Ferritina
A ferritina é uma proteína globular que se localiza essencialmente no fígado. A ferritina é a mais importante proteína de reserva do ferro e é encontrada em todas as células, especialmente naquelas envolvidas na síntese de compostos férricos e no metabolismo e na reserva do ferro. Ferritina livre, isto é, sem estar combinada com o íon ferro é chamada de apoferritina. Foi descoberta por V. Laufberger em 1934.
Descrição
editarA ferritina é uma macromolécula de peso molecular igual a 600.000 Dalton e formada por uma fração polipeptídica (apoferritina), no interior da qual são encontrados até 4.000 átomos de ferro. Em condições normais, isso pode representar 25% do ferro total encontrado no corpo. Além disso, a ferritina pode ser encontrada sob a forma de vários isômeros.
Presente em todas as células, especialmente naquelas envolvidas na síntese de compostos que contêm ferro (precursores eritroides) e no metabolismo e reserva do ferro (hepatócitos e macrófagos). A ferritina pode ser encontrada sob a forma de depósitos intracitoplasmáticos, inclusões lisossômicas ou como aglomerados visíveis ao microscópio (hemossiderina).
O ferro da ferritina é facilmente mobilizável quando o organismo dele necessita. A ferritina circulante reflete diretamente o nível de ferro estocado no organismo, sendo um dos parâmetros mais importantes para diagnóstico diferencial da anemia ferropriva, detecção do excesso de ferro e avaliação do estado férrico.
Função
editarA função primária da Ferritina é de acumular o ferro intracelular protegendo a célula dos efeitos tóxicos do metal livre constituindo uma reserva de ferro rapidamente mobilizável. A maior parte da Ferritina no organismo encontra-se no fígado e nas células do sistema retículo endotelial do fígado, baço e medula óssea, quantidades menores encontram-se no coração, no pâncreas e nos rins. Pequenas, mas significativas quantidades de Ferritina encontram-se no soro humano.
Dosagem de ferritina
editarA ferritina só é dosada quando está ligada ao ferro. Seu valor normal no sangue varia de 10 a 80 µg /l. Um grama de ferritina pode estocar até 8 mg de ferro. A ferritina é uma proteína de estocagem que sequestra o ferro e pode transformar o ferro bivalente em ferro trivalente ativo. A ferritina, uma proteína da maior importância no armazenamento de ferro, normalmente aparece em pequenas quantidades no soro. Em adultos sadios, os níveis séricos de ferritina são diretamente relacionados à quantidade de ferro disponível armazenado no corpo e pode ser medida, com precisão, por radioimunoensaio.
Elevação da ferritina
editarPor fazer parte do grupo de proteínas de fase aguda, a ferritina se eleva em resposta a infecções, traumatismos e inflamações agudas.
Seus níveis podem elevar-se no excesso de ferro, em pacientes transfundidos e em neoplasias, especialmente nas leucemias e linfomas e nos carcinomas de mama, fígado, pulmão, cólon e próstata. E em casos de hemocromatose.
A ferritina também está muito elevada na Doença de Still do Adulto (DSA). A hiperferritinemia pode ser utilizada como marcador da DSA, com especificidade razoável, pois está elevada para valores muito altos (acima de 1.000 µg /l) em mais de 70% dos casos, sendo que o mesmo geralmente não ocorrem em outras desordens inflamatórias. A ferritina também fica bastante elevada em casos de Linfo-histiocitose hemofagocítica.
A obesidade e síndrome metabólica são reconhecidamente doenças que cursam com aumento da atividade inflamatória no organismo, por isso é comum que tais pacientes tenham aumento da ferritina em seus exames.[1][2]
Eleva-se também nas anemias hemolíticas e sideroblásticas e nas lesões hepáticas, especialmente as lesões alcoólicas. Cerca de 25% dos pacientes com hepatite crônica têm aumento da ferritina. Os níveis séricos de ferritina são caracteristicamente normais ou ligeiramente elevados em pacientes com doença renal crônica.
Diminuição da ferritina
editarA carência de ferro pode ser devida a perdas excessivas (hemorragias digestivas, hemorroidas , ulcerações digestivas, regras abundantes); à má absorção (diarreias, gastrectomia). O défice de ferro ocasiona uma diminuição das defesas imunitárias e, portanto, de um lado, uma menor resistência às infecções, e de outro, um risco adicional de câncer por esta menor resistência,além de alteração das estruturas epiteliais.
Valores de Ferritina inferiores ao valor normal indicam, com certeza, carência de ferro e permitem o diagnóstico diferencial entre anemia ferropriva (da carência de ferro) e anemias devidas a outras causas.
Défice de ferro
editarO défice de ferro processa-se no organismo em três estágios:
- Primeiro estágio: ocorre diminuição da ferritina sérica, elemento do sangue que está diretamente relacionado com as reservas de ferro.
- Segundo estágio: a diminuição fica por conta da concentração de ferro sérico e aumento da capacidade de ligação do ferro.
- Terceiro estágio: restrição da síntese de hemoglobina, instalando-se a Anemia.
O valor da Ferritina Sérica pode ter aumento de duas a quatro vezes na presença de infecções e processos inflamatórios, o que faz diminuir o seu valor diagnóstico.
Referências
- ↑ Vieira, Dra Suzana (17 de outubro de 2015). «Ferritina alta: quando se preocupar?». Dra. Suzana Vieira - Endocrinologista. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ Practitioners, The Royal Australian College of General. «RACGP - Elevated serum ferritin – what should GPs know?». www.racgp.org.au (em inglês). Consultado em 2 de junho de 2019