Fausto Bordalo Dias
Fausto, nome artístico de Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias[1] OL (Oceano Atlântico, registado em Vila Franca das Naves, 26 de novembro de 1948 — Lisboa, 1 de julho de 2024[2]), foi um compositor e cantor português.
Fausto Bordalo Dias | |
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Informação geral | |
Nome completo | Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias |
Nascimento | 26 de novembro de 1948 |
Local de nascimento | Oceano Atlântico, registado em Vila Franca das Naves, Trancoso Portugal |
Morte | 1 de julho de 2024 (75 anos) |
Local de morte | Lisboa, Portugal |
Género(s) | música popular portuguesa, folclore progressivo |
Instrumento(s) | vocal, guitarra acústica |
Período em atividade | 1969-2024 |
Afiliação(ões) | José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, José Mário Branco, Luís Cília, Sérgio Godinho |
Biografia
editarEmbora nascido a bordo do navio Pátria,[3][4][5] em viagem entre Portugal e Angola, Fausto Bordalo Dias foi registado em Vila Franca das Naves, Trancoso. Foi na antiga província ultramarina portuguesa que formou a sua primeira banda, Os Rebeldes. À musicalidade da sua origem beirã, assimilou os ritmos africanos.[6]
Aos 20 anos, em Lisboa, onde se instalou a fim de prosseguir os estudos — concluiu a licenciatura em Ciências Políticas e Sociais, no então denominado Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, atual ISCSP.[6]
Em 1969 lançou o primeiro EP, Fausto, com o qual venceu no mesmo ano o Prémio Revelação da Rádio Renascença.[6]
No âmbito do movimento associativo em Lisboa, aproximou-se de nomes como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, juntamente com José Mário Branco ou Luís Cília, que viviam no exílio.[7]
Em maio de 1974 foi um dos fundadores do GAC, juntamente com José Mário Branco, Afonso Dias e Tino Flores.[6]
Em 1978 colaborou com Sérgio Godinho e José Mário Branco na banda-sonora do filme A Confederação, de Luís Galvão Teles.[8]
Entrou na Maçonaria em 1985, no Grande Oriente Lusitano.[9]
No dia 8 de julho de 1997, em Belém, ofereceu um dos seus mais marcantes concertos, celebrando os 500 anos da partida de Vasco da Gama para a Índia, no mesmo dia em 1497, a convite da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.[10]
Em 2009 juntou-se novamente a Sérgio Godinho e José Mário Branco para o espectáculo Três cantos ao vivo, um evento de grande destaque cultural que resultou no lançamento de um álbum ao vivo.[11][12]
Autor de 12 discos, gravados entre 1970 e 2011 (dez de originais, uma compilação regravada e um disco ao vivo), é presentemente um importante nome da música portuguesa e da música popular em particular. A sua obra tem sido revisitada por nomes como, entre outros, Mafalda Arnauth, Né Ladeiras, Pedro Moutinho, Teresa Salgueiro, Cristina Branco, Marco Oliveira ou Ana Moura.[13][14][7]
O seu último álbum, Em busca das montanhas azuis, foi lançado em 2011 e conta com arranjos musicais de José Mário Branco em quatro faixas.[15]
Em março de 2023 foi realizada uma homenagem de Filipe Sambado, Surma e Primeira-Dama a Fausto, na segunda semifinal da 57ª edição do Festival RTP da Canção. Foram interpretadas as canções "O barco vai de saída", "Como um sonho acordado", "A guerra é a guerra", "O cortejo dos penitentes" e "Lembra-me um sonho lindo".[16][17][18]
Morreu a 1 de julho de 2024, aos 75 anos, em Lisboa, vítima de doença prolongada.[2][19]
Discografia
editarEntre a sua discografia encontram-se:[6]
Álbuns de originais
editar- Fausto (1970)
- P'ró Que Der e Vier (1974)
- Um Beco com saída (1975)
- Madrugada dos Trapeiros (1977)
- Histórias de Viageiros (1979)
- Por Este Rio Acima (1982)
- O despertar dos alquimistas (1985)
- Para além das cordilheiras (1987)
- A preto e branco (1988)
- Crónicas da terra ardente (1994)
- A Ópera Mágica do Cantor Maldito (2003)
- Em Busca das Montanhas Azuis (2011)
Singles e EPs
editar- Fausto (1º EP, 1969)
- Llora, Amigo, Llora (1970)
- África / Ó Pastor Que Choras (1970)
- Venha Cá Sr. Burguês (1974)
- Marcolino (1975)
- Uns Vão Bem E Outros Mal (1977)
- Se Tu Fores Ver O Mar (1978)
- Guerra do Mirandum (Single, 1984)
- O Coça-Barriga (1985)
- O Despertar Dos Alquimistas (1985)
- Navegar, Navegar (1986)
Coletâneas
editar- O Melhor dos Melhores (1994)
- Atrás dos Tempos Vêm Tempos (1996)
- Grande Grande É a Viagem (ao vivo) (1999)
- 18 canções de amor e mais uma de ressentido protesto (2007)
Álbuns em colaboração
editar- Cantigas De Ida E Volta (1975), em conjunto com Sérgio Godinho, Vitorino e Sheila Charlesworth
- A Confederação (1978), em conjunto com Sérgio Godinho e José Mário Branco
- Três Cantos: Ao Vivo (2009), em conjunto com Sérgio Godinho e José Mário Branco
Prémios e condecorações
editar- 1969 — Prémio Revelação, atribuído pela Rádio Renascença [3][6]
- 1988 — Prémio José Afonso[20]
- 1994 — Oficial da Ordem da Liberdade (9 de Junho)[21]
- 2012 — Melhor Álbum — Prémios Autores da Sociedade Portuguesa de Autores, "Em Busca das Montanhas Azuis"[22]
- 2012 — Melhor Canção — Prémios Autores da Sociedade Portuguesa de Autores, "E Fomos pela Água do Rio"[22]
- 2017 — Prémio Carlos Paredes (Carreira)[23]
Referências
- ↑ «Lista de associados da Audiogest» (PDF). Actividades Culturais / Ministério da Cultura. 25 de Julho de 2007. Consultado em 3 de Janeiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 24 de dezembro de 2013
- ↑ a b «Morreu Fausto, trovador-mor da canção portuguesa». Jornal de Notícias. 1 de julho de 2024
- ↑ a b Ribeiro, A. J. P. (2017). pareSeres da terra e a música popular portuguesa no Conservatório do Vale do Sousa. Revista Vórtex, 5(3), 1-20.
- ↑ «Poema da Semana - Fausto Bordalo Dias». cvc.instituto-camoes.pt. Consultado em 1 de julho de 2024
- ↑ «O fado». O fado. Consultado em 1 de julho de 2024
- ↑ a b c d e f «Fausto (músico)». Infopédia. Consultado em 26 de Novembro de 2013
- ↑ a b «Fausto Bordalo Dias – Meloteca». www.meloteca.com. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ «A Confederação | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ «Fausto Bordalo Dias: Maçonaria portuguesa lamenta morte do "irmão" iniciado em 1987». Observador. 2 de julho de 2024. Consultado em 10 de julho de 2024
- ↑ «Poeta da música - Biografia». fausto.blogtok.com. Consultado em 1 de julho de 2024
- ↑ «Três Cantos ao vivo | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ «Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto lançam «Três Cantos Ao Vivo»». CNN Portugal. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ «Fausto Bordalo Dias». centraldeartistas.pt. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ Monteiro, Ana Cáceres (21 de agosto de 2021). «Fausto Bordalo Dias: O homem que canta o mar nasceu no Oceano Atlântico | O Jornal Económico». jornaleconomico.pt. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ «Fausto as montanhas azuis do sonho de descobrir mundos». PÚBLICO. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ «Festival da Canção 2023: todas as canções apuradas para a final». Expresso. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ «Inês Apenas e Dapunksportif juntam-se a Churky na final do Festival da Canção». Jornal de Leiria. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ Matias, Bernardo (5 de março de 2023). «Apurados os últimos seis finalistas do Festival da Canção 2023». e-FestivalPT. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ Lopes, Mário (1 de julho de 2024). «Morreu Fausto Bordalo Dias, o genial alquimista da música portuguesa». PÚBLICO. Consultado em 1 de julho de 2024
- ↑ «Amadora Prémio José Afonso – Musorbis». www.musorbis.com. Consultado em 13 de março de 2023
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Fausto Bordalo Dias". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 15 de abril de 2015
- ↑ a b Coelho, Pedro Miguel (28 de fevereiro de 2012). «Vencedores do Prémio Autores da SPA». Espalha-Factos. Consultado em 1 de julho de 2024
- ↑ «Fausto Bordalo Dias distinguido com Prémio Carreira pelo Festival Cantar Abril». SAPO Mag. Consultado em 3 de junho de 2018