Falácia genética
Falácia genética - é uma falácia lógica que consiste em aprovar ou desaprovar algo baseando-se unicamente em sua origem. Ocorre quando alguém tenta ridicularizar uma ideia, prática ou instituição simplesmente tendo em conta sua origem (gênese, isto é, a fonte de onde ela provém) ou seu estado anterior. Isto ocorre ignorando-se qualquer diferença observada com respeito à situação atual, geralmente transferindo o mérito ou demérito do estado anterior.
Descrição
editar- É uma falácia informal com a forma "X é originário de Y, portanto X, agora, deve ter alguns traços em comum com Y", embora habitualmente esse raciocínio seja mais implícito do que declarado.[1]
A conclusão é baseada unicamente na origem de algo ou de alguém, em vez de seu significado ou contexto atuais. Normalmente conclui-se algo em relação a um conceito ou ideia a partir de seu papel em algum contexto anterior.
- O filósofo Friedrich Nietzsche é acusado de cometer essa falácia em seu livro A Genealogia da Moral.[2] Nele, o filósofo se propunha a demonstrar as origens de conceitos morais capitais no ressentimento e na autorrejeição. Sua ideia era a de que, mostrando a origem histórica dessas emoções altruístas, ele as derrubaria da posição exaltada conferida a elas na moralidade cristã. No entanto, mesmo que ele estivesse correto sobre as origens desses conceitos (o que é bem discutível), não significa que eles fossem menos importantes hoje por causa de sua fonte original.[3]
Segundo o The Oxford Companion to Philosophy[4] este termo originou-se no livro An Introduction to Logic and Scientific Method[5] de Morris Cohen e Ernest Nagel.
Exemplos
editar- "Vai pôr aliança de casamento? Não sabe que a aliança de casamento no princípio simbolizava o grilhão colocado no tornozelo da mulher para que ela não fugisse do marido? Não pensei que você fosse capaz de uma prática tão machista."
- As supostas origens sexistas da aliança de casamento não tornam sexistas os que a usam.
- "O interesse pelo ocultismo foi o que levou Isaac Newton a elaborar a lei da gravidade, logo qualquer um que aceite a lei da gravidade é um ocultista."
- A lei da gravidade não é uma crença ocultista e já foi comprovada cientificamente.
- O contrário também seria falácia.
- "Você só crê em Deus porque nasceu no Brasil!"
- A origem cultural das crenças não demonstra sua falsidade nem veracidade. O mesmo argumento poderia seu usado para a não crença em Deus nos países culturalmente não-religiosos hoje em dia.
Ver também
editarReferências
- ↑ WARBURTON, Nigel. Pensamento Crítico de A a Z: Uma Introdução Filosófica. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 2011. p. 108. ISBN 9788503008938
- ↑ Nietzsche, Friedrich Wilhelm. A genealogia da moral. Centauro Editora, 2007. ISBN 9788588208339
- ↑ WARBURTON, Nigel. Pensamento Crítico de A a Z: Uma Introdução Filosófica. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 2011. p. 109. ISBN 9788503008938
- ↑ (em inglês) Honderich, Ted. The Oxford Companion to Philosophy. Oxford University Press, EUA. 1995. ISBN 9780198661320
- ↑ (em inglês) An Introduction To Logic And Scientific Method. Morris F. Cohen, Ernest Nagel e Morris R. Cohen. Read Books, 2008. ISBN 9781443722667
Ligações externas
editar- Como Evitar Falácias
- Guia das Falácias
- «Nizkor» (em inglês). - Fallacies
- «Criticanarede». - Guia das falácias de Stephen Downes