Flávio Viegas Amoreira

Flávio Viegas Amoreira é escritor, poeta, contista e crítico literário. O escritor é uma das vozes mais destacadas da nova literatura brasileira surgida na virada do século com a chamada "Geração 00". Utiliza forte experimentação formal e inovação de conteúdos, alternando gêneros diversos em sintaxe fragmentada.[1]

Flávio Viegas Amoreira charte=écrivain
Biografia
Nascimento
Nome nativo
Flávio Viegas Amoreira
Cidadania
Atividade
Outras informações
Movimento
Pós-moderno
Influências
'Magnum opus'
Edoardo, o Ele de nós (7Letras)

Biografia

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Flávio Viegas Amoreira, nascido em Santos em 1965, é escritor, poeta, contista, romancista, dramaturgo e jornalista. Ao longo de sua carreira, foi parceiro estético de importantes compositores, como Gilberto Mendes e Livio Tragtenberg, com quem desenvolveu projetos de integração entre literatura e música. Em 2022, por ocasião do centenário de Gilberto Mendes, o escritor publicou uma biografia em homenagem ao músico e maestro santista.[2] [3] [4] Ativo como agitador cultural, desenvolve projetos em São Paulo, Rio de Janeiro e no Litoral Paulista, promovendo discussões sobre artes de vanguarda, saraus poéticos e oficinas de criação literária.

Sua produção literária inclui 14 livros, entre eles Maralto, A Biblioteca Submergida, Contogramas, Escorbuto, Cantos da Costa, Edoardo, o Ele de Nós, Oceano Cais, Desaforismos e Pessoa doutra margem. Amoreira também participou de diversas antologias de poesia e conto, incluindo Geração Zero Zero, que reúne escritores inovadores lançados na primeira década do século XXI, organizada pelo crítico Nelson de Oliveira.[5]

No teatro, além de atuar como dramaturgo, concedeu uma polêmica entrevista ao diretor Antônio Abujamra no programa Provocações, da TV Cultura, onde discutiu temas relevantes para a literatura e a cultura brasileira. Seu engajamento nas universidades, nas revistas, nas redes sociais e na criação de arte digital destaca-se, reafirmando-o como uma das figuras mais dinâmicas da Novíssima Literatura Brasileira.[6]

Flávio Viegas Amoreira é associado ao movimento cultural santista que surgiu no final dos anos 70 e início dos anos 80, período marcado por desafios na cena artística e política pós-abertura do regime militar. Seu trabalho é caracterizado por uma profunda ligação com a geografia de Santos, cidade que inspira sua poesia e sua crítica social, frequentemente permeada por metáforas marítimas e um olhar atento às transformações culturais. Ao longo de sua carreira, Amoreira também atuou como professor em oficinas literárias.[7] Em 2024, Flávio Viegas Amoreira foi eleito para a Academia Santista de Letras (ASL), ocupando a cadeira 25, cujo patrono é o poeta Vicente de Carvalho, consolidando sua influência no cenário literário.[8]

Crítica literária

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O crítico literário norte-americano e professor da Universidade da Flórida Charles Perrone, em seu livro Brazil, Lyric, and the Americas, analisa a obra Escorbuto: Cantos da Costa, de Flávio Viegas Amoreira. Perrone destaca o caráter pós-moderno e experimental do autor, descrevendo-o como "um escritor pós-moderno delirante que se apropria de quaisquer e todas as fontes, cuja consciência difusa gera densos fluxos de palavras e imagens de fenômenos culturais marcantes, alguns dos quais emergem à superfície para maior exposição ou proposição." [9]

A crítica literária e professora da USP Aurora Bernardini analisou o livro Apesar de Você, Eu Conto, de Flávio Viegas Amoreira, destacando sua inovação em termos de "escritura internética". Segundo Bernardini, a obra, composta por 52 minicontos de “palavras em liberdade”, apresenta características persistentes na obra de Moreira, como a supressão da pontuação, violação da ortografia, verbos no infinitivo e vastas analogias. [10]

O professor da USP Mario Tommaso Pugliese Filho analisou o livro Edoardo, o Ele de Nós (Editora 7Letras), de Flávio Viegas Amoreira, destacando sua complexidade narrativa e temática. Segundo Pugliese, a obra explora a relação homossexual sob uma perspectiva que contrapõe o “ser”, entendido como uma união metafísica e essencial do encontro amoroso, ao “ficar”, conceito contingente associado ao descompromisso erótico. O autor utiliza a fisicalidade como um meio de ironizar a ideia metafísica, sugerindo trocadilhos de duplo sentido. [11]

  • Maralto (7Letras, 2002);
  • A Biblioteca Submergida (7Letras, 2003);
  • Contogramas (7Letras, 2004);
  • Escorbuto, cantos da costa, (7Letras, 2005)
  • Edoardo, o Ele de Nós (2007),
  • Os contornos da serra são adeuses do oceano ao cais (Dulcineia Catadora, 2007)
  • Sampoema (Ateliê Acaia, 2008)
  • Clarice Lispector: roteiro do insondável
  • Desaforismos & Tramas de Metrô (Kazuá, 2015)
  • O Vazio Refletido na Luz do Nada (Kazuá, 2015)
  • Whitman Meu Brother (Imaginário Coletivo, 2019)
  • Pessoa doutra margem (Imaginário Coletivo, 2019)
  • Gilberto Mendes: Notas biográficas (2021)
  • Apesar de você, eu conto (Kotter, 2022)
  • Whitman e Pessoa, meus camaradas (Kotter, 2023)
  • Des Casulo (Costelas Felinas, 2024)
  • Vicente de Carvalho redescoberto (Costelas Felinas, 2024)[12]

Referências

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