Estesícoro
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Estesícoro (em grego: Στησίχορος, transl. Stēsíkhoros, trad. "aquele que dirige o coro", c. 640-556 a.C.) foi um poeta lírico grego originário da Magna Grécia. Seu nome original parece ter sido Tísias, mas ficara conhecido por Estesícoro.[1] Apesar de integrar o cânone dos nove poetas líricos arcaicos, hoje pouco sabemos acerca da vida e obra de Estesícoro. A sua vasta obra foi reunida em 26 volumes pelos Alexandrinos (c. século III ou II a.C.). No entanto, até meados do século XX, apenas eram conhecidos pequenos comentários dos antigos e algumas citações dos poemas de Estesícoro. De 1957 até 1990 foram publicados (por Oxford e Lille) os fragmentos de pelo menos 7 poemas a que se juntam outros 7 que nos chegaram por tradição secundária (testemunhos antigos) que nos permitem hoje apreciar a criatividade narrativa e formal do poeta. Na verdade, nos últimos anos temos vindo a assistir a profícua revisitação da obra de Estesícoro, abrindo caminhos a novas abordagens.
Biografia
editarEstesícoro é associado à cidade de Hímera, na Sicília, por diversas fontes antigas.[2] Se não tiver nascido em Himera, ao menos teria morado e, portanto, o motivo de ficar conhecido como de Himera. [1]No entanto, as fontes são pouco unânimes quanto à cidade natal do poeta. Se umas mantém Hímera como berço de Estesícoro, outras atribuem ao poeta outras origens, como a cidade de Metauros, ou Lócris Epicefíria,[3] ambas no sul da Itália (Magna Grécia).
Segundo a Suda, ele foi o criador dos corais em que o canto era acompanhado pela Lira. Isto é fortemente indicado pelo seu apelido (Estesícoro não é comprovadamente seu nome) vir de stesai, um coro de cantores para cítara.[1] Mas ainda que seja incluído entre os poetas líricos, na escala e no tratamento seus poemas encontram-se mais próximos dos épicos de Homero do que das outras obras líricas. Exemplo disso é o poema "Gerioneida", que narra, detalhadamente, a morte de Gerião às mãos de Héracles.
Se na forma Estesícoro parecia ter nos épicos homéricos um modelo a ser imitado (como o demonstram vários fragmentos de sua produção poética), ele não relutava em contrariar a narrativa do autor da Ilíada sobre a Guerra de Troia. Em seu poema mais famoso, "Palinódia", insiste que Helena foi para o Egito e somente seu fantasma esteve em Troia, revitalizando uma antiga lenda bem aceita em vários pontos do mundo helênico.[nota 1]
Os musicólogos também atribuem a Estesícoro a adaptação do nomo aulódico "Harmateios", talvez condizente com sua métrica dactílica. São atríbuidos comumente 26 livros escritos por Estesícoro. Contudo, de acordo com a Suda, com razoável fundamentação, o número é exagerado e que o poeta deve ter escrito 26 longos poemas.[1]
Notas
- ↑ Essa ideia de Estesícoro é mencionada por Platão, ao afirmar que os insensatos desconhecedores da verdade se esforçam para gozar falsos prazeres: "lutam encarniçadamente como se lutou em Troia, no dizer de Estesícoro, pelo fantasma de Helena, e tudo apenas por desconhecerem a verdade" (Platão, A República, 586c).
Referências
- ↑ a b c d RIBEIRO JR., Wilson A. (04 de Setembro de 2013.). [greciantiga.org/arquivo.asp?num=0677 «Estesícoro. Portal Graecia Antiqua.»] Verifique valor
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(ajuda). Portal Graecia Antiqua. Consultado em 11 de novembro de 2024. Verifique data em:|acessodata=, |data=
(ajuda) - ↑ Ercoles, Marco (2013). Stesicoro: le testimonianze antiche. [S.l.: s.n.] p. 67-8; 257-270. ISBN 978-88-555-3250-1
- ↑ Ercoles, Marco (2013). Stesicoro: le testimonianze antiche. [S.l.: s.n.] p. 69; 160; 270-275. ISBN 978-88-555-3250-1
Bibliografia
editar- Davies, M. and Finglass P. J., 2014. Stesichorus: The poems. Cambridge.
- Ercoles, M. 2013. Stesicoro: La testimonianze antiche. Bologna.
- Kelly, A. and Finglass, P. J., 2015. Stesichorus in Context. Cambridge.
- Platão, 2000. Diálogos, v.6-7: A República. Trad. de Carlos Alberto Nunes. 3ª ed. Belém: Ed. Universidade Federal do Pará.