Enxaqueca hemiplégica

Enxaqueca hemiplégica é um tipo de enxaqueca caracterizada por fraqueza motora que afeta apenas um lado do corpo, acompanhada por aura, e é totalmente reversível. Muitas vezes, há um comprometimento sensorial, da visão ou da fala. Ela pode ocorrer na família, chamada de enxaqueca hemiplégica familiar (FHM), ou em uma única pessoa, chamada de enxaqueca hemiplégica esporádica. Os sintomas se asseemelham a um acidente vascular cerebral e podem ser precipitados por trauma craniano menor. Pessoas com FMH são aconselhadas a evitar atividades que possam desencadear seus ataques.

Enxaqueca hemiplégica
Enxaqueca hemiplégica
A enxaqueca hemiplégica é herdada de forma autossômica dominante
Tipos Enxaqueca hemiplégica familiar e enxaqueca hemiplégica esporádica[1]
Classificação e recursos externos
CID-10 G43.4
CID-9 346.30
CID-11 1957063016
OMIM 141500, 602481, 609634
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Sintomas e sinais

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Hemiplegia (do grego "hemi" = metade) é uma condição que afeta o sistema motor e sensorial de um lado do corpo. Os sinais de uma crise de enxaqueca hemiplégica são semelhantes aos que seriam apresentados em um acidente vascular cerebral, que normalmente inclui dor de cabeça repentina e intensa em um lado do cérebro, fraqueza na metade do corpo, ataxia e afasia que podem se estender por horas, dias ou semanas, mas que são completamente reversíveis.[2]

Causas

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A característica distintiva da enxaqueca hemiplégica é a fraqueza que afeta um só lado do corpo durante a crise, que é uma manifestação da aura motora. Acredita-se que a aura exibida durante um episódio de enxaqueca seja causada por um fenômeno conhecido como depressão cortical alastrante.

Mesmo entre pessoas que não correm risco devido a um histórico familiar de enxaquecas hemiplégicas, a discussão médica atual indica que fatores genéticos ainda podem desempenhar um papel. Alguns estudos científicos sugerem que uma percentagem dos que sofrem de enxaqueca hemiplégica pode ter mutações nos genes CACNA1A [en] e ATP1A2 [en].[3]

Diagnóstico

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Classificação

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A Classificação Internacional de Cefaleias (ICHD-3) distingue 6 subtipos de enxaqueca hemiplégica.[4] A enxaqueca hemiplégica familiar (FHM) pode ser dividida em duas categorias: com e sem sinais cerebelares. Os sinais cerebelares incluem a ataxia, que pode ser episódica ou progressiva, e podem acompanhar mutações as genéticas da enxaqueca hemiplégica familiar tipo 1 (FHM1), resultante da degeneração do cerebelo. Outras formas de FHM parecem ser distinguíveis apenas com base em sua causa genética.[5]

Enxaqueca hemiplégica familiar

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A enxaqueca hemiplégica familiar [en] é uma forma de enxaqueca hemiplégica que ocorre em famílias.[6] A enxaqueca hemiplégica é herdada de forma autossômica dominante.

Enxaqueca hemiplégica esporádica

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Há também casos de enxaqueca hemiplégica que não têm um histórico familiar, conhecidos como enxaqueca hemiplégica esporádica [en]. Esses casos parecem ter causas semelhantes às dos casos familiares, mas são atribuídos a mutações de novo. Clinicamente, os casos esporádicos são idênticos aos familiares, e a única diferença é a ausência de histórico familiar de episódios de enxaqueca.[7]

Tratamento

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Como a enxaqueca hemiplégica é uma condição rara, não há ensaios clínicos disponíveis para o tratamento. Pessoas com FHM são encorajadas a evitar atividades que possam desencadear seus ataques. Uma estratégia comum é manter um estilo de vida regular, usar analgésicos simples quando necessário e prescrever medicamentos preventivos.[8]

Se for necessário tratamento preventivo, recomenda-se o uso de bloqueadores dos canais de cálcio. Durante um ataque agudo, deve-se evitar o uso de vasoconstritores.[8]

Epidemiologia

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A enxaqueca é um distúrbio bastante comum, afetando de 15 a 20% da população. No entanto, a enxaqueca hemiplégica, seja familiar ou esporádica, é muito menos prevalente, com uma taxa de ocorrência de 0,01%.[9]

Referências

  1. «Orphanet: Familial or sporadic hemiplegic migraine». Orphanet. 28 de maio de 2024. Consultado em 11 de junho de 2024 
  2. «What is hemiplegia? | HemiHelp: for children and young people with hemiplegia (hemiparesis)». www.hemihelp.org.uk. Consultado em 9 de julho de 2019. Arquivado do original em 5 de março de 2013 
  3. Kumar, Anil; Samanta, Debopam; Emmady, Prabhu D.; Arora, Rohan (2023), «Hemiplegic Migraine», Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, StatPearls, PMID 30020674, consultado em 26 de dezembro de 2023 
  4. Website The International Classification of Headache Disorders 3rd edition (Beta version).
  5. Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS) (julho de 2013). «The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition (beta version)». Cephalalgia (em inglês) (9): 629–808. ISSN 0333-1024. doi:10.1177/0333102413485658. Consultado em 8 de setembro de 2024 
  6. «familial hemiplegic migraine». Genetics Home Reference (em inglês). Consultado em 19 de junho de 2017 
  7. «sporadic hemiplegic migraine». Genetics Home Reference (em inglês). Consultado em 19 de junho de 2017 
  8. a b Gupta, Surya N.; Gupta, Vikash S.; Borad, Nirali (janeiro de 2016). «Spectrum of migraine variants and beyond: The individual syndromes in children». Brain and Development (em inglês) (1): 10–26. doi:10.1016/j.braindev.2015.05.009. Consultado em 8 de setembro de 2024 
  9. Thomsen, L Lykke; Eriksen, M Kirchmann; Romer, S Faerch; Andersen, I; Ostergaard, E; Keiding, N; Olesen, J; Russell, Mb (junho de 2002). «An Epidemiological Survey of Hemiplegic Migraine». Cephalalgia (em inglês) (5): 361–375. ISSN 0333-1024. doi:10.1046/j.1468-2982.2002.00371.x. Consultado em 8 de setembro de 2024 

Ligações externas

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