Fundação Universitária para o Vestibular
A Fundação Universitária para o Vestibular, mais conhecida pela sua sigla FUVEST, é uma fundação brasileira de direito privado ligada à Universidade de São Paulo (USP), fundada em 1976 na capital paulista, cujo objetivo principal é a realização dos exames vestibulares para admissão a essa instituição.
Logotipo da fundação | |
Tipo | Fundação e banca organizadora de certames |
Fundação | 20 de abril de 1976 (48 anos) |
Propósito | Exame Vestibular e ingresso na USP |
Sede | São Paulo |
Filiação | Universidade de São Paulo |
Sítio oficial | fuvest |
A FUVEST organiza o Vestibular da USP, processos seletivos de ingresso na graduação e pós-graduação na instituição e concursos para servidores da universidade. O seu principal certame o Vestibular da USP ou Concurso Vestibular FUVEST é realizado em duas fases, é atualmente o segundo maior vestibular do país, somente atrás do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) organizado pelo INEP.
Antecedentes
editarComo os exames de admissão tornaram-se o meio preponderante de ingresso ao ensino superior no Brasil, esse tipo de seleção evoluiu para os chamados vestibulares.[1] O aumento da demanda na disputa pelas vagas nas universidades públicas e a necessidade de organizá-lo melhor estimularam a criação de fundações específicas para realizar as provas.[1] Dessa forma, foram criados as fundações Cescea (responsável por exames para área de humanas), Cescem (que organizava a seleção dos candidatos para as escolas médicas) e Mapofei (responsável pelos vestibulares de exatas) como exames unificados para diversas universidades privadas e públicas do Estado de São Paulo, entre as quais a USP.[2][3]
Durante a década de 1970, uma proposta de organizar seu próprio vestibular para influenciar e controlar melhor o processo de seleção dos seus estudantes ganhou cada vez mais força entre o corpo docente da USP.[1] Em 20 de abril de 1976, o Conselho Universitário da instituição aprovou a criação da Fundação Universitária para o Vestibular, a Fuvest, e posteriormente se iniciou a preparação o primeiro vestibular de 1977.[1][4]
História
editarO primeiro vestibular da Fuvest ocorreu em 19 de janeiro de 1977.[3] Uma grande tempestade na noite da véspera do exame deixou São Paulo com vários pontos da cidade de inundação e bairros alagados no dia seguinte, sendo que a prova estava marcada para as 8 horas e tinha uma tolerância de 15 minutos de atraso.[3] Devido a situação extraordinária, a coordenação da Fuvest permitiu a entrada de candidatos retardatários até as 11:15, mas esse prazo foi estendido até o início da tarde para alunos resgatados por helicópteros e enviados para o aeroporto Campo de Marte, onde dois hangares foram excepcionalmente utilizados para a realização do exame.[3]
Ao longo de sua história, o vestibular da Fuvest passou por diversas mudanças. Na primeira metade da década de 1990, foi abolida a exigência de uma nota mínima que algumas carreiras exigiam, pois isso fazia com que sobrassem vagas – como no exame de 1988, quando 15% das vagas não foram preenchidas, e também na prova de 1990, que obrigou a fundação a realizar um segundo vestibular para preencher as vagas remanescentes.[2]
Para o vestibular de 1995, a Fuvest aumentou de 72 para 160 questões da primeira fase e esses pontos também passaram a contar na nota final.[2] Nessa época, a primeira fase passou a ser realizada em dois dias distintos.
Em 2003, o número de questões da primeira fase foi reduzido para 100 e essa fase voltou a ser realiza em um único dia.[5] Quatro anos depois, houve uma nova queda, desta vez para um total de 90 questões, mas com a manutenção do tempo máximo de cinco horas.[6][7]
A partir do exame de 2010, a Fuvest passou a aceitar pela primeira vez inscrição via internet.[8] Outra mudança foi que primeira fase tornou-se apenas classificatória para a segunda fase, ou seja, sua nota não seria contabilizada para a nota final, e a segunda fase exigiria todas as disciplinas básicas do ensino médio, independente da área pretendida pelo vestibulando.[9][10]
Para o vestibular 2019, a Fuvest introduziu novidades como um sistema de reconhecimento facial dos candidatos para evitar fraudes[11] e, pela primeira vez, um sistema de cotas, no qual 40% das vagas seriam destinadas a alunos oriundos de escola pública mais alunos de escola pública pretos, pardos e indígenas (PPI).[12] Para o exame do vestibular seguinte, foram apresentadas provas impressas com figuras, mapas, gráficos coloridos.[13]
O número de vagas destinadas às cotas subiu para 50% a partir do vestibular de 2021 da Fuvest.[14]
Formato do Concurso Vestibular
editarTradicionalmente, o exame da Fuvest tem sido realizado em duas fases.
A primeira fase, feita em um único dia, é constituída por 90 questões, sendo algumas interdisciplinares, de disciplinas obrigatórias do Ensino Médio (Biologia, Física, Geografia, História, Inglês, Matemática, Língua Portuguesa e Química), dispostas em modelo de múltipla escolha com cinco alternativas, das quais apenas uma é correta.[15] Com duração máxima de cinco horas, esse exame tem sua nota utilizada tanto para a classificação dos candidatos habilitados para seguir para a segunda fase do vestibular, quanto para o cálculo da nota final.[15] São convocados para a fase seguinte os candidatos mais bem classificados em número correspondente a 4 vezes o total de vagas da cada carreira e modalidade de concorrência.[15]
A segunda fase, realizada em dois dias diferentes, é constituída por duas provas de natureza discursiva de conhecimentos específicos considerados obrigatórios para todos os candidatos promovidos a essa fase – o primeiro exame com 10 questões de Português (envolvendo compreensão e interpretação de textos, gramática e literatura) e uma redação, enquanto o segundo exame é composto por 12 questões de igual valor sobre duas a quatro disciplinas, a depender da carreira escolhida (se forem duas disciplinas, haverá seis questões para cada uma delas; se três disciplinas, quatro questões para cada uma; se quatro disciplinas, três questões para cada uma).[15]
Algumas carreiras também exigem uma prova, de caráter eliminatório e classificatório, de Habilidades Específicas como parte integrante da segunda fase, conforme a carreira, que também vale 100 pontos, sendo parte integrante da segunda fase.[15]
O vestibular conta com uma lista de obras de leitura obrigatória sobre as quais versam questões de literatura, interpretação de texto e interdisciplinares, tanto na primeira quanto na segunda fase.
Notas de corte
editarPoucas semanas após a realização da primeira fase, a Fuvest divulga as notas de corte do seu vestibular, com o número mínimo de acertos para acesso se qualificar para a segunda fase. Todos os candidatos que obtiverem nota igual ou superior a essa estão automaticamente classificados para a próxima etapa. Nessa, cada carreira possui a concorrência de aproximadamente quatro candidatos por vaga.
Essas notas variam conforme a carreira escolhida. Cursos como Medicina possuem notas de corte bastante altas se comparadas à outras carreiras.[16][17]
Outros exames e processos seletivos
editarNo ano de 1986, a Fuvest tomou a responsabilidade de aplicar o Vestibulinho da Academia de Ciências Humanas da USP. Com isso, o vestibulinho tornou-se um dos testes mais difíceis para os jovens brasileiros fazerem.
Entre 1988 e 2016, a Fuvest ficou responsável pelo processo seletivo de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e, entre 1996 e 2010, pela seleção da Academia de Polícia Militar do Barro Branco.
Atualmente, a Fuvest organiza os exames de transferência externa para a USP, ingresso na graduação através de processos seletivos como o ENEM-USP e Olimpíadas Científicas e na pós-graduação de algumas unidades da USP. Bem como, concursos públicos para ocupar cargos na universidade.
Ver também
editar- Ensino superior no Brasil
- Universidade de São Paulo
- Secretaria do Desenvolvimento Econômico (Governo do Estado de São Paulo)
- Exame vestibular
- Exame Nacional do Ensino Médio
Referências
- ↑ a b c d Maria Clara Matos (2007). «30 anos de trajetória». Revista Espaço Aberto. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ a b c «Criação da Fuvest em 1976 pôs fim a exame unificado». Folha de S.Paulo. 4 de abril de 2002. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ a b c d Rose Saconi (24 de setembro de 2013). «Maior vestibular do País estreou sob tempestade». O Estado de S.Paulo. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ «Senta que lá vem história». Jornal da USP. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ «Fuvest divulga nota de corte da 1ª fase e concorrência». UOL. 12 de dezembro de 2003. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ «Professores não vêem mudança na Fuvest». Folha de S.Paulo. 27 de novembro de 2006. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ «Primeira fase da Fuvest não terá divisão por disciplinas». G1. 2 de outubro de 2006. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ «Vestibular da Fuvest terá inscrições pela internet - Geral». Estadão
- ↑ «USP aprova mudanças no vestibular da FUVEST para 2010». Site oficial da USP. 16 de abril de 2009. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ Fernanda Calgaro (16 de abril de 2009). «USP aprova mudanças na Fuvest». G1. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ Hérika Dias (16 de junho de 2018). «Fuvest usa reconhecimento facial para identificar candidatos». Jornal da USP. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ Vitor Bonini (14 de setembro de 2018). «Entenda as mudanças no sistema de cotas do vestibular da Fuvest». G1. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ «Fuvest terá prova colorida e sistema de reconhecimento facial». Folha de S.Paulo. 10 de novembro de 2009. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ Laura Cassano e Gustavo Galvão (22 de julho de 2020). «Fuvest vai reservar 50% das vagas para candidatos de escolas públicas no vestibular 2021». G1. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ a b c d e «Fuvest 2021: Manual do candidato» (PDF). Fuvest. p. 34. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ «Fuvest divulga nota de corte para 2ª fase do vestibular da USP». Jornal da USP. 6 de dezembro de 2019. Consultado em 16 de janeiro de 2021
- ↑ «Fuvest divulga nota de corte da segunda fase do vestibular 2020». G1. 6 de dezembro de 2019. Consultado em 16 de janeiro de 2021