Inácio de Antioquia

Bispo de Antioquia e Santo da Igreja Católica
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Santo Inácio foi bispo de Antioquia da Síria entre 68 e 100[3] ou 107,[4] discípulo do apóstolo João. Também conheceu São Paulo e foi sucessor de São Pedro na igreja em Antioquia. Segundo Eusébio de Cesareia,[5] Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia da Síria e segundo Orígenes teria sido o segundo bispo[6] da cidade. Santo Inácio foi detido pelas autoridades e transportado para Roma, onde foi condenado à morte no Coliseu martirizado por leões.

Santo Inácio de Antioquia
Inácio de Antioquia
Ícone de Inácio sendo martirizado por leões.
Patriarca de Antioquia,
Padre Apostólico e Mártir
Nascimento ca. 30-35
Antioquia
Morte Entre 98 e 107[1][2]
Roma
Veneração por Igreja Católica
Igreja Ortodoxa
Comunhão Anglicana
Igreja Luterana
Principal templo Relíquias estão na Basílica de São Clemente, em Roma
Festa litúrgica Cristianismo ocidental (forma ordinária) e siríaco: 17 de outubro

Rito Romano (forma extraordinária): 01 de fevereiro Igreja Ortodoxa Oriental e Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria: 20 de dezembro (2 de janeiro no Calendário juliano)

Atribuições um bispo rodeado por leões
Padroeiro da Igreja no Mediterrâneo oriental e no norte da África
Portal dos Santos

Defendendo a autoridade da Igreja, ele foi o primeiro a escrever a expressão "Igreja Católica", em uso até o presente.[7]

Antioquia, à margem do rio Orontes, a capital da província romana da Síria, terceira cidade do Império depois de Roma e Alexandria ocupa um importante lugar na história do Cristianismo. Foi aqui que Paulo de Tarso pregou o seu primeiro sermão cristão (numa sinagoga), e foi aqui que os seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez de cristãos.[8]

Foi preso por ordem do imperador Trajano (r. 98–117) e condenado a ser lançado aos leões no Coliseu em Roma, as autoridades romanas esperavam fazer dele um exemplo e, assim, desencorajar o cristianismo, porém sua viagem a Roma ofereceu-lhe a oportunidade de conhecer e ensinar os conceitos cristãos, e no seu percurso, Inácio escreveu seis cartas para as igrejas da região e uma para um colega bispo, Policarpo. Ao falar sobre sua execução, Inácio disse a famosa expressão: "Trigo de Cristo, moído nos dentes das feras". E na iminência do martírio prometeu aos cristãos que mesmo depois da morte continuaria a orar por eles junto de Deus:

Surgiu a tradição de que ele era uma das crianças que Jesus Cristo tomou nos braços e abençoou.[10]

Santo Inácio escreveu sete cartas, as chamadas Epístolas de Inácio, preservadas no Codex Hierosolymitanus:

Epístolas de Pseudo-Inácio

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Epístolas que foram atribuídas à Inácio, mas de origem espúria, incluem[2]:

Unidade da Igreja

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Santo Inácio enfatiza nas suas cartas para que se preserve a unidade da Igreja de Cristo:

"Convém estardes sempre de acordo com o modo de pensar do vosso Bispo. Por outro lado, já o estais, pois o vosso presbitério, famoso justamente por isto e digno de Deus, sintoniza com o Bispo da mesma forma que as cordas de uma harpa. Com vossos sentimentos unânimes, e na harmonia da caridade, constituís um canto a Jesus Cristo. Mas também cada um deve formar juntamente com os outros, um coro. A concórdia fará com que sejais uníssonos. A unidade vos fará tomar o dom de Deus, e podereis cantar a uma só voz ao Pai por Jesus Cristo. Também ele, então, escutar´vos´á e reconhecerá pelas obras que sois membros do seu Filho. Importante, por conseguinte, vivermos numa irrepreensível unidade. Assim poderemos participar constantemente da união com Deus". [11]

Pois assim, unidos numa mesma Fé tanto será mais forte a oração. A caridade esta diretamente ligada a unidade da Igreja, por isso Inácio chama de orgulhoso aquele que não guarda a unidade da Igreja junto com o Bispo:

"Se a oração de duas pessoas juntas tem tal força, quanto mais a do bispo e de toda a Igreja! Aquele que não participa da reunião é orgulhoso e já está por si mesmo julgado, pois está escrito: "Deus resiste aos orgulhosos." Tenhamos cuidado, por tanto, para não resistirmos ao Bispo, a fim de estarmos submetidos a Deus.".[12]

Primazia da Sé de Roma

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Os discípulos de Jesus eram chamados de nazarenos vistos como uma seita dentro do judaísmo, posteriormente como vimos acima os discípulos de Jesus então são conhecidos como cristãos, como registrado nos Atos dos Apóstolos. Isso é um fato muito significativo, pois os discípulos de Jesus Cristo não são reduzidos a serem meramente mais uma seita do judaísmo, mas são os discípulos do Messias prometido a humanidade, e, portanto, a obra da salvação atinge sua plenitude em Cristo tornando-se universal. Por esta razão, aqueles primeiros cristãos passaram a ser chamados de católicos, pois pertenciam à Igreja Católica (Universal):

"Onde está Cristo Jesus, está a Igreja Católica.".[13]

"Segui ao Bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos Apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito de Deus. Ninguém ouse fazer sem o Bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a Eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu. A comunidade se reúne onde estiver o Bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja católica. Sem a união do Bispo não é lícito Batizar nem celebrar a Eucaristia; só o que tiver a sua aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e seguro o que fizerdes".[14]

Inácio também afirma em suas cartas o primado da Sé de Roma: "Roma preside a Igreja na caridade." (Carta aos Romanos Prólogo).[carece de fontes?]

Jesus Cristo

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Inácio revela-se conhecedor das processões divinas em Deus, ao reconhecer no Cristo a processão intelectiva de Deus: "De fato, Jesus Cristo, nossa vida inseparável, é o pensamento do Pai",[15] o que seria mais tarde explicado à luz da filosofia por São Tomás de Aquino.[16]

É interessante constatar como as comunidades cristãs no século I tinham um conhecimento aprofundado da natureza de Deus, Jesus Cristo é: "gerado e não criado, Deus existindo em carne".[17][18] Único filho gerado (unigênito).[19]

Com este testemunho, Inácio trouxe para a construção do Dogma, pedras sólidas que ajudaram o Primeiro Concílio de Niceia (325) a fixar no Credo o genitum non factum, isto é, gerado e não criado. Embora Inácio ainda não tivesse esta precisão, Santo Atanásio de Alexandria, que colaborou na elaboração do vocábulo, reconheceu a perfeita ortodoxia no texto desta carta.

Inácio reconhecia a autoridade da Igreja de Roma sobre as demais igrejas. Para ele, Pedro e Paulo teriam pregado naquela cidade.

Santíssima Trindade

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"Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na carne, ao Pai, e os apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja união, tanto física como espiritual".[20]

Maria no cristianismo

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Inácio além de afirmar a Divindade de Cristo também afirma a virgindade de Maria e sua descendência do Rei Davi:

"E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a Virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus"[21].

"A verdade é que o nosso Deus, Jesus, o Ungido, foi concebido de Maria segundo a economia divina; nasceu da estirpe de Daví, mas também do Espírito Santo".[21]

O culto dos cristãos

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Os cristãos se vêm confrontados com uma corrente de pensamento chamada docetismo, que vai negar que "o Verbo Se fez carne",[22] ou seja, vão negar que Jesus Cristo tenha assumido a natureza humana. Uma das consequências de tal doutrina é que vão considerar impossível de que no culto que Cristo instituiu na Santa Ceia, e pediu, ordenou que fizesse em Sua memória o Pão seja o Corpo de Cristo e o Vinho seja o Sangue de Cristo:

"Ficam longe da Eucaristia e da oração, porque não querem reconhecer que a Eucaristia é a Carne do nosso Salvador, Jesus Cristo, a qual padeceu pelos nossos pecados e a qual o Pai, na Sua bondade, ressuscitou. Estes, que negam o dom de Deus, encontram a morte na mesma contestação deles. Seria melhor para eles que praticassem a caridade, para depois ressuscitar."[23]

E o mesmo Inácio, na epístola aos Filadelfos, diz:[24]

"Assegurem, portanto, que se observe uma Eucaristia comum; pois há apenas um Corpo de Nosso Senhor, e apenas um cálice de união com Seu Sangue, e apenas um altar de sacrifício - assim como há um bispo, um clérigo, e meus caros servidores, os diáconos. Isto irá assegurar que todo o seu proceder está de acordo com a vontade de Deus."

Assim essa corrente de pensamento motivou testemunhos preciosos das comunidades cristãs a respeito de sua Fé na presença real (Corpo, Sangue, Alma e Divindade) de Cristo na Eucaristia.

O dia em que os cristãos se reuniam

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Inácio também declara que os cristãos herdeiros da Nova Aliança não guardam mais o sábado, mas se reúnem no dia do Senhor (o domingo):

"Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre".[25]

Ver também

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Precedido por
Evódio
Bispo de Antioquia
68100 ou 107
Sucedido por
Herodião

Referências

  1. See "Ignatius" in The Westminster Dictionary of Church History, ed. Jerald Brauer (Philadelphia:Westminster, 1971) e também David Hugh Farmer, "Ignatius of Antioch" in The Oxford Dictionary of the Saints (New York: Oxford University Press, 1987).
  2. a b   "St. Ignatius of Antioch" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  3. «Primates of the Apostolic See of Antioch» (em inglês). St. John of Damascus Faculty of Theology, University of Balamand. Consultado em 24 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 31 de julho de 2011  |ligação inativa=, |urlmorta=, e |datali= redundantes (ajuda)
  4. «Patriarchs of Antioch: Chronological List» (em inglês). Syriac Orthodox Resources. Consultado em 24 de dezembro de 2011 
  5. Eusébio de Cesareia. «36.2». História Eclesiástica. Ignatius and His Epistles. (em inglês). III. [S.l.: s.n.] 
  6. Hom. VI, em Luc. par. 1
  7. Thurston, Herbert. "Catholic." The Catholic Encyclopedia. Vol. 3. New York: Robert Appleton Company, 1908. 28 June 2016 http://www.newadvent.org/cathen/03449a.htm.
  8. Atos 11:26 "E foi em Antioquia que os discípulos, pela primeira vez, receberam o nome de cristãos"
  9. Epístola aos Trálios (13:3) (em inglês). [S.l.]: Christian Classics Ethereal Library. Consultado em 29 de janeiro de 2011 
  10. The Martyrdom of Ignatius
  11. Inácio de Antioquia. Carta aos Efésios, 4
  12. Inácio de Antioquia. Carta aos Efésios, 5
  13. Inácio de Antioquia. «Epístola aos Esmirniotas (8:2)». New Advent. Consultado em 29 de janeiro de 2011 
  14. Inácio de Antioquia. «Epístola aos Esmirniotas». New Advent. Consultado em 29 de janeiro de 2011 
  15. Inácio de Antioquia. Epístola aos Efésios, 3,2
  16. São Tomás de Aquino. Suma Teológica
  17. Inácio de Antioquia. Epístola aos Efésios, 7,2.
  18. Ante-Nicene-Fathers, Vol.1, pag.86
  19. Schaff, Philip (outubro 2002). The Apostolic Fathers with Justin Martyr and Irenaeus. [S.l.]: Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library. p. 87. ISBN Christianity, Early Christian Literature. Fathers of the Church, etc. Verifique |isbn= (ajuda) 
  20. Inácio de Antioquia. Carta aos Magnésios 13, 1-2, ano 107.
  21. a b Inácio de Antioquia. Carta aos Efésios, pg. 644 ss
  22. João 1:14
  23. Inácio de Antioquia. «Epístola aos Esmirniotas (6-7)». New Advent. Consultado em 29 de janeiro de 2011  citado em Brillant, Maurice (1949). Dedebec, ed. Eucaristia (em espanhol). Buenos Aires: Desclée de Brouwer. 40 páginas 
  24. Inácio de Antioquia. Carta aos Filadelfos IV
  25. Magnésios 9,1

Ligações externas

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