Escuta dicótica

teste de atenção seletiva e a lateralização da função cerebral no sistema auditivo

A escuta dicótica é um teste psicológico comumente utilizado para investigar a atenção seletiva e a lateralização da função cerebral no sistema auditivo.[1][2] Ele é utilizado nas áreas da audiologia, psicologia cognitiva e neurociência.[3] Em um teste padrão de escuta dicótica, o participante é exposto a dois estímulos auditivos diferentes simultaneamente (geralmente fala), direcionados para diferentes ouvidos por meio de fones de ouvido.[4] Em um tipo de teste, os participantes são instruídos a prestar atenção a um ou ambos os estímulos; posteriormente, são questionados sobre o conteúdo do estímulo ao qual foram instruídos a prestar atenção ou sobre o estímulo, que foram orientados a ignorar.[5]

A avaliação do processamento auditivo central é realizada por meio de testes auditivos comportamentais e eletrofisiológicos. Desse modo, os testes comportamentais utilizados para a avaliação diferenciam-se por apresentarem tipos de estímulos diferentes (verbais e não verbais) e pela forma de apresentação nas orelhas (binaural ou monoaural).[6][2]

Dentre os testes comportamentais, encontram-se os testes dicóticos cujo objetivo é avaliar a habilidade auditiva de integração binaural.[6]

Sua característica é possuir estímulos de fala diferentes, apresentados às duas orelhas simultaneamente ou de maneira sobreposta. Os estímulos de fala podem incluir sílabas formadas por consoantes e vogais, números, palavras, frases ou narrativas. Alguns testes dicóticos requerem que os participantes dividam sua atenção, ou seja, repitam o que ouviram em ambas as orelhas (integração binaural). Em outras ocasiões, a tarefa é direcionar a atenção para uma orelha específica (direita ou esquerda) e repetir apenas o estímulo ouvido nessa orelha (separação binaural).[6][4]

Ver também

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Referências

  1. Bryden, M. P. (dezembro de 1986). «Dichotic listening performance, cognitive ability, and cerebral organization.». Canadian Journal of Psychology / Revue canadienne de psychologie (em inglês) (4): 445–456. ISSN 0008-4255. doi:10.1037/h0080108. Consultado em 11 de setembro de 2024 
  2. a b Pinheiro, Fábio Henrique; Oliveira, Adriana Marques de; Cardoso, Ana Cláudia Vieira; Capellini, Simone Aparecida (abril de 2010). «Testes de escuta dicótica em escolares com distúrbio de aprendizagem». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (2): 257–262. ISSN 1808-8686. PMC 9446264 . PMID 20549089. doi:10.1590/S1808-86942010000200018. Consultado em 11 de setembro de 2024 
  3. Westerhausen, René (2 de novembro de 2019). «A primer on dichotic listening as a paradigm for the assessment of hemispheric asymmetry». Laterality: Asymmetries of Body, Brain and Cognition (em inglês) (6): 740–771. ISSN 1357-650X. doi:10.1080/1357650X.2019.1598426. Consultado em 11 de setembro de 2024 
  4. a b Hugdahl, K. (2003). Dichotic Listening in the study of auditory laterality. In K. Hugdahl & R. J. Davidson (Eds.), The asymmetrical brain (pp. 441–475). Boston Review.
  5. Beaman, C. Philip; Bridges, Andrew M.; Scott, Sophie K. (janeiro de 2007). «From Dichotic Listening to the Irrelevant Sound Effect: a Behavioural and Neuroimaging Analysis of the Processing of Unattended Speech». Cortex (em inglês) (1): 124–134. doi:10.1016/S0010-9452(08)70450-7. Consultado em 11 de setembro de 2024 
  6. a b c Tratado de audiologia/organização Edilene Marchini Boéchat, et al. – 2. ed. ­ Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.

Ligações externas

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