Euphorbia mellifera
A Euphorbia mellifera Seub., comummente conhecida como figueira-do-inferno[2] (não confundir com a espécie Datura stramonium, que consigo partilha este nome comum) é uma planta do género Euphorbia, da família das Euphorbiáceas.[3]
Euphorbia mellifera | |
---|---|
Classificação científica | |
Reino: | Plantae |
Clado: | Tracheophyta |
Clado: | Angiospermae |
Clado: | Eudicots |
Clado: | Rosídeas |
Ordem: | Malpighiales |
Família: | Euphorbiaceae |
Gênero: | Euphorbia |
Espécies: | E. mellifera
|
Nome binomial | |
Euphorbia mellifera | |
Sinónimos | |
|
Nomes comuns
editarAlém de «figueira-do-inferno», esta espécie é ainda conhecida como: adelfa-do-monte[4] e, regionalmente, no Arquipélago da Madeira, como alindres[5] (grafias alternativas alendros[6] e alhendros[7]) e figueira-de-alindres[3] (também grafada figueira-de-alhendros[3]).
Etimologia
editarDo que toca ao nome científico:
- O nome genérico, Euphorbia[8], provém do latim clássico «euphorbium», que aludia a uma planta africana[9] ou à espessa seiva amarelo-acastanhada que dessa planta era segregada e que se empregava como purgativo.[10] Por seu turno, o termo latino euphorbium, provém do grego antigo εὐφόρβιον[11] que, por sua vez, alude à espécie Euphorbia resinifera. A palavra εὐφόρβιον advém do étimo grego εὔφορβος que significa «bem alimentado».[11]
- O epíteto específico, mellifera, provém do étimo latino clássico «mellĭfĕr» e significa «produtor de mel».[12]
Descrição
editarApresenta-se como um arbusto ou árvore de pequena dimensão (geralmente não alçando mais do que 8 metros)[3], que surge nas escarpas litorais na Ponta de São Lourenço (ilha da Madeira) e áreas próximas da mesma até 15 metros de altitude.[13] Apresenta-se com folhas lanceoladas e estreitas de até 20 centímetros de comprimento, subsésseis, agrupadas na extremidade dos ramos.[13]
As flores desta planta são pequenas, agrupam-se em inflorescências terminais que podem chegar até aos 12 centímetros de comprimento, com 5 raios, brácteas obovadas, cíato hermafrodita, igualmente bracteado, coroado por 5 nectários ovados, vermelho-purpúreos ou alaranjados com margem pálida.[4][13]
Cada cíato apresenta cerca de 6,5 milímetros de comprimento e obovado, possui várias flores masculinas nuas, reduzidas a um estame, dispostas em torno de uma flor feminina nua, central e pedicelada.[13] A floração ocorre de Fevereiro a Julho.[13] As flores são polinizadas por moscas e outros dípteros atraídos pelas substâncias secretadas pelos nectários ou glândulas.[4]
O fruto é uma cápsula sensivelmente esférica, com até um centímetro de diâmetro e dividida em três valvas, dura, tuberculada e glabra.[13]
O ritidoma do tronco é espesso, rugoso e acinzentado, enquanto que nas plantas jovens os ramos e rebentos já se apresentam lisos e verdes.[4]
Distribuição
editarTrata-se de uma espécie endémica da ilha da Madeira e das Canárias, que domina algumas das comunidades de caulirrosulados.[13]
Portugal
editarTrata-se de uma espécie presente em território português, nomeadamente no Arquipélago da Madeira.[13]
Com efeito, há populações de alindres selvagens, em Tabua (concelho de Ribeira Brava), em Paúl do Mar (concelho de Calheta), em Santana e em escarpas litorais na Ponta de São Lourenço.[4]
Ecologia
editarOs alindres têm preferência por locais húmidos e umbrosos, ao longo de linhas de água, riachos e levadas, em clareiras ou zonas perturbadas ou ainda sob a folhagem da floresta Laurissilva, com menor desenvolvimento da planta; aprecia também zonas rochosas como ravinas sob o mar de nuvens, onde alguns indivíduos atingem alturas consideráveis.[4]
Ocorre entre 400 e 1.100 m de altitude. Longevidade desta espécie no meio natural é desconhecida.[4]
Ver também
editarReferências
- ↑ Rivers, M.C.; Fernandes, F.; da Silva Menezes de Sequeira, M. (2017). The IUCN Red List of Threatened Species 2017 - Euphorbia mellifera. [S.l.: s.n.] doi:10.2305/IUCN.UK.2017-3.RLTS.T102818634A102818638.en.
- ↑ «figueira-do-inferno». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia
- ↑ a b c d «Euphorbia mellifera | Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ a b c d e f g IUCN (26 de setembro de 2016). «Euphorbia mellifera: Rivers, M.C., Fernandes, F. & da Silva Menezes de Sequeira, M.: The IUCN Red List of Threatened Species 2017: e.T102818634A102818638» (em inglês). doi:10.2305/iucn.uk.2017-3.rlts.t102818634a102818638.en. Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ «alindres». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia
- ↑ «alendros». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia
- ↑ «alhendros». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia
- ↑ «euphorbia - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ «Euphorbium | ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ «euphorbium - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ a b «εὐφόρβιον - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ «mellĭfĕr | ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ a b c d e f g h Dias, Eduardo (2007). Coleção Árvores e Florestas de Portugal Vol. VI Açores e Madeira (PDF). Lisboa: Jornal o Público. pp. 199–254
- Árvores e Florestas de Portugal - Açores e Madeira, Edic. Público, Comunicações, SA. Dep. Legal nº 254481/2007