Eliseu Padilha
Eliseu Lemos Padilha, GCMD • GCMTGV • GOMM, (Canela, 23 de dezembro de 1945 – Porto Alegre, 13 de março de 2023); [6] foi um advogado e político brasileiro filiado ao MDB. Foi Ministro-chefe da Casa Civil do Brasil, sendo considerado peça-chave na articulação política do governo de Michel Temer.[7][8]
Eliseu Padilha | |||
---|---|---|---|
48.º Ministro-chefe da Casa Civil do Brasil | |||
Período | 12 de maio de 2016 a 1 de janeiro de 2019 | ||
Presidente | Michel Temer | ||
Antecessor(a) | Eva Chiavon (Interina) | ||
Sucessor(a) | Onyx Lorenzoni | ||
Ministro do Trabalho do Brasil (Interino) | |||
Período | 5 de julho de 2018 a 9 de julho de 2018 | ||
Presidente | Michel Temer | ||
Antecessor(a) | Helton Yomura | ||
Sucessor(a) | Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello | ||
3.º Ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil do Brasil | |||
Período | 1 de janeiro de 2015 a 1 de dezembro de 2015 | ||
Presidente | Dilma Rousseff | ||
Antecessor(a) | Moreira Franco | ||
Sucessor(a) | Guilherme Walder Mora Ramalho (Interino) | ||
94.º Ministro dos Transportes do Brasil | |||
Período | 22 de maio de 1997 a 14 de novembro de 2001 | ||
Presidente | Fernando Henrique Cardoso | ||
Antecessor(a) | Alcides Saldanha | ||
Sucessor(a) | Alderico Lima (Interino) | ||
Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul | |||
Período | 1º- 1 de fevereiro de 1995 a 1 de fevereiro de 1999 2º- 1 de fevereiro de 2003 a 1 de fevereiro de 2011 (2 mandatos consecutivos) 3º- 23 de agosto de 2011 a 1 de janeiro de 2015 | ||
Prefeito de Tramandaí | |||
Período | 1 de janeiro de 1989 a 1 de janeiro de 1993 | ||
Vice-prefeito | Jose Eurico Bitencourt Machado | ||
Antecessor(a) | Elói Braz Sessim | ||
Sucessor(a) | Edegar Munari Rapach | ||
Dados pessoais | |||
Nascimento | 23 de dezembro de 1945 Canela, Rio Grande do Sul | ||
Morte | 13 de março de 2023 (77 anos) Porto Alegre, Rio Grande do Sul | ||
Nacionalidade | Brasileiro | ||
Prêmio(s) |
| ||
Partido | MDB (1966–1979) MDB (1980–2023) | ||
Ocupação | Advogado e político |
De 1997 a 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi o Ministro dos Transportes e, em 2015, no segundo governo de Dilma Rousseff, foi o Ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República.
Carreira política
editarEntrou no mundo da política através de grêmios estudantis, passando em seguida a acompanhar Pedro Simon, a quem escolheu como paraninfo de sua turma de Contabilidade, em 1966.[9] Simon depois lhe deu o cargo de secretário-executivo do PMDB em Canela. Mudou-se para Tramandaí, ingressando no ramo da construção civil, em parceria com o empresário Affonso Penna Khury, tornando-se um dos maiores incorporadores imobiliários do litoral norte gaúcho.[10]
Formado em direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), foi prefeito de Tramandaí de 1989 a 1992. Foi deputado federal de 1995 a 2011, tendo atuado na aprovação da emenda da reeleição[10]. Em 2007, sucedeu o então ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, na presidência da Fundação Ulysses Guimarães,[11] cargo que ocupou até janeiro de 2015. Nas eleições de 2010, ficou como primeiro suplente e retornou ao cargo em 2013, com a nomeação do deputado Mendes Ribeiro Filho para o Ministério da Agricultura. Permaneceu no cargo até janeiro de 2015. Ocupou o Ministério dos Transportes no governo Fernando Henrique Cardoso, de 1997 a 2001. Nessa época, estabeleceu uma relação profunda com o então presidente da Câmara, Michel Temer.[10] Em 1998, como ministro, foi admitido por FHC à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial.[1]
Secretaria de Aviação Civil
editarEm dezembro de 2014 foi anunciado oficialmente Ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República para o segundo mandato do Governo Dilma Rousseff.[12]
Em 1 de dezembro de 2015, protocolou seu pedido de demissão, em atitude rara na história da República.[13] A saída do ministro ocorreu um dia antes do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha ter acatado o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Padilha alegou "razões pessoais" em seu pedido. Algumas fontes na mídia afirmaram, contudo, que o motivo seria o fato de ter sido negada a sua indicação de um técnico concursado para uma diretoria da ANAC, devido a uma articulação política do partido do governo.[14][15]
Governo Temer
editarMinistro-chefe da Casa Civil
editarFoi nomeado ministro da Casa Civil no Governo Michel Temer.[16] Padilha assumiu o cargo em contexto da crise econômica de 2014 que, segundo Padilha, era a pior da história do Brasil. Durante sua estadia frente à Casa Civil, Padilha defendeu reformas propostas pelo governo Temer, como a PEC do Teto dos Gastos Públicos e a reforma da Previdência, que o governo não conseguiu aprovar.[17]
Ministro do Trabalho
editarFoi nomeado interinamente ministro do Trabalho em 5 de julho de 2018, cargo que ocupou até o dia 9 de julho, sendo sucedido por Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello.[18][19] Ele acumulou as funções de ministro da Casa Civil e de ministro do trabalho durante esse breve período.[18]
Controvérsias
editarOperação Lava Jato
editarEm setembro de 2016, Padilha foi acusado pelo ex-advogado-Geral da União, Fábio Medina Osório, demitido, de querer abafar a Operação Lava Jato, o que negou.[20] Mesmo assim, senadores protocolaram uma representação na Procuradoria-Geral da República contra ele e a advogada-geral, Grace Maria Fernandes Mendonça, para apurar o caso.[21]
Em dezembro de 2016, em acordo de delação premiada, Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht (atual Novonor), citou, durante a Operação Lava Jato, 45 vezes o ministro.[22] Segundo o delator, o próprio presidente Michel Temer incumbiu Padilha de operacionalizar pagamentos de campanha. O ministro, diz o ex-executivo, cuidou da distribuição de 4 milhões de reais do total de 10 milhões de reais solicitados por Temer à empreiteira. Na delação, Cláudio Melo Filho afirmou: "Foi ele [Padilha] o representante escolhido por Michel Temer –fato que demonstrava a confiança entre os dois–, que recebeu e endereçou os pagamentos realizados a pretexto de campanha solicitadas por Michel Temer. Este fato deixa claro seu peso político, principalmente quando observado pela ótica do valor do pagamento realizado, na ordem de R$ 4 milhões". Ao se referir ao ministro Padilha, Melo Filho afirmou que o hoje ministro "atua como verdadeiro preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome",[22] e que ele "concentra as arrecadações financeiras desse núcleo político do PMDB para posteriores repasses internos".[22] Padilha nega qualquer irregularidade na relação com a empreiteira.[22]
Denunciado pela Procuradoria-Geral da República
editarEm 15 março de 2017, após a homologação de diversas delações premiadas, a Procuradoria Geral da República denunciou diversos políticos por envolvimento em corrupção, entre eles Eliseu Padilha. A repercussão de tal denuncia criou um cenário difícil para o governo.[23] O então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a retirada do sigilo da documentação que havia sido entregue nesta terça ao Supremo Tribunal Federal, sob o argumento de que é necessário promover transparência e atender ao interesse público, o pedido foi acolhido. Documentos liberados pelo STF citam Padilha como suposto responsável pela distribuição de R$ 4 milhões repassados pela Odebrecht à campanha de Temer. Em delação premiada, o ex-assessor de Michel Temer, José Yunes, disse foi orientado por Padilha a receber "documentos" em seu escritório e que, no mesmo dia acertado por ele, o lobista Lúcio Funaro foi ao local e lhe entregou um pacote. Além disto, em gravação, Padilha diz que aceitou o nome de Ricardo Barros como ministro da Saúde em troca de apoio do Partido Progressista nas votações do Congresso Nacional.[23][24][25]
Venda de bois piratas
editarJosé Padilha possui 5 fazendas que estão dentro do território do Parque Estadual Serra Ricardo Franco. A Fazenda Cachoeira desmatou 755 hectares e as fazendas Paredão I e II desmataram 4.123 hectares. Já a Fazenda Palmital e o Sítio Minas Gerais não foram apurados. As fazendas ficaram conhecidas após venda de gado pirata para a JBS em 2014, que ia contra a TAC da Carne, assinada pela empresa em 2010. O governo tentou blindá-lo,[26] mas teve seus bens embargados em 2016.[27] Boa parte do desmatamento aconteceu logo após a criação do parque, em 1994.[28]
Saúde e morte
editarFaleceu aos 77 anos em 13 de março de 2023, no Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre. O político fazia tratamento de um câncer de estômago desde 2018[10]. Desde 2017, Eliseu Padilha apresentava alguns problemas de saúde. Na ocasião, ele tirou uma licença de saúde para tratar um problema de obstrução urinária, que depois o levou a passar por uma cirurgia de próstata. Em 2019, Padilha sofreu uma hemorragia cerebral superficial, um tipo mais brando de AVC. [29]
Referências
- ↑ a b BRASIL, Decreto de 31 de março de 1998.
- ↑ «Almanaque de Agraciados na Ordem do Mérito Aeronáutico» (PDF). Força Aérea Brasileira (pdf). Consultado em 18 de dezembro de 2020
- ↑ «Decreto presidencial de 6 de junho de 2017». Imprensa Nacional (pdf). Consultado em 18 de dezembro de 2020
- ↑ «Decreto presidencial de 6 de novembro de 2018». Imprensa Nacional. Consultado em 18 de dezembro de 2020
- ↑ «Almanaque de Agraciados na Medalha Santos-Dumont» (PDF). Força Aérea Brasileira (pdf). Consultado em 18 de dezembro de 2020
- ↑ «Morre o ex-ministro Eliseu Padilha, aos 77 anos». GZH. 14 de março de 2023. Consultado em 14 de março de 2023
- ↑ «Eliseu Padilha é o novo ministro da Casa Civil». Casa Civil. Consultado em 9 de julho de 2016
- ↑ «Eliseu Padilha». Revista Época. 18 de julho de 2017
- ↑ «Morre o ex-ministro Eliseu Padilha». Zero Hora (20533): 9. 14 de março de 2023
- ↑ a b c d Schaffner, Fábio (15 de março de 2023). «Morre Eliseu Padilha, hábil articulador político gaúcho». Zero Hora (20534): 22
- ↑ «Eliseu Padilha 07/2007 A 01/2015». www.fundacaoulysses.org.br. Fundação Ulysses Guimarães. Consultado em 19 de dezembro de 2018
- ↑ «Dilma anuncia 13 novos nomes da reforma ministerial». Correio do Povo. 23 de dezembro de 2014
- ↑ Matoso, Filipe (7 de dezembro de 2015). «Casa Civil confirma pedido de demissão de Eliseu Padilha». G1
- ↑ Mosquéra, Júlio (5 de dezembro de 2015). «Eliseu Padilha deixa o cargo de ministro da Secretaria de Aviação Civil». Jornal da Globo
- ↑ «Ministro Eliseu Padilha pede demissão e aumenta tensão entre PT e PMDB». Diário do Nordeste. 4 de dezembro de 2015. Consultado em 21 de novembro de 2017
- ↑ «Eliseu Padilha (PMDB), ministro da Casa Civil do governo Temer». G1. 12 de maio de 2016. Consultado em 21 de novembro de 2017
- ↑ Minas, Estado de; Minas, Estado de (1 de outubro de 2016). «Eliseu Padilha diz que Brasil vive pior crise econômica da história». Estado de Minas. Consultado em 26 de janeiro de 2020
- ↑ a b Matoso, Filipe; Mazui, Guilherme (5 de julho de 2018). «'Diário Oficial' publica em edição extra nomeação de Eliseu Padilha como ministro interino do Trabalho». G1. Consultado em 19 de dezembro de 2018
- ↑ «Temer escolhe advogado como novo ministro do Trabalho». O Globo. 9 de julho de 2018. Consultado em 26 de janeiro de 2020
- ↑ «Eliseu Padilha nega que o governo esteja tentando obstruir a Lava Jato». Jornal do Brasil. 12 de setembro de 2016. Consultado em 21 de novembro de 2017
- ↑ «Senadores protocolam representação contra Eliseu Padilha e Grace Maria». Jornal do Brasil. 13 de setembro de 2016. Consultado em 21 de novembro de 2017
- ↑ a b c d Casado, Letícia; Valente, Rubens; Mattoso, Camila; Álvares, Débora (10 de dezembro de 2016). «Nome de Temer é citado 43 vezes em delação de executivo da Odebrecht». Folha de S.Paulo
- ↑ a b «Da Lava Jato à grilagem: veja as principais polêmicas envolvendo Eliseu Padilha». UOL. 24 de fevereiro de 2017
- ↑ Costa, Fabiano; Ramalho, Renan (14 de março de 2017). «Janot pede ao STF 83 inquéritos para investigar políticos citados por delatores». G1. Consultado em 21 de novembro de 2017
- ↑ «Nova 'lista do Janot': veja o que disseram políticos alvos de pedidos de inquérito». G1. 14 de março de 2017. Consultado em 21 de novembro de 2017
- ↑ Cauê Ameni (5 de junho de 2017). «Documentos mostram que Eliseu Padilha vendeu gado ilegal à JBS». De Olho nos Ruralistas. Consultado em 15 de maio de 2022. Cópia arquivada em 15 de maio de 2022
- ↑ Breno Pires e Rafael Moraes Moura (5 de dezembro de 2016). «Juiz manda bloquear R$ 38 mi de Padilha e sócios por crime ambiental - Política». Estadão. Consultado em 15 de maio de 2022. Cópia arquivada em 15 de maio de 2022
- ↑ «Greenpeace mostra como Eliseu Padilha forneceu carne de áreas desmatadas para JBS, Marfrig e Minerva». De Olho nos Ruralistas. 30 de junho de 2020. Consultado em 15 de maio de 2022. Cópia arquivada em 15 de maio de 2022
- ↑ «Morre, aos 77 anos, Eliseu Padilha, ex-ministro de FHC, Dilma e Temer». Uol. Consultado em 14 de março de 2023
Ligações externas
editar
Precedido por Alcides Saldanha |
Ministro dos Transportes do Brasil 1997 — 2001 |
Sucedido por Alderico Lima |
Precedido por Moreira Franco |
Ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil 2015 |
Sucedido por Guilherme Walder Mora Ramalho (interino) |
Precedido por Helton Yomura |
Ministro do Trabalho do Brasil (interino) 2018 |
Sucedido por Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello |
Precedido por Eva Chiavon |
Ministro-chefe da Casa Civil do Brasil 2016 — 2019 |
Sucedido por Onyx Lorenzoni |