Eusébio Martins da Cunha
Eusébio Martins da Cunha[nota 1] (Descoberto da Piedade, 15 de dezembro de 1892 — Goiânia, abril de 1980) foi um político e pecuarista goiano que serviu como segundo prefeito eleito de sua terra natal, Porangatu, sendo o primeiro natural do município a exercer esse cargo. Seu principal feito foi comprar a Fazenda Tupaciguara, de 200 alqueires, para a construção de novos setores do município e buscar por vias do governo estadual, a expansão de terrenos para patrimônio do município, o que foi obtido na lei n.º 780 de 1953.[1][2][3][4] Ele faleceu após ser atropelado e levado à Goiânia em abril de 1980, sendo postumamente homenageado na nomeação da Escola Municipal homônima.[5]
Eusébio Martins da Cunha | |
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3.° Prefeito de Porangatu | |
Período | 1 de maio de 1953 a 31 de janeiro de 1957 |
Vice-prefeito | Cargo vago |
Antecessor(a) | Ângelo Rosa de Moura |
Sucessor(a) | Ângelo Rosa de Moura |
Dados pessoais | |
Nascimento | 15 de dezembro de 1892 Descoberto da Piedade, Pilar de Goiás, Goiás, Brasil |
Morte | abril de 1980 (87 anos) Goiânia, Goiás, Brasil |
Progenitores | Mãe: Paula Correia de Miranda Pai: Antônio Martins da Cunha |
Cônjuge | Augusta Tavares (19??) Augusta Fagundes Furtado (19??-1980) |
Partido | UDN (1945-1948) PSD (1948-1964) |
Religião | Católico |
Residência | Rua da Entrada Sul (atual Av. Dunga), Porangatu, Goiás |
Assinatura |
Primeiros anos
editarEusébio Martins da Cunha nasceu na então vila do Descoberto da Piedade no dia 15 de dezembro de 1892. Ele é o natural de Porangatu mais velho que se tem registro. Sua família era de origem mineira e se encontrava no povoado desde a década de 1860. Seu avô paterno era o responsável pela migração de Araxá ao Descoberto, este era o coronel da Guarda Nacional, Tomaz Martins da Cunha. Seu pai, Antônio Martins da Cunha exerceu a função de presidente da Mesa Eleitora (órgão responsável por qualificar eleitores, chefiado pelo juiz de paz mais bem votado da circunscrição)[6] durante a eleição presidencial no Brasil em 1891 e suas respectivas eleições estaduais. Seu pai exerceu ainda, a função de quarto juiz distrital de 1909 até 1913, quando faleceu.[7] Sua mãe, Paula era da família Correia de Miranda, vinda da cidade de Pilar.[7]Eusébio era o filho mais novo do casal. Eusébio auxiliava nos trabalhos campesinos e mantinha uma vida pública bastante ligada ao arraial do Descoberto, sendo um católico, ele participava de vários eventos religiosos, incluindo a Folia de Reis local, na qual ele chegou a ser coroado imperador em 1942.[1]
Carreira política
editarPrimeiras filiações partidárias e candidato a prefeito de Porangatu em 1948
editarEusébio era inicialmente filiado ao diretório regional da União Democrática Nacional. Devido desavenças pessoais e políticas com Ângelo Rosa de Moura[8], ele saiu da UDN e adentrou ao Partido Social Democrático, no ano eleitoral de 1948, época em que se deu a emancipação política de Porangatu, por meio da Lei Ordinária n.º 122/25-08-1948.[9]
À época, o presidente municipal do PSD, Adelino Américo de Azevedo, foi nomeado subprefeito e prefeito de transição, respectivamente. Azevedo presidiu a eleição municipal de Porangatu em 3 de outubro de 1948 e nessas disputaram Eusébio (pelo PSD) e Ângelo Rosa (pela UDN). O candidato udenista venceu e tomou posse como primeiro prefeito eleito em 1° de maio do ano seguinte.[7]
Músicas da primeira campanha de Eusébio
editarDurante essa disputa eleitoral, foram criadas algumas músicas de campanha, iniciadas pelo PSD e rebatidas pela UDN, sendo essas:
“ | "Sr. Euzébio que modo é este Venha logo pra cidade, Assistir sua vitória Que é coisa de verdade." |
” |
A UDN rebateu:
“ | Sr. Euzébio que modo é este Venha logo pra cidade, Assistir sua derrota Que é coisa de verdade. |
” |
Em sequência, o PSD respondeu com outras duas:
“ | Ângelo Rosa Tocador de Berimbau, Não tem pai nem mãe Nasceu no oco do pau. |
” |
“ | Vamos, vamos, minha gente Votar no PSD É um povo reunido Lutaremos até vencer Os pobres dos udenistas, Estão cansados de chorar, No dia 3 de outubro O PSD vai ganhar. |
” |
Os udenistas responderam com:
“ | Varre, varre vassourinha Varre, varre pra valer Varre a sujeira do PSD. |
” |
Por fim, o PSD devolveu com uma nova marchinha, a última de que se tem registro[7]:
“ | Estes udenistas São cheios de prosa, Se existe sujeira É de Ângelo Rosa. |
” |
Segunda campanha eleitoral e segundo prefeito eleito de Porangatu (1953-1957)
editarComo a Constituição brasileira de 1946, proibia reeleições, Eusébio Martins não disputou novamente com Ângelo Rosa. Ele venceu em 3 de outubro de 1952. Eusébio tomou posse em 31 de janeiro do ano seguinte.
Seus principais feitos incluem a expansão territorial e urbana do município de Porangatu, incluindo a compra de uma fazenda, Tupaciguara, com 200 alqueires, para tal propósito.[7] Também foram finalizados os projetos do primeiro mandato de Ângelo Rosa, incluindo a Cadeia Pública, cujo prédio abrigaria a Prefeitura e o Fórum Público do Munícipio. Nomeou Rodes Matos Martins como seu secretário municipal de Governo[10], tendo um recluso secretariado de 6 membros.
Foi construída a pavimentação térrea do Fórum, comprou um trator TD-9, um caminhão GMC e por fim, o jurista Silos Rodrigues é nomeado Juiz de Direito da comarca em 1954.[7] Durante o final de seu mandato, a gestão possuía seiscentos cruzeiros, ao entregar a Prefeitura novamente a Ângelo Rosa, Cunha o fizera com o quantitativo de oitenta e dois mil cruzeiros. O PSD escolheu o ex-juiz distrital, Antônio Navarro de Abreu para disputar contra o udenista, que acabou derrotado.[11]
Morte
editarEm 1980, afastado da vida pública como muitas outras lideranças da cidade, em especial, devido a instauração da ditadura militar e a dissolução do PSD, Eusébio sofreu um atropelamento em Porangatu. Ele foi transferido para Goiânia, porém acabou falecendo em abril.[7] Devido o governo do arenista, Trajano Machado Gontijo Filho, Martins da Cunha só chegou a ser homenageado postumamente em 1985, com a criação da Escola Municipal Euzébio Martins da Cunha, funcionando até a atualidade.[12] O fato ocorreu no segundo governo de João Gonçalves dos Reis.[7]
Notas e referências
Notas
- ↑ A grafia original do nome do biografado, Euzébio Martins da Cunha, deve ser atualizada conforme a onomástica estabelecida a partir do Formulário Ortográfico de 1943, por seguir as mesmas regras dos substantivos comuns (Academia Brasileira de Letras – Formulário Ortográfico de 1943). Tal norma foi reafirmada pelos subsequentes Acordos Ortográficos da língua portuguesa (Acordo Ortográfico de 1945 e Acordo Ortográfico de 1990). A norma é optativa para nomes de pessoas em vida, a fim de evitar constrangimentos, mas após seu falecimento torna-se obrigatória para publicações, ainda que se possa utilizar a grafia arcaica no foro privado (Formulário Ortográfico de 1943, IX).
Referências
- ↑ a b GOIANINHO, Euclides de Souza (1999). Memórias e Tradições: Registro do Pioneirismo, das Artes e das Manifestações Folclóricas de Porangatu- Goiás. Porangatu: Valadares. p. 262
- ↑ «Ex-prefeitos em galeria: homenagem». Jornal Diário do Norte. Consultado em 5 de junho de 2023. Cópia arquivada em 5 de junho de 2023
- ↑ «Ex-primeiras-damas e atual são homenageadas». www.jornaldiariodonorte.com.br. Consultado em 5 de junho de 2023. Cópia arquivada em 5 de junho de 2023
- ↑ «Lei Ordinário n.º 780/01-10-1953». Casa Civil de Goiás. Consultado em 9 de junho de 2023. Cópia arquivada em 9 de junho de 2023
- ↑ «ESCOLA MUN. EUZÉBIO MARTINS DA CUNHA – Prefeitura de Porangatu». Prefeitura Municipal de Porangatu. Consultado em 5 de junho de 2023. Cópia arquivada em 5 de junho de 2023
- ↑ «2º título eleitoral- 1890». Tribunal Superior Eleitoral. Consultado em 8 de junho de 2023. Cópia arquivada em 8 de junho de 2023
- ↑ a b c d e f g h REIS, João Gonçalves dos (2017). Descoberto da Piedade. Goiânia: Cânone. pp. 74–75: 120–122; 162–165. ISBN 978-85-8058-088-4
- ↑ «A História Da Resistência Dos Posseiros De Porangatu-Go (1940-1964)». Universidade Federal de Goiás. 2003. p. 58. 128 páginas. Consultado em 10 de junho de 2023. Cópia arquivada em 9 de junho de 2023
- ↑ «Lei Ordinária n.º 122/25-08-1948». Casa Civil de Goiás. 2019. Consultado em 10 de junho de 2023. Cópia arquivada em 9 de junho de 2023
- ↑ «Leis». Câmara de Porangatu. Consultado em 5 de julho de 2024
- ↑ «EX PREFEITOS DE PORANGATU». Câmara de Porangatu. Consultado em 4 de julho de 2024
- ↑ «PREFEITA DE PORANGATU ASSINA ORDEM DE SERVIÇO PARA REFORMA E AMPLIAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL EUZÉBIO MARTINS DA CUNHA – Prefeitura de Porangatu». porangatu.go.gov.br. Consultado em 1 de agosto de 2023. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2023