Estanislau Traple

pintor brasileiro (1898-1958)

Estanislau Traple (Curitiba, Paraná, 22 de julho de 1898 - 11 de novembro de 1958) foi um pintor, litógrafo, gravador, desenhista, e professor de artes plásticas brasileiro. Ele é conhecido por seu grande domínio técnico e por ter sido um dos mais fiéis discípulos de Alfredo Andersen, influente na arte paranaense.

Estanislau Traple
Nascimento 22 de julho de 1898
Curitiba
Morte 11 de novembro de 1958
Curitiba
Cidadania Brasil
Ocupação pintor, professor universitário, gravador, litógrafo

Biografia

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Traple iniciou sua carreira artística em 1914, trabalhando na Impressora Paranaense, onde estudou litografia com o alemão Alexandre Phol. Ele passou a exercer profissionalmente a técnica litográfica, na mesma empresa e depois na filial de Joinville (Santa Catarina). Em 1916, ingressou na escola de Alfredo Andersen, dedicando-se ao aprendizado de desenho e pintura, e posteriormente se tornou um colaborador ativo da escola. É consenso entre os que estudaram sua obra, que entre os discípulos e seguidores de Alfredo Andersen, Traple foi o que mais se moldou ao estilo do mestre.[1] Sua primeira participação artística foi em 1919 no I Salão Paranaense de Pintura, em Curitiba. Posteriormente, ele expõe junto com Andersen em 1925, na Associação Comercial de Curitiba.

Em 1927, Traple mudou-se para Florianópolis, onde foi nomeado professor de desenho e pintura no Instituto de Educação de Florianópolis (IEF), além de lecionar em seu ateliê particular. Durante esse período, apresentou exposições individuais no Clube Democrata e nas Casas Pernambucanas, e permaneceu ativo no cenário artístico catarinense até 1948. Entre 1933 e 1958, participou por 13 vezes do Salão Paranaense de Belas Artes, conquistando importantes prêmios, como a Medalha de Prata em 1944, a Medalha de Ouro em 1948, o Prêmio de Viagem em 1955 e o Prêmio Aquisição em 1956.[2][3]

Em 1948, retornou a Curitiba, onde foi um dos fundadores da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), atuando como professor de desenho e pintura até sua morte em 1958.[4] Também atuou como jurado[5] em salões de arte no Paraná, entre 1949 e 1958, recebendo prêmios no Salão de Belas Artes da Primavera, como as Medalhas de Prata em 1949 e 1950 e a Medalha de Ouro em 1953.

Traple dedicou grande parte de sua vida ao ensino artístico e à representação de figuras humanas, especialmente retratos e nus, seus gêneros prediletos. Além disso, sua obra explorou intensamente as paisagens do Paraná e de Santa Catarina e retratos de personalidades, utilizando técnicas variadas, como pintura a óleo, pastel e litografia.[6] O artista utilizava modelos vivos, muitas vezes a própria mulher, e, às vezes, a si mesmo, o que explica a grande quantidade de autorretratos. O destaque, porém, é a extensa produção de desenhos.[7]

Suas obras estão presentes em acervos importantes, como os do Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), Museu Alfredo Andersen, Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) e Museu Oscar Niemeyer. Em 2004, uma coleção de suas obras chamada A pintura segundo a sequência do alfabeto foi integrada ao acervo do MASC.[8]

Até hoje a Embap (Escola de Música e Belas Artes do Paraná) guarda em seu acervo, obras produzidas por Traple.[9] Suas obras que retratam o porto de Paranaguá juntaram-se em uma mostra comemorativa aos 74 anos do Porto de Paranaguá organizada pelo Museu Oscar Niemeyer em 2010, a coleção revela o dia-a-dia movimentado dos estivadores e outros funcionários do local.[10]

Traple faleceu em Curitiba em 11 de novembro de 1958[11], deixando um legado significativo na arte brasileira, especialmente no Paraná, onde ajudou a formar gerações de apreciadores da arte e artistas, como Aldo Nunes e Domingos Fossari.[12][13]

Bibliografia

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  • BORTOLIN, Nancy Therezinha. Indicador Catarinense das Artes Plásticas, 2001. p.359.
  • BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • PANORAMA da arte no Paraná: I - Dos precursores à escola Andersen. Curitiba: Salão de Exposições do BADEP, 1975.
  • PARANAENSES mais premiados nas quarenta e duas edições do salão paranaense. Curitiba: Museu Guido Viaro, 1986.
  • PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
  • TRAPLE, Estanislau. Série Discípulos de Andersen IV. Estanislau Traple - Governo do Estado do Paraná. Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte. Coordenadoria do Patrimônio Cultural Museu Alfredo Andersen, 1980.

Referências

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  1. «Obras de Estanislau Traple são exibidas no Palácio Iguaçu». Paraná: Governo do Estado: Agência Estadual de Notícias - Histórico de 2003 a 2010. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2024 
  2. «Discípulos de Andersen». Museu Casa Alfredo Andersen. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 22 de junho de 2024 
  3. Freitas, Artur Correia de (2003). «A CONSOLIDAÇÃO DO MODERNO NA HISTÓRIA DA ARTE DO PARANÁ: ANOS 50 E 60». Revista de História Regional. ISSN 1414-0055. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 14 de abril de 2024 
  4. «Obras de Estanislau Traple são exibidas no Palácio Iguaçu». Tribuna do Paraná. 29 de junho de 2006. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2024 
  5. Cultural, Instituto Itaú. «Estanislau Traple». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 1 de abril de 2024 
  6. Agência Estadual de Notícias (13 de março de 2006). «Obras de Estanislau Traple serão expostas no Museu Oscar Niemeyer». Paraná: Governo do Estado - Agência Estadual de Notícias (Histórico de 2003 a 2010). Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2024 
  7. Matevski, Nikola (23 de julho de 2006). «Discípulo de Andersen». Gazeta do Povo - Caderno G. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2024 
  8. «Estanislau Traple». MASC. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2024 
  9. «Acervo Artístico da Escola de Música e Belas Artes do Paraná». UNESPAR - Universidade Estadual do Paraná (Campus de Curitiba I - EMBAP). Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 8 de julho de 2024 
  10. «Pintores do ancoradouro: Museu Oscar Niemeyer abre hoje mostra comemorativa aos 74 anos do Porto de Paranaguá». Gazeta do Povo - Caderno G. 15 de março de 2010. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2024 
  11. «Biografias: Estanislau Traple». Museu Oscar Niemeyer: tourvirtual360. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 8 de dezembro de 2023 
  12. Makowiecky, Sandra & Cherem, Rosangela. (2010). Academicismo e modernismo em Santa Catarina. Disponível em: ResearchGate
  13. Garcez, Luciane Ruschel Nascimento; Makowiecky, Sandra (2009). «Domingos Fossari na memória – a trajetória de um artista». DAPesquisa (6): 256–265. ISSN 1808-3129. doi:10.5965/1808312904062009256. Consultado em 4 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 9 de setembro de 2024