização
Localização
Localização
Coordenadas
Mapa

O Elevador Lacerda é um sistema de transporte público da cidade de Salvador, capital do estado brasileiro da Bahia. Trata-se do primeiro elevador urbano do mundo. Em 8 de dezembro de 1873, quando a primeira torre foi inaugurada, era o elevador mais alto do mundo, com 63 metros. A estrutura atual, de 1930, tem 72 metros de altura.[1] Faz o transporte de pessoas entre a Praça Cairu, na Cidade Baixa, e a Praça Tomé de Sousa, na Cidade Alta. É um dos principais pontos turísticos e cartão-postal da cidade. Do alto de suas torres, descortina-se a vista para a Baía de Todos-os-Santos, o Mercado Modelo e, ao fundo, o Forte de São Marcelo.

São duas torres: uma que sai da rocha e perfura a Ladeira da Montanha, equilibrando as cabines, e outra, mais visível, que se articula à primeira torre, descendo até ao nível da Cidade Baixa. O elevador mais famoso da Bahia chega a transportar 900 mil passageiros por mês ou, em média, 28 mil pessoas por dia ao custo de quinze centavos de real por passageiro, num percurso de trinta segundos de duração. Em 16 de janeiro de 2019, o Elevador bateu seu recorde de viagens em um único dia, com 33.850 passageiros.[2]

História

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Projeto

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Salvador, província da Bahia (Rodolpho Lindemann, 1875).

A geomorfologia do local, dois planos separados por uma grande escarpa, era um problema durante a construção de Salvador e que foi crescendo com a expansão da cidade, tornando-se um desafio a ser vencido. A comunicação rápida e confortável entre os dois níveis era uma necessidade numa época em que o transporte era feito através de guindastes e ladeiras íngremes. Porém, o plano do baiano visionário Antônio de Lacerda ao idealizar o Elevador Hidráulico da Conceição - primeiro nome do Elevador Lacerda - não era apenas ligar a parte baixa e alta da cidade, era facilitar o transporte para o sul, sentido em que a cidade se expandia, articulando o elevador com as linhas de bonde.[carece de fontes?]

O projeto foi construído em ambiente familiar. Reuniões entre o pai Antônio Francisco de Lacerda, dono de muitas propriedades, o irmão engenheiro Augusto Frederico de Lacerda, a esposa e o sogro, eram realizadas para discutir o plano revolucionário. As obras foram iniciadas em 17 de outubro de 1869 e sua inauguração de se deu em 8 de dezembro de 1872. Era de sistema hidráulico até 1906, quando, após passar por reformas, foi eletrizado pela Companhia Linha Circular de Carris da Bahia.[3]

Construção e inauguração

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O primitivo elevador, na década de 1920

A oportunidade de realizar seu projeto surgiu quando a firma Antônio de Lacerda & Cia, cujo principal sócio era seu pai, comprou os direitos de construção de linhas de transporte na encosta e a firma se transformou na Companhia de Transportes Urbanos. A inauguração do equipamento se deu três anos depois e o elevador ficou conhecido popularmente como "Parafuso". Em 1896, o nome oficial foi alterado para "Elevador Lacerda" em homenagem ao idealizador e construtor Antônio de Lacerda.[1]

Após a sua inauguração, passou a ser o principal meio de transporte entre a Cidade Alta, onde se encontra o centro histórico, e a Cidade Baixa, local de concentração de atividades financeiras e comerciais em Salvador. Na estrutura inicial, os passageiros tinham de ser pesados individualmente, e o peso total dos passageiros a serem transportados era calculado e somando-os até atingir o limite máximo de segurança. O Barão de Jeremoabo (Cícero Dantas) assim registrou a pesagem dele próprio e de outras autoridades:[4]

Em 16 de março de 1889 pesamo-nos no elevador, dando o seguinte resultado: Pinho - 54 quilos, ou 3 arrobas e 98 libras; Cícero - 61 quilos, ou 4 arrobas e 2 libras; Guimarães - 65 quilos ou 4 arrobas e 10 libras; Artur Rios - 73 quilos ou 4 arrobas e 26 libras; e Vaz Ferreira - 115 quilos, ou 7 arrobas e 20 libras.

Inicialmente operava com duas cabines, atualmente funciona com quatro modernas cabines eletrificadas que comportam 32 passageiros cada uma, com um tempo de permanência de 22 segundos.[5]

Reformas

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O elevador à noite.
Elevador Lacerda
 
Praça Cairu
 
Praça Tomé de Sousa

Várias mudanças foram introduzidas ao longo de sua história por cinco grandes reformas e revisões:

  1. em julho de 1906 para a sua eletrificação;
  2. em 1930 adicionaram-se mais dois elevadores e uma nova torre;
  3. no fim da década de 1950, concluindo-se em 1961, o elevador passou por uma total reforma em sua parte mecânica;
  4. no início da década de 1980 houve uma revisão na estrutura de concreto;
  5. em 1997 foi feita a revisão de todo o maquinário elétrico e eletroeletrônico.

A reforma de 1930 conferiu-lhe a atual arquitetura em estilo art déco. As duas cabines originais foram ampliadas para quatro, sendo que cada uma delas com a capacidade de transportar até vinte e sete passageiros. A inauguração da obra deu-se a 7 de setembro daquele ano.[6]

Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 7 de dezembro de 2006.[7]

Referências culturais

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Doodle em homenagem aos 145 anos da inauguração.
"Quem chega na praça Cayru / E olha pra cima, o que é que vê? / Vê o elevador Lacerda / Que vive a subir e a descer / É o retrato fiel da Bahia"
Riachão, "Retrato da Bahia"

No ano de 1963 o Trio Nordestino lançou seu primeiro disco contendo a gravação da música "Retrato da Bahia", de autoria do compositor Riachão.[8]

No dia 8 de dezembro de 2018, homenageando os 145 anos de sua inauguração, o Google publicou na versão brasileira da página de seu motor de busca um doodle com a imagem do Elevador.[9]

Ver também

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Referências

  1. a b SAMPAIO, Consuelo Novais. 50 anos de urbanização: Salvador da Bahia no Século XIX. Rio de Janeiro: Versal, 2005. ISBN 85-89309-11-8
  2. «Elevador Lacerda tem o dia com o maior número já registrado de pessoas transportadas». www.bahianoticias.com.br. Consultado em 18 de janeiro de 2019 
  3. Bahia Illustrada, ed. (1918). «A Bahia e seu historiadores». Consultado em 29 de setembro de 2021 
  4. CARVALHO JR., Álvaro Pinto de. O Barão de Jeremoabo e a Política de seu Tempo. Salvador: SECT, 2006. ISBN 85-7505-147-4
  5. "Um atalho para as preciosidades da Bahia". Revista História Viva, 18, pp. 94-95. Editora Duetto. São Paulo (2005)
  6. HEROLD, Marc W. Entre o Açúcar e o Petróleo: Bahia e Salvador, 1920-1960 (trad. Cecília T. Teradaira-Williamson). in: Espaço Acadêmico, nº 42, ed. novembro/2004, ISSN 1519.6186
  7. IPHAN, ed. (2006). «Tombamento do Elevador Lacerda». Consultado em 29 de setembro de 2021 
  8. Abílio Neto (4 de março de 2008). «Pérola da Música Popular Brasileira - Riachão da Bahia». Migalhas. Consultado em 8 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 8 de dezembro de 2018 
  9. Felipe Victor (8 de dezembro de 2018). «Elevador Lacerda, o primeiro urbano do mundo, completa 145 anos». Tecstudio. Consultado em 8 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 8 de dezembro de 2018 

Ligações externas

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