Família Varasnúnio
Varasnúnio (em latim: Varazrunius)[1] ou Varajenuni (em armênio/arménio: Վարաժնունի; romaniz.: Varažnuni) foi uma família nobre armênia (nacarar) da Antiguidade e Idade Média.
História
editarSegundo a tradição relatada pelo historiador armênio medieval Moisés de Corene, os Varasnúnios tinham origem haíquida através do jovem Varaje, filho de Dátis e parente distante de Gelâmio através do neto dele, Garnique.[2] Moisés o descreve como um hábil caçador distinguido pelo rei artaxíada Artaxias I (r. 189–160 a.C.), que o teria nomeado mordomo das caçadas reais e o dotou de terras no vale de Razdã, a oeste do lago Sevã.[3][4] O primeiro vestígio escrito desta família, no entanto, data de 555, com Maictes Varasnúnio,[5] e nesse contexto a família aparece nas terras situadas no vale de Razdã, no cantão homônimo de Varasnúnia, em Airarate.[4] A família pode ter obtido em data indeterminada este cantão anteriormente ligado ao domínio real,[6] o que pode sugerir que provém da dinastia arsácida reinante ou de uma família relacionada (talvez do norte do lago Vã (Vaspuracânia), onde existe outro cantão com o mesmo nome).[7]
A Lista de Trono (Գահնամակ, gahnamak) os menciona em 61.ª posição entre as casas nobres.[8] A Lista Militar (Զորնամակ, Zōrnamak), o documento que indica a quantidade de cavaleiros que cada uma das famílias nobres devia ceder ao exército real em caso de convocação, afirma que deviam arregimentar 300 cavaleiros.[9] Os Varasnúnios perderam suas terras sob o domínio dos árabes e depois se refugiaram nas Vaspuracânia, onde tornaram vassalos dos Arzerúnios; O historiador armênio dos séculos IX e X Tomás Arzerúnio faz menção a Melias Varasnúnio, que foi martirizado em 853.[4] Por volta de 1000, a família reaparece no comando do cantão vaspuracano de Varasnúnia.[10][11] A última menção de um dos membros desta família é a de Isaque Varasnúnio, falecido em 1000/1:[4]
“ | No ano de 449 (21 de março de 1000 a 20 de março de 1001), houve paz e aliança solene entre o imperador Basílio e Senequerim, rei armênio [da Vaspuracânia]. Este mesmo ano testemunhou a morte de Isaque Marzobã, senhor de Varasnúnia. | ” |
— Mateus de Edessa, Crônica, I.2.
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Outros membros da família emigraram para terras bizantinas, onde se colocaram ao serviço dos imperadores, como talvez Melias, o Grande (neste caso neto do referido Melias),[12] o primeiro estratego do tema de Licando,[13] e o duque de Antioquia Filareto Bracâmio.[14]
Referências
- ↑ Moisés de Corene 1736, p. 34.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 147.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 92.
- ↑ a b c d Toumanoff 1963, p. 222.
- ↑ Settipani 2006, p. 53.
- ↑ Hewsen 2001, p. 44.
- ↑ Hewsen 2001, p. 78.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 252.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 240.
- ↑ Hewsen 2001, p. 116.
- ↑ Hovannisian 2000, p. 26.
- ↑ Dédéyan 1993, p. 69.
- ↑ Cheynet & Dédéyan 2007, p. 309.
- ↑ Hovannisian 2004, p. 175.
Bibliografia
editar- Cheynet, Jean-Claude; Dédéyan, Gérard (2007) [1982]. «Vocation impériale ou fatalité diasporique: les Arméniens à Byzance (IVe – XIe siècle)». In: Dédéyan, Gérard. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. pp. 297–326. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Dédéyan, Gérard (1993). «Les Arméniens sur la frontière sud-orientale de Byzance, fin IXe - fin XIe siècles». In: Roman, Yves. La Frontière: Séminaire de recherche, Lyon, Maison de l'Orient et de la Méditerranée. Paris: Jean Pouilloux
- Hewsen, Robert H. (2001). Armenia: A Historical Atlas. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 0-226-33228-4
- Hovannisian, Richard G. (2004). Armenian People from Ancient to Modern Times. vol. I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2
- Hovannisian, Richard G. (2000). Historic Armenian Cities and Provinces. Armenian Van/Vaspourakan. Costa Mesa: Mazda Publishers
- Moisés de Corene (1736). Historiae armeniacae libri III. Ejusdem epitome geographiae. Praemittitur praefatio de literatura ac versione sacra armenica (etc.) armeniace ediderunt, latine verterunt notisque illustrarunt Gulielmus et Georgius Whiston. Londres: Whiston
- Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press
- Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8
- Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press