Fernando Nunes Ribeiro
Fernando Gerardo de Almeida Nunes Ribeiro, mais conhecido apenas como Fernando Nunes Ribeiro (n. Beja, 1 de Janeiro de 1923), foi um arqueólogo, veterinário e político português. Foi presidente da Câmara Municipal de Beja,[1] e Governador Civil do Distrito de Beja entre 1972 e 1974.[2]
Fernando Nunes Ribeiro | |
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Presidente da Câmara Municipal de Beja | |
Governador Civil do Distrito de Beja | |
Período | 1972 a 1974 |
Dados pessoais | |
Nascimento | 1 de Janeiro de 1923 Beja |
Nacionalidade | Portuguesa |
Ocupação | Arqueólogo, veterinário e proprietário agrícola |
Biografia
editarNasceu em 1 de Janeiro de 1923, na cidade de Beja.[3] Concluiu uma licenciatura em medicina veterinária.[3]
Ficou conhecido principalmente pelos seus trabalhos como arqueólogo amador, tendo sido responsável pelos primeiros trabalhos na importante Villa romana de Pisões, no concelho de Beja, na década de 1960.[4] Descreveu o processo de descoberta e escavação das ruínas no livro Villa Romana de Pisões, publicado em 1972, que foi considerado pelo arqueólogo André Carneiro como «um dos melhores elementos que temos para conhecer o sítio».[5] Por exemplo, relatou a descoberta das ruínas: «Ao proceder a trabalhos de lavoura estival profunda deparou com algo que se opunha firmemente ao avanço normal da charrua. Utilizando potente tractor, com pá frontal e subsolador, pôs à luz do dia, não as rochas que supunha mas três enormes pesos de lagar com a sua tradicional forma tronco-cónica e os entalhes respectivos», e registou a forma como o proprietário dos terrenos alertou as autoridades: «Tendo o Sr. José Fernandes tido a gentileza de nos comunicar o achado, ali nos deslocámos e na impossibilidade de realizar a investigação que o caso requeria, pedimos que conservasse todas as pedras que mostrassem trabalho humano e o tractor retirasse».[5]
Também foi um dos principais investigadores da Idade do Bronze na área de Beja, tendo sido considerado pelo arqueólogo Miguel Serra como uma das principais figuras durante a terceira fase do estudo daquela época na região, entre as décadas de 1930 e 1960, em conjunto com Abel Viana.[6] Em 1987 doou um importante conjunto de peças arqueológicas à cidade de Beja,[7] que constituiu uma colecção com o seu nome, no Museu Regional.[8] Este acervo representa mais de quatro décadas de investigação, sendo considerado como uma das mais importantes colecções de arqueologia, e um destacado testemunho da ocupação humana no Alentejo.[8]
Foi igualmente veterinário e proprietário agrícola.[9] Grande parte da sua carreira associativa e administrativa foi passada na cidade de Beja, onde presidiu à direcção da Associação Humanitárias dos Bombeiros Voluntários, foi secretário da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, presidente do conselho geral e da direcção do Grémio da Lavoura, presidente da direcção da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Beja, vogal do Conselho da Junta Nacional do Azeite, e delegado da Junta Nacional de Educação nos concelhos de Alvito, Beja, Ferreira do Alentejo, Mértola e Vidigueira.[3] Foi igualmente vice-presidente da Federação dos Grémios da Lavoura do Baixo Alentejo, tendo desta forma integrado a Câmara Corporativa, por parte das entidades patronais, tendo participado nas IX e X legislaturas.[3] Na Câmara Municipal de Beja, exerceu como vereador, vogal do Conselho Municipal, e presidente da Câmara Municipal de Beja,[1] tendo sido durante o seu mandato que foi inaugurado o Albergue Distrital de Mendicidade em Beja, em 1969.[10] Ocupou também o posto de Governador Civil do Distrito de Beja, tendo tomado posse em 25 de Novembro de 1972.[11] Na sequência da Revolução de 25 de Abril de 1974, foi substituído naquele cargo por Adriano Gonçalves da Cunha, tendo a cerimónia da transferência dos poderes sido feita ainda no mês de Abril, na sede do Governo Civil, com a presença de todos os presidentes das câmaras municipais do distrito.[12]
Referências
- ↑ a b COUTO, Maria Bernardete Silva Marques (2007). Balnevm da Villa Romana de Pisões (PDF) (Tese de Mestrado). Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. p. 21. Consultado em 21 de Dezembro de 2022
- ↑ «Lista de governadores civis» (PDF). Centro de Investigação e Estudos De Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa. p. 1. Consultado em 21 de Dezembro de 2022
- ↑ a b c d «Fernando Gerardo de Almeida Nunes Ribeiro» (PDF). Assembleia da República. Consultado em 5 de Janeiro de 2023
- ↑ ENCARNAÇÃO, José de (21 de Março de 2022). «O escravo romano que zela pelo seu senhor!». Diário do Alentejo. Consultado em 21 de Dezembro de 2022
- ↑ a b SERAFIM, Teresa (6 de Novembro de 2017). «A ciência está de regresso à villa romana de Pisões». Público. Consultado em 21 de Dezembro de 2022
- ↑ SERRA, Miguel (Julho de 2019). «12 Lugares, 12 Meses, 12 Histórias: A Idade do Bronze na região de Beja». Al-Madan (22). Almada: Centro de Arqueologia de Almada. p. 78. ISSN 2182-7265. Consultado em 21 de Dezembro de 2022 – via Issu
- ↑ SERAFIM, Jorge (17 de Setembro de 2020). «Museu Dr. Fernando Nunes Ribeiro». Correio Alentejo. Consultado em 21 de Dezembro de 2022
- ↑ a b «Fernando Nunes Ribeiro». Museu Regional de Beja - Museu Rainha D. Leonor. Consultado em 21 de Dezembro de 2022
- ↑ «Villa romana de Pisões, em Beja, acolhe turistas, estudantes e investigadores». Diário do Alentejo. 9 de Março de 2020. Consultado em 21 de Dezembro de 2022
- ↑ «Inauguração do Albergue Distrital de Mendicidade em Beja». RTP Arquivos. Rádio Televisão Portuguesa. Consultado em 21 de Dezembro de 2022
- ↑ MELO, António (Setembro de 2009). Memória & Prospectiva 1: Da Província à Região-Plano (PDF). [S.l.]: Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte. p. 48. Consultado em 21 de Dezembro de 2022
- ↑ «Posse em Portalegre» (PDF). A Capital. Ano VII (2215). Lisboa: Sociedade Gráfica de A Capital. 27 de Abril de 1974. p. 13. Consultado em 5 de Janeiro de 2023 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa