Euclides de Mégara

filósofo grego

Euclides de Mégara (em grego: Εὐκλείδης ὁ Μεγαρεύς, Eucleides) foi um filósofo grego natural de Mégara, discípulo de Sócrates (estando presente em sua morte) e fundador da escola megárica. Sua vida se deu, aproximadamente, entre 435 a.C. a 365 a.C..[nota 1][nota 1]

Euclides de Mégara
Euclides de Mégara
Uma representação de Euclides
Escola/Tradição Escola megárica
Data de nascimento c. 435 a.C.
Local Mégara
Morte c. 365 a.C.
Principais interesses Lógica, ética, ontologia
Ideias notáveis "Bom é o Um". método erístico.
Era Filosofia grega antiga

Sua filosofia foi uma mescla entre o pensamento de Sócrates e o de Parmênides. Ele considerou que o Bem supremo é o Uno, e este é concebido segundo as características eleatas de identidade e igualdade. Tudo o que fosse contrário ao Bem, era entendido como ilusório ou inexistente. Editores e tradutores na Idade Média frequentemente o confundiram com Euclides de Alexandria ao discutir os Elementos deste último.

Euclides nasceu em Mégara,[1][nota 2] mas em Atenas ele se tornou seguidor de Sócrates. Tão ansioso por ouvir o ensino e o discurso de Sócrates, que quando, por um tempo, Atenas proibiu qualquer cidadão de Mégara de entrar na cidade, Euclides entraria furtivamente em Atenas após o anoitecer, disfarçado de mulher para ouvi-lo falar.[2] Ele é representado no prefácio de Teeteto, de Platão, como responsável por escrever a conversa entre Sócrates e o jovem Teeteto, muitos anos antes. Sócrates também supostamente reprovou Euclides por este gostar de disputas erísticas.[3] Ele estava presente na morte de Sócrates (399 a.C.),[4] após a qual Euclides retornou a Mégara, onde ofereceu refúgio a Platão e outros alunos assustados de Sócrates.[5]

Em Mégara, Euclides fundou uma escola de filosofia que ficou conhecida como a escola megárica e que floresceu por cerca de um século. Dizia-se que os alunos de Euclides foram Íctias,[6] o segundo líder da escola megárica; Eubulides de Mileto;[7] Clinômaco;[8] e Trasímaco de Corinto.[9] Trasímaco foi professor de Estilpo, professor de Zenão de Cítio, o fundador da escola estoica.

Filosofia

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Euclides de Mégara Vestindo-se como Mulher para Ouvir Sócrates Ensinar em Atenas, de Domenico Marolì, c. 1650

O próprio Euclides escreveu seis diálogos - o Lamprias, o Ésquines, o Fênix, o Crito, os Alcibíades e o diálogo Amatório - mas nenhum sobrevive. A principal fonte existente em seus pontos de vista é o breve resumo de Diógenes Laércio.[10] A filosofia de Euclides era uma síntese de ideias eleáticas e socráticas. Sócrates afirmou que o maior conhecimento era entender o bem. Os eleáticos alegaram que o maior conhecimento é o único Ser universal do mundo. Misturando essas duas ideias, Euclides afirmou que bom é o conhecimento desse ser. Portanto, esse bem é a única coisa que existe e tem muitos nomes, mas na verdade é apenas uma coisa. Ele identificou a ideia eleática de "O Um" com a "Ideia do Bem" socrática, que ele chamou de "Razão", "Deus", "Mente", "Sabedoria", etc..[11] Essa era a verdadeira essência do Ser, e era eterno e imutável.[12] A ideia de um bem universal também permitiu a Euclides descartar tudo o que não é bom, porque alegou que o bem cobria todas as coisas na Terra com seus muitos nomes. Euclides adotou a ideia socrática de que o conhecimento é virtude e que a única maneira de entender o mundo que nunca muda é através do estudo da filosofia. Euclides ensinou que as próprias virtudes eram, simplesmente, o conhecimento do único bem, ou Ser. Como ele disse, "O Bom é Um, mas podemos chamá-lo por vários nomes, às vezes como sabedoria, às vezes como Deus, às vezes como Razão"[13] e ele declarou: "o oposto do Bem não existe".[13]

Euclides também estava interessado em conceitos e dilemas da lógica. Euclides e seus seguidores megarianos usavam o diálogo e o método erístico para defender suas idéias. O método erístico permitiu que eles provassem suas ideias, refutando as idéias com as quais estavam discutindo e, portanto, provando indiretamente o próprio ponto de vista (ver reductio ad absurdum). Ao atacar uma manifestação, não eram as premissas assumidas, mas as conclusões que ele atacava,[14] o que presumidamente significa que ele tentava refutar seus oponentes em se tirando consequências absurdas de suas conclusões.[15] Ele também rejeitava o argumento por analogia.[14] Seus herdeiros doutrinários, os lógicos estoicos, inauguraram a escola de lógica mais importante na antiguidade, excetuando-se os peripatéticos de Aristóteles.

Ver também

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Notas

  1. "Como uma conjectura, alguns acadêmicos situam o tempo de vida de Euclides entre 435 e 365 a.C." (Reale & Catan 1987, p. 373).
  2. Enquanto Laércio profere que Euclides nasceu em Mégara, ele também menciona que outros chamaram-no um nativo "de Gela, conforme Alexandre Polihístor declara em seu Sucessões dos Filósofos"(Laërtius 1925, § 106).

Referências

  1. Laércio 1925; Cicero, Academica, ii. 42; Aulus Gellius, vii. 10. 1-4; Platão, Pédon, 59B-C; Estrabão, ix. 1. 8;
  2. Aulo Gélio, vii. 10. 1-4
  3. Laércio 1925, § 30
  4. Platão, Fédon, 59B-C
  5. Laércio 1925, § 106; Laércio 1925b, § 6
  6. Laércio 1925, § 112.
  7. Laércio 1925, § 108.
  8. Suda, Sokrates; cf. Laércio 1925, § 112
  9. Laércio 1925, § 113.
  10. Laércio 1925, pp. 106–108
  11. Laércio 1925, § 106; Cícero, Academica, ii. 42
  12. Cícero, Academica, ii. 42
  13. a b Laércio 1925, § 106.
  14. a b Laércio 1925, § 107.
  15. Kneale & Kneale 1984, p. 8.

Bibliografia

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  • lio, Áulio, Noctes Atticae (Attic Nights), vii
  • Kneale, William; Kneale, Martha (1984), The Development of Logic, Oxford University Press, p. 8
  • Laércio, Diógenes (1925), "Sócrates, com predecessores e seguidores: Euclides"(Wikisource (em inglês)), Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, 1:2, trad.Hicks, Robert Drew (ed. 2 vol.), Loeb Classical Library, § 106–113
  • Laércio, Diógenes (1925b), "Platão" (Wikisource (em inglês)), Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, 1:3, trad. Hicks, Robert Drew (ed. 2 vol.), Loeb Classical Library, § 6 Reale, Giovanni; Catan, John R. (1987), A History of Ancient Philosophy, Suny Press, p. 373

Leitura adicional

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Ligações externas

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