Escolha intertemporal

Escolha Intertemporal ou Troca Intertemporal é o estudo que avalia as escolhas de cada indivíduo e como elas podem afetar outros momentos da sua vida. São decisões entre qual será o melhor momento para se antecipar um beneficio que trará um custo futuro ou pagar o custo pra desfrutar da recompensa posteriormente. São trocas entre o presente e o futuro, o que e quando fazer em vários pontos no tempo optando entro o custo e benefício. Essas decisões estão ligadas a todas as aéreas de vida dos seres humanos, profissional, financeira, emocional, espiritual, física e assim por diante.[1][2][3][4][5][6][7][8]

Tipos de Escolhas Temporais

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Posição Credora Posição Devedora
Na posição credora o individuo aceita um custo antes do beneficio. É feito algum sacrifico, se paga algum valor no presente para obter alguma vantagem futura, Paga hoje e aproveita o amanha.[9][2][10] o individuo obtém a vantagem no presente, se comprometendo a pagar o custo no futuro, aceita o beneficio agora  com o preço lá na frente, tem uma vantagem hoje e paga amanha..[9][2][10]

Anomalias intertemporais

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As anomalias intertemporais são como ilusões de ótica no caminho das escolhas intertemporal, são armadilhas que fazem focar somente em algum momento do tempo dando um valor excessivo a um ponto e deixando outro de lado, superestimando uma etapa ou momento da vida e subestimando outra.[9][2][11]

Tipos de Anomalias intertemporais

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Miopia Temporal Hipermetropia Temporal
é a subestimação ao futuro, nesse fenômeno o individuo tem interesse intenso ao que acontece no presente, isso em uma maneira muita intensa, ao ponto de se prejudicar pelo excesso de impaciência e imediatismo.[12][2][13] é o demasiado interesse nas coisas que acontecem no futuro, superestimação do por vir. O individuo peca por pensar no que estar por vir cometendo excessos de prudência e temor pelo amanhã.[14][15][13]

Escolha Temporal no Ciclo de Vida

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Para Eduardo Giannetti ("O valor do amanhã"), o ciclo de vida tem seu auge e declínio, infância e juventude, maturidade e velhice e dentro desse paradigma biológico existem as escolhas intertemporais, as chamadas escolhas temporais no ciclo de vida.[2]

• Infância: Nos primeiros anos de vida a criança é imatura demais para tomar qualquer tipo de decisão, pois sua mente não está totalmente pronta para esse tipo de escolha. Entretanto já recebe de seus pais a educação e estímulos que são fundamentais para a criação de uma personalidade e caráter que irão no futuro contribuir para suas escolhas. [16]

A criança age apenas pelo instinto, chora pelo agora e por suas necessidades fisiológicas . Um comparativo que pode ser feito é o da pessoa que está perto de seu leito de morte que tem o mesmo comportamento, vive apenas o agora, sem dar muita importância pro passado e nem tão pouco para o futuro, apenas o presente é relevante. 

A espera não é uma característica forte na infância de um ser. Um experimento de “Gratificação Postergada”, repetido por diversas vezes, teve os seguintes parâmetros.[17]

Uma criança é colocada em uma sala, e é lhe apresentado um adulto que lhe propõe duas alternativas antes de deixar a sala. Entrega a ela um sino e se tocar a qualquer momento após a saída do adulto ela ganha uma unidade de seu doce favorito, entretanto, se ela aguardar o adulto voltar, não tocando o sino, ela terá direito a duas unidades do doce, assim o adulto sai da sala e deixa a criança com o sino e com as duas possibilidades em seu campo visual sem que possa tocar, de um lado uma unidade que pode obter a qualquer momento ou duas que só terá direito quanto o adulto voltar.[18]

Como resultado a maioria das crianças até quatro anos tocam o sino invariavelmente, porem, estudos longitudinais dessas crianças, que foram acompanhas por alguns anos, mostrou que as que tiveram maior capacidade de espera obtiveram as melhores notas durante o ensino médio, entraram em maior numero na faculdade e tiveram menor numero de envolvimento com drogas e conflitos familiares. Contrapartida as crianças que não tiveram muita paciência e tocaram logo o sino apresentaram mais problemas relacionados a compulsividade. [19] [20]

Foram avaliadas diversas variáveis para as crianças que esperaram por mais tempo, e a que aparece com maior evidencia é a importância do ambiente familiar e de sua estrutura. [21]

• Juventude: o ser humano já tem condições de fazer escolhas intertemporais mais equilibradas. No teste de Gratificação Postergada 60% até 12 anos espera sem tocar o sino, entretanto, nesse momento da vida é onde começa a fase dos hormônios, onde também há um aumento de impulsividade.[22]

O jovem já se da conta que suas escolhas influenciam o futuro, entretanto enxerga o mundo como um diverso campo cheio de oportunidades. Normalmente ele tem uma grande expectativa de sucesso, porém quase sempre ainda não experimentou grandes adversidades, o que pode lhe trazer algum dano no futuro, pois a impulsividades aliada com uma perspectiva altamente otimista, sem poucos revés na vida, podem não ser a melhor combinação. 

• Maturidade: ha um aquetamento, a impulsividade vinda da juventude que da lugar ao pensamento, então surge o balanço de ganhos e percas, é a posição entre a juventude e a velhice. As principais mudanças são: uma perspectiva menos assimétrica de passado e futuro e uma consciência mais definida de finitude, uma antevisão menos irrealista ou sonhadora, uma maior capacidade. [23]

Nessa fase normalmente o adulto já experimentou o revés que a vida impõe, e sabe que nem sempre todas as suas expectativas serão atendidas e que a velhice é inevitável, então vem a propensão a poupar.

• Velhice: existe o confronto entre o peso relativo do amanhã e a oportunidades que são dados pelo momento, isso por conta do tempo que ainda resta.[24]

A velhice não é marcante como a juventude os sinais do tempo chegam e o passado está cada vez mais distante e o fim cada vez mais próximo. É então elevado o uso econômico dos recursos.

Padrões de Preferencias nas Escolhas Intertemporais

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Existem diversos padrões paras as preferencias nas escolhas intertemporais, Thaler (1981)[25] reportou pela primeira vez três principais delas: O efeito de diferimento; efeito de magnitude; Efeito de sinal e assimetria adiamento-adiantamento. [26][1][11]


Efeito de diferimento Efeito de Magnitude Efeito de sinal
O individuo tende a esperar menos por aquilo que está mais próximo, entretanto pode esperar mais por aquilo que esta mais longe, ou seja, preferi uma laranja hoje do que duas amanhã e simultaneamente, pode preferir 2 laranjas daqui a 61 dias a uma daqui a 60 dias. Nesse tipo de padrão é preferível gratificações mais rápidas, benefícios mais imediatos [27] Nesse padrão o individuo tem a tendência de preferir esperar mais por benefícios, ganhos maiores, ou seja, Receber R$100,00 agora ou R$150,00 daqui a um ano envolve uma diferença maior do que receber $10,00 agora ou $15,00 daqui a um ano. Esta característica não é observada em pessoas impulsivas, tendo em vista que são imediatistas. [28] O individuo age de maneira diferente qualitativamente falando para situações de ganhos e percas, por exemplo, prefere receber R$ 200,00 agora do que R$ 300,00 em seis meses, demonstrando impaciência, mas prefere pagar R$ 200,00 agora do que R$ 300,00 daqui a seis meses, não procrastinando. A pessoa é impaciente em uma situação de ganho e mais paciente em uma situação de perda. [29]

Referências

  1. a b http://hdl.handle.net/10400.24/448
  2. a b c d e f Gianetti da Fonseca, Eduardo(2012). O valor do amanhã
  3. Berns, Gregory S.; Laibson, David; Loewenstein, George (2007). «Intertemporal choice – Toward an Integrative Framework» (PDF). Trends in Cognitive Sciences. 11 (11). 482 páginas. PMID 17980645. doi:10.1016/j.tics.2007.08.011 
  4. http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/noticia/2016/07/ricardo-pedebos-a-escolha-intertemporal-6284337.html
  5. Ferreira, Vera (2008), Psicologia econômica
  6. Sunstein, Cass / Thaler, Richard / Lino, Marcelino (2009), Nudge - O Empurrao Para a Escolha Certa
  7. Ramon M, Cosenza (2015), Por Que Não Somos Racionais
  8. Loewenstein/ George, Read ,Daniel/ Baumeister, Roy F. (2003), Time and Decision
  9. a b c [1]
  10. a b Oliveira, Wagner Ferreira (2015), Como Investir na Bolsa: Um guia para investidores
  11. a b Loewenstein, G., & Prelec, D. (1992). Anomalies in intertemporal choice: Evidence and an interpretation. The Quarterly Journal of Economics
  12. Annals of Business Administrative Science. 2015, Vol. 14 Issue 6, p323-333.
  13. a b Seabra, Rafael (2016), Quero ficar rico.
  14. Annals of Business Administrative Science. 2015, Vol. 14 Issue 6, p323-333.
  15. O valor do amanhã(Edição econômica). 2012, Capitulo 14, p123-130.
  16. Constantino, E.P. - Um Olhar Da Psicologia Sobre a Educação
  17. Mischel, W., Ayduk, O., & Mendoza-Denton, R.(2003)Sustaining delay of Gratifcation over time, pp 179 e 187
  18. Shine; K.S(2000), Psicopatia
  19. Nunes, Carlos Alberto (2002).Platão, Protágoras
  20. Francis Bacon, George William Kitchin (1930) The Advancement of Learning
  21. R.N. Emde, W.K. Frankenburg, J. Sullivan (2013)Early Identification of Children at Risk: An International Perspective
  22. Valéry, P. (1932), Illusions of Civilization
  23. Locke, John(1836) An Essay Concerning Human Understanding
  24. Papaleo; N.M.(1999) Gerontologia a velhice e o envelhecimento em visão globalizada
  25. Thaler, R. (1981). Some empirical evidence on dynamic inconsistency. Economics Letters, 8, 201-207
  26. http://hdl.handle.net/10400.12/3303
  27. Kirby, K., & Marakovic, N. (1995). Modeling myopic decisions: Evidence for hyperbolic delay-discounting within subjects and amounts. Organizational Behavior and Human Processes
  28. Scholten, M., & Read, D. (2010). The psychology of intertemporal tradeoffs. Pscyhological Review
  29. Xu, L., Liang, Z.-Y., Wang, K., Li, S., & Jiang, T. (2009). Neural mechanism of intertemporal choice: From discounting future gains to future losses. Brain Research