Elina González Acha de Correa Morales
Elina González Acha de Correa Morales (Chivilcoy, 20 de janeiro de 1861 - Buenos Aires, 13 de agosto de 1942) foi uma geógrafa, educadora, artista e ativista dos direitos das mulheres argentina. Foi uma das primeiras graduadas da Escola Normal argentina. Como pintora e escritora, obteve reconhecimento internacional por suas obras. Foi uma das fundadoras da Sociedade Argentina de Estudos Geográficos (GÆA), sendo sua presidente da fundação até sua morte. Juntamente com seu marido, o renomado escultor Lucio Correa Morales, defendeu as reivindicações de terras dos selk'nam.
Elina González Acha de Correa Morales | |
---|---|
Nascimento | 20 de janeiro de 1861 Chivilcoy |
Morte | 13 de agosto de 1942 Buenos Aires |
Cidadania | Argentina |
Filho(a)(s) | Lía Correa Morales |
Ocupação | geógrafa |
Biografia
editarElina González Acha nasceu em 20 de janeiro de 1861 em Chivilcoy, na província de Buenos Aires, Argentina.[1] Neste local, frequentou a Escola das Irmãs Irlandesas, além de estudar francês e desenho em casa. Sua mãe, Cristina Acha, matriculou-a na Escola Nacional Normal de Professores Nº 1 "Presidente Roque Sáenz Peña", em 1875. González formou-se em 1879,[2] tornando-se uma das primeiras graduadas da escola normal argentina, e começou a lecionar.[1] Continuou seus próprios estudos em inglês, francês, alemão, latim e desenho.[3] Em 1887, começou a trabalhar no Museu Público de Buenos Aires e se inscreveu para ingressar no Instituto Geográfico Argentino, em 1888. Já em 1890, começou a lecionar na Escola Normal de Belgrano, mas renunciou para ocupar a cadeira de geografia na Escola Mariano Acosta.[4] Depois que Ernestina López fundou o Liceo Nacional de Señoritas no mesmo ano,[5] González tornou-se a professora de geografia e ciências naturais daquela escola.[1]
Ainda em 1890, casou-se com Lucio Correa Morales,[3] com quem teve sete filhos.[4] Em sua casa, ela e Lucio recebiam muitos visitantes da elite intelectual, além de delegações de povos indígenas em busca de ajuda para garantir seus direitos ancestrais. Defendiam a educação das mulheres[6] e trabalhavam na defesa das reivindicações de terra dos selk'nam.[7] Em 1900, González ingressou no Conselho Nacional de Mulheres e concluiu duas pinturas a óleo sobre tela, Cabeza e Amalita.[4]
González estudou com Eduardo Ladislao Holmberg, aprendeu a embalsamar pássaros, começou a colecionar insetos e a publicar livros. Sua primeira publicação, Geografía elemental: Libro 1, foi publicada em 1903 e era um livro didático destinado para alunos do ensino primário. Em seguida, publicou Ensayo de Geografía Argentina: Parte Física, em 1904, e dois livros de contos, Isondú e Isopós.[1] Se tornou membra do comitê executivo da Associação de Bibliotecas de Mulheres, uma organização mantida por mulheres com o objetivo de melhorar a leitura.[8] Seu livro de contos Isondú recebeu uma medalha de prata na Exposição Universal de 1904 em St. Louis, Missouri.[9] Nos anos seguintes, González continuou ensinando e participou de várias conferências internacionais, apresentando artigos sobre tópicos geográficos.[10] Também participou junto com várias outras personalidades, como Elisa Bachofen, Julianne Dilenius, Cecilia Grierson e Berta Wernicke, na pressão pela emancipação das mulheres e pela igualdade política.[8] González se aposentou do ensino em 1910.[11]
Vida posterior
editarNo mesmo ano em que se aposentou, González apresentou um trabalho no XVII Congresso Internacional das Américas, realizado entre a Argentina e o México. O tema de sua apresentação foi a caça indígena e sua relação com a maneira com a qual os povos indígenas se relacionam com o meio ambiente. Alguns meses depois, participou da Primeira Conferência Científica Internacional das Américas, realizada em conjunto com as comemorações do centenário da Argentina.[12] Como parte de um suplemento especial do jornal La Nación, González publicou a Historia de los Conocimientos Geográficos, no qual fez um registro da topografia e dos limites do país.[1] Dos 300 trabalhos apresentados no suplemento, apenas dois foram escritos por mulheres (González e Ernestina A. López).[11] Em 1913, sua carreira artística foi impulsionada quando o Museu Nacional de Belas Artes comprou uma de suas pinturas a óleo,[9] Cabeza. Dois anos depois, a pintura recebeu uma medalha de prata[13] na Exposição Universal de 1915 em São Francisco, Califórnia.[9]
Em 1922, González empenhou-se na criação da Sociedade Argentina de Estudos Geográficos(GÆA),[14] tornando-se presidente da sociedade até sua morte.[1] Foi a primeira correspondente mulher da Sociedade de Geografia de Berlim em 1924 e, nesse mesmo ano, foi nomeada pelo Governo da Argentina para representar o país no Congresso Internacional de Geografia e Etnologia no Cairo, Egito.[11] Dois anos depois, ingressou na Academia Nacional Mexicana de História e Geografia.[15] Em 1927, tornou-se membra da Sociedade Parisiense das Américas e, em 1932, foi convidada a integrar a Sociedade de Mulheres Geógrafas.[15]
Em 1935, publicou, com sua filha Cristina, Amalita: libro de lectura para cuarto grado, uma cartilha para o ensino primário. O livro descrevia as paisagens do país, a história popular e falava sobre fenômenos naturais como o vento e eclipses.[16] González se encontrou com Rosario Vera Peñaloza e a diretoria do GÆA em 1937 para projetar e construir mapas do relevo da Argentina, mostrando todas as províncias.[17] Em 1939, seus livros foram homenageados pelos Estados Unidos.[15] González se esforçou ao longo de sua carreira para destacar a importância de preservar a história geográfica, a nomenclatura e os costumes da Argentina, defendendo a padronização e a catalogação. Em 1941, apresentou uma proposta de projeto de lei para proteger a toponímia nacional.[18]
González morreu em 13 de agosto de 1942, em Buenos Aires. Dois anos depois, quando o GÆA estabeleceu sua nova sede, um retrato seu, pintado por sua filha Lía Correa Morales, foi instalado em sua memória.[19] Em 1962, no 40º aniversário da fundação do GÆA, um memorial foi realizado no Cemitério da Recoleta em sua homenagem.[20] Em 1972, o Ministério da Cultura da Argentina criou um prêmio com seu nome para homenagear o melhor graduado em geografia. Em 1991, uma cadeira com seu nome foi criada pela Academia Nacional de Geografia. González e Ana Palese de Torres foram as duas únicas mulheres a serem homenageadas pela Academia.[21]
Obras selecionadas
editar- Correa Morales, Elina G. A.; Carbone, M E (1903). Geografía elemental: Libro 1 (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: Cabaut Ed. OCLC 835357570
- Correa Morales, Elina G. A. (1904). Ensayo de Geografía Argentina: Parte Física (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: [s.n.]
- Correa Morales, Elina González Acha (1906). Isondú: lecturas variadas para las escuelas comunes (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: Cabaut[22]
- Correa Morales, Elina González Acha (1911). Isipós (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: Cabaut[22]
- Correa Morales, Elina G.A. (1910). Ensayo de geografía argentina, parte física (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: Cabaut y cía. OCLC 21614558
- Correa Morales, Elina González Acha (1911). Isipós tradiciones y cuentos para niños (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: Cabaut y cía. OCLC 610579771
- Correa Morales, Elina González Acha (1912). Facultades que han contribuído á desarrollar el ejercicio de la caza entre los primitivos (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: Impr. de Coni Hermanos. OCLC 252817206
- Correa Morales, Elina González Acha (1935). Amalita: libro de lectura para cuarto grado (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: Talleres J. Peuser[22]
Referências
- ↑ a b c d e f «Los Fundadores de GÆA» (PDF) (em Spanish). Buenos Aires, Argentina: GÆA Sociedad Argentina de Estudios Geográficos. 2013. Consultado em 22 de março de 2016. Cópia arquivada (PDF) em 3 de janeiro de 2017
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 31.
- ↑ a b Curto & Lascano 2015, p. 32.
- ↑ a b c Curto & Lascano 2015, p. 67.
- ↑ Becerra, Marina (julho de 2009). «Las argentinas y su historia». Buenos Aires. Mora. 15 (1). 0 páginas. Consultado em 11 de abril de 2023. Cópia arquivada em 18 de setembro de 2021
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 33.
- ↑ Vigini, Raúl (23 de janeiro de 2016). «Cómo y dónde viví mi infancia* por Cristián Hernández Larguía – director coral (Rosario)» (em espanhol). Rafaela, Santa Fe, Argentina: La Opinión. Consultado em 22 de março de 2016. Cópia arquivada em 24 de setembro de 2018
- ↑ a b Curto & Lascano 2015, p. 38.
- ↑ a b c Curto & Lascano 2015, p. 68.
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 35.
- ↑ a b c Curto & Lascano 2015, p. 37.
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 36.
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 49.
- ↑ Malumián, Norberto (setembro de 2011). «Historia de la concepcin de un espacio geogrfico denominado Plataforma Continental». Revista de la Asociación Geológica Argentina. 68 (3): 407–414. Consultado em 11 de abril de 2023. Cópia arquivada em 24 de setembro de 2018
- ↑ a b c Curto & Lascano 2015, p. 69.
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 48.
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 47.
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 46.
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 53.
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 54.
- ↑ Curto & Lascano 2015, p. 55.
- ↑ a b c «Catálogo y Biblioteca Digital: González Acha de Correa Morales, Elina 1862–1942». Biblioteca Nactional de Maestros (em Spanish). Buenos Aires, Argentina: Ministerio de Educación. 2016. Consultado em 22 de março de 2016. Cópia arquivada em 22 de março de 2016
Bibliografia
editar- Curto, Susana I.; Lascano, Marcelo E. (2015). «Elina González Acha de Correa Morales, Intelectual y Académica» (PDF). Buenos Aires, Argentina: Academia Nacional de Geografía. Anales de la Academia Nacional de Geografía 2014 (em espanhol) (35): 27–70. ISSN 0327-8557. Consultado em 22 de março de 2016