Forte de Nossa Senhora da Piedade de Solor
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O Forte de Nossa Senhora da Piedade de Solor, também referido como Fortaleza de Solor, localiza-se na ilha de Solor, no arquipélago das Pequenas Ilhas da Sonda, na Indonésia.
História
editarA partir de 1520 os Portugueses estabeleceram uma feitoria na povoação costeira de Lemakera, no extremo leste da ilha de Solor, principal entreposto do sândalo proveniente de Timor e escala na navegação entre as Molucas e Malaca. [carece de fontes]
Por volta de 1562, quatro missionários dominicanos vindos de Malaca no anterior, ao estabelecerem uma Missão próximo a Lawayong, a oeste de Lamakera, ergueram uma tranqueira em madeira (troncos de palmeira) para se protegerem dos ataques dos nativos islamizados, hostis aos portugueses e à sua religião. No ano seguinte, esta defesa foi incendiada durante um ataque, vindo a ser reconstruída. Por sua precariedade, oferecendo parca defesa aos cristãos na ilha, e tendo estado, pelo menos em uma vez, na iminência de cair em poder dos javaneses, frei António da Cruz decidiu substituí-la por uma obra de pedra e cal. As obras terão sido iniciadas em 1566.
Em 1585, no contexto da Dinastia Filipina, seguindo instruções régias, o vice-rei da Índia evocou à sua jurisdição a Fortaleza de Solor, construída e guarnecida pelos Dominicanos.[1]
Por volta de 1590 o número de Portugueses e da população cristã na ilha elevava-se a 25.000 almas. Os choques entre as populações islâmica e cristã continuavam, sendo necessário, por exemplo, em 1598-1599, a intervenção de uma armada com 90 navios para controlar uma revolta na ilha.[2]
A esta altura também se registavam choques entre os religiosos e os comerciantes portugueses, de modo a que estes últimos abandonaram a ilha e estabeleceram-se em Larantuka na ilha das Flores.
A 27 de janeiro de 1613, uma armada da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais (VOC), surgiu diante de Solor. No forte encontravam-se 30 portugueses e mil nativos sob o comando do capitão Manuel Álvares. Após um assédio de três meses, o forte caiu a 18 de abril de 1613.
Os Neerlandeses mantiveram o forte, renomeando-o como Fort Henricus, mas não lograram obter lucros, dada a proximidade do porto Português. Após a deserção de dois comandantes para o lado Português, desistem de Solor (1629). O abandono do forte levou à sua reocupação pelos Dominicanos, sob comando de frei Miguel Rangel.
Em 1636, um novo ataque Neerlandês faz desembarcar cerca de 200 arcabuzeiros que, após algumas semanas ocupam o forte e expulsam da ilha os Dominicanos. Neste momento, os portugueses passam a concentrar os seus recursos na criação de um estabelecimento em Timor, ilha de onde provinha a madeira de sândalo, principal riqueza da região e razão pela qual se haviam fixado em Solor.
Em 1646 os Neerlandeses ocuparam o forte novamente. O primeiro dos novos comandantes foi suspenso, porque ter desposado uma mulher indígena. O segundo comandante desafiou o comandante Português para um duelo e foi morto. Em 1648 os Neerlandeses abandonam uma vez mais o forte e os dominicanos retornam.[3]
Em nossos dias os remanescentes do forte encontram-se cobertos pela vegetação, e a população ergueu as suas casas sobre as antigas fundações. Algumas paredes ainda se encontram de pé e, na antiga entrada, jazem por terra duas peças de artilharia abandonadas.
Características
editarA fortificação foi erguida sobre uma elevação escarpada, dominando um ancoradouro capaz de receber navios de alto bordo. De planta quadrangular contava com três baluartes voltados para o lado do mar e dois para o lado de terra, dada a hostilidade das populações semi-islamizadas da ilha, hostis aos portugueses. Tendo sido erguida por religiosos, compreendia dependências para dormitório dos mesmos e uma igreja, sob a invocação de Nossa Senhora da Piedade. O capitão, que desde 1585 passou a ser nomeado pela Coroa, residia num dos torreões com porta para o exterior.
Notas
- ↑ Observe-se que, António Bocarro, seguindo Diogo do Couto, afirma, incorrectamente, que a Fortaleza de Solor foi mandada erguer pelo governador do Estado Português da Índia, Manuel de Sousa Coutinho, em 1588.
- ↑ Ricklefs, M. C. (1991). A History of Modern Indonesia Since c.1300, 2nd Edition. London: MacMillan. p. 25. ISBN 0-333-57689-6
- ↑ Daus, Ronald (1983). Die Erfindung des Kolonialismus. Wuppertal: Hammer. pp. 325–327. ISBN 3-87294-202-6