Erythroxylum gracilipes

Erythroxylum gracilipes é uma espécie de planta silvestre da família Erythroxylaceae. Distribui-se em partes da América do Sul e da América Central. A espécie contém o alcaloide cocaína[1][2] e é utilizada por comunidades amazônicas por suas propriedades medicinais e como alimento.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaErythroxylum gracilipes
Taxocaixa sem imagem
Classificação científica
Superdomínio: Biota
Reino: Plantae
Sub-reino: Viridiplantae
Infrarreino: Streptophyta
Superdivisão: Embryophytes
Divisão: Tracheophytes
Subdivisão: Euphyllophyta
Ordem: Malpighiales
Família: Erythroxylaceae
Género: Erythroxylum
Espécie: Erythroxylum gracilipes

Estudos filogéneticos e filogeográficos indicam que a partir do cultivo por comunidades originárias por suas propriedades medicinales se desenvolveram as espécies Erythroxylum cataractarum, E. coca e E. novogranatense.

Distribuição

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A espécie Erythroxylum gracilipes encontra-se na maior parte da bacia dos rios Amazonas e do Orinoco, em países como Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.[3] Também já foi encontrada em Honduras.[4]

No Brasil, pode ser encontrada no Norte, nos estados de Amazonas, Pará e Rondônia, e no Centro-Oeste no estado de Mato Grosso.[5] No Peru, foi encontrada no departamento de Huánuco.[6]

Cresce principalmente no clima tropical úmido, como o bosque úmido montanhoso.[3][7]

Descrição

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É um arbusto que distingue-se de outras espécies de Erythroxylum por suas folhas relativamente maiores (11 a 18 cm, em comparação a médias de 2,5 a 11 cm) com ápices acuminados.

Taxonomia

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A Erythroxylum gracilipes foi descrita pelo botânico austríaco Johann Joseph Peyritsch e a descrição publicada em Flora Brasiliensis 12(1): 159 em 1878.[8] Pertence à secção Archerythroxylum do género Erythroxylum.[1]

Um estudo de 2023 baseado em análise filogenéticos e filogeográficos de E. gracilipes, revelam que esta espécie é, provavelmente, parafilética e composta de ao menos duas clados principais, gracilipes1 e gracilipes2.

O estudo apontou que as variedades cultivadas de Erythroxylum coca var. coca (coca Huánuco) e E. c. var. ipadu (coca amazônica) são derivadas de gracilipes1, enquanto E. novogranatense e E. cataractarum podem ser derivar de gracilipes1 ou gracilipes2.[9]

Sinonimia

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Tem quatro sinônimos heterotípicos:[3]

  • Erythroxylum cuatrecasasii W.A.Gentner em J. Washington Acad. Sci. 47: 6 (1957)
  • Erythroxylum gracilipes var. exareolatum O.E.Schulz em H.G.A.engler (ed.), Pflanzenr., IV, 134: 83 (1907)
  • Erythroxylum novogranatense var. macrophyllum Ou.E.Schulz em H.G.A.engler (ed.), Pflanzenr., IV, 134: 87 (1907)
  • Erythroxylum recurrens Huber in Bol. Mus. Goeldi Hist. Nat. Ethnogr. 5: 417 (1909)

Importância cultural e econômica

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As folhas de E. gracilipes são utilizadas por suas propriedades relaxantes e para tratar reumatismos na medicina tradicional dos povos kichwa na parte superior do rio Napo, na amazônia equatoriana.[10]

As análises de amostras provenientes da Venezuela identificaram uma quantidade de 0.0001–0.0005% de cocaína na folha.[1]

Referências

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  1. a b c Bieri, Stefan; Brachet, Anne; Veuthey, Jean-Luc; Christen, Philippe (fevereiro de 2006). «Cocaine distribution in wild Erythroxylum species». Journal of Ethnopharmacology (em inglês). 103 (3): 439–447. doi:10.1016/j.jep.2005.08.021. Consultado em 22 de janeiro de 2020 
  2. White, Dawson M.; Islam, Melissa B.; Mason‐Gamer, Roberta J. (janeiro de 2019). «Phylogenetic inference in section Archerythroxylum informs taxonomy, biogeography, and the domestication of coca ( Erythroxylum species)». American Journal of Botany (em inglês). 106 (1): 154–165. ISSN 0002-9122. doi:10.1002/ajb2.1224. Consultado em 18 de agosto de 2023 
  3. a b c d «Erythroxylum gracilipes Peyr. | Plants of the World Online | Kew Science». Plants of the World Online (em inglês). Consultado em 18 de agosto de 2023 
  4. White et al. (2021): 3.
  5. «Flora e Funga do Brasil». reflora.jbrj.gov.br. Consultado em 18 de agosto de 2023 
  6. Zárate, Ricardo; Mori, Tony J.; Macedo, Nandy L.; Gallardo, George P.; Flores, Manuel; Martínez-Dávila, Percy; Ramírez, Fredy F.; Torres, Luis A. (23 de junho de 2015). «Ccontribución al conocimiento de la composición florística del departamento de Huanuco, Perú». Folia Amazónica (em espanhol). 24 (1): 91–100. ISSN 2410-1184. doi:10.24841/fa.v24i1.65. Consultado em 18 de agosto de 2023 
  7. «Herbario JBB en línea :: Erythroxylum gracilipes - 16956». herbario.jbb.gov.co. Consultado em 18 de agosto de 2023 
  8. «Tropicos | Name - Erythroxylum gracilipes Peyr.». legacy.tropicos.org. Consultado em 18 de agosto de 2023 
  9. White et al. (2021): 10.
  10. Friedman, Jacob (1993). «A novel method for identification and domestication of indigenous useful plants in Amazonian Ecuador». Progress in New Crops: 170. Consultado em 17 de maio de 2023 

Bibliografia

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Ligações externas

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