Ferreira (Paços de Ferreira)
Ferreira é uma povoação portuguesa sede da Freguesia de Ferreira do Município de Paços de Ferreira, freguesia com 5,89 km² de área[1] e 4244 habitantes (censo de 2021)[2], tendo, por isso, uma densidade populacional de 720,5 hab./km².
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Freguesia | ||||
Igreja de São Pedro, conhecida como Mosteiro de Ferreira | ||||
Símbolos | ||||
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Localização | ||||
Localização de Ferreira em Portugal | ||||
Coordenadas | 41° 15′ 53″ N, 8° 20′ 56″ O | |||
Região | Norte | |||
Sub-região | Tâmega e Sousa | |||
Distrito | Porto | |||
Município | Paços de Ferreira | |||
Código | 130905 | |||
Administração | ||||
Tipo | Junta de freguesia | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 5,89 km² | |||
População total (2021) | 4 244 hab. | |||
Densidade | 720,5 hab./km² |
Foi couto e concelho (1801), da comarca e diocese do Porto[3], o que justifica as quatro Torres no seu brasão.
História
editarA freguesia de Ferreira atesta um período fundamental na história cultural do Concelho de Paços de Ferreira, aquela em que os emigrantes povoadores vindos do Norte Asturiano e também da zona do Mondego, fugidos a Almançor, aqui encontraram terras férteis e relativamente livres onde refazer um habitat rural que por definitivo marcou o futuro da região. O topónimo Ferreira é vagamente citada quando, em meados do séc. X, Mumadona fez doação ao Mosteiro de Guimarães de terás “in ferreira”, onde, referindo-se a Gondosindi (atual Raimonda) teria também uma “eclesia vucabulo sancto petro”, na Diocese de Braga. É de crer que já existia, também um S. Pedro em Ferreira, na Diocese do Porto. Poderá, no entanto, ser o Mosteiro da Vila de Ferreira, entregue posteriormente à Ordem dos Agostinhos e que atualmente faz parte da Rota do Românico. Posteriormente, parte pelo menos do que é hoje Ferreira, foi incorporada na mitra episcopal do Porto, para renda de cónegos (1195).
D. Manuel I concedeu carta constitutiva de foral a "Terra de Ferreira", em 1514, sendo que este foral apenas refere territórios que então pertenciam à Diocese de Braga: Lustosa, Raimonda, Figueiró, Lamoso e Sanfins de Ferreira. Em 1258, e pelas “Inquirições”, Ferreira é dita terra de militares – entenda-se aqui o termo “militares” como querendo significar alguém da classe dos cavaleiros. Ao Mosteiro de Ferreira pertenciam muitos bens, sendo de significativa importância a posse de S. Tiago de Modelos e de Santiago da Serra. Santiago de Modelos controlaria o acesso ao Mosteiro, para quem vinha do Porto, e Santiago da Serra controlaria o acesso a quem vinha de Penafiel. Tendo o Mosteiro de S. Pedro como ponto de encontro, será de incluir a hipótese deste Mosteiro se encontrar na rota dos Caminhos de Santiago, tanto mais que, seguindo por S. Domingos, passa a Santiago de Carvalhosa, Santiago de Figueiró, Santiago de Lustosa e se chega à ponte do Rio Vizela. O mosteiro foi por certo extinto e, como pertença de cónegos, passou a Colegiada. Parte ou partes das suas propriedades devem, entretanto, ter continuado na posse de gentes nobres da região – infanções e cavaleiros -, pois em 1302, uma tal D. Berengária Alves fez doação de uma importante fortuna ao bispado do Porto, na qual incluía “os seus casais, quintas, lugares e rendimentos”, que tinha no mosteiro. A ligação definitiva à mitra do Porto foi confirmada “in perpetuum” por bula papal de 1475, incluindo Igreja, Mosteiro e Couto, com inerentes propriedades.
Em 1549, João de Barros, na sua “Geografia”, escreveu que “acima de Lordelo está o Mosteiro de Ferreira que há pouco se anexou e é casa e Mosteiro nobre, que tem raçoeiros e tem cada um trinta mil réis e valerá por tudo quinhentos mil réis”. O Couto de Ferreira é sempre identificado como isento de mordomo e autoridade régia nas documentações da inquirição. Dele se diz que foi estabelecido por padrões. Compreendia não só a freguesia de S. Pedro com o seu mosteiro, assim como muitos casais espalhados por uma vasta área da Chã de Ferreira. S. Martinho de Frazão fazia a excepção, ao pertencer ao julgado de Refojos, enquanto quase todo o actual Concelho de Paços de Ferreira pertencia ao julgado de Aguiar de Sousa. Na sua vasta zona de influência (que chegou a terras de Santa Maria da Feira, por via da Igreja de Válega), o mosteiro foi certamente responsável por algumas inovações tecnológicas e pelo incremento da produção agrícola. Difundiu instrumentos novos de ferro e o moinho hidráulico. Isto permitia desbravar cada vez mais terras e aproveitar com maior rendibilidade a mão-de-obra. Nas terras englobadas, aumentou seguramente a produção agrícola e o comércio dos produtos para a grande cidade do Porto. Ora, é justamente num período de desafogo económico que se inicia a construção do templo actual. A construção foi rápida, é homogénea e, aparentemente, nada se poupou em técnicas, materiais e grandes mestres de renome.
Ferreira em 1801 era uma freguesia e sede de concelho[3].
Demografia
editarA população registada nos censos foi:[2]
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Distribuição da População por Grupos Etários[5] | ||||
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Ano | 0-14 Anos | 15-24 Anos | 25-64 Anos | > 65 Anos |
2001 | 998 | 609 | 2163 | 315 |
2011 | 836 | 657 | 2418 | 430 |
2021 | 594 | 579 | 2483 | 588 |
Património
editarReferências
- ↑ «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013
- ↑ a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos»
- ↑ a b Sousa, Fernando de (1979). «A população portuguesa nos inícios do século XIX». Consultado em 1 de dezembro de 2018
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022